Com um grupo de participantes cuja característica principal é a "brasilidade", segundo o apresentador Pedro Bial, estreou na última terça-feira (20) a décima quinta edição do "Big Brother Brasil" (Globo).

Com ares de superprodução, e uma embalagem totalmente repaginada, o reality show que andou demonstrando ares de forte cansaço em sua última edição apostou numa apresentação em vídeo que valorizou a abertura e aproximou o espectador de cada candidato, e num visual alegre e elegante – inclusive na bela camisa do próprio Bial.

Quanto ao "brothers", um time realmente bastante diversificado, tanto no estilo quanto nas origens. Desde o jovem "gato gaúcho", o ex-jogador de futebol Rafael, 21, até a madura e simpática pernambucana professora de artes Mariza (51) – uma grande variedade de tipos foram escolhidos com a ideia de alguém que 'poderia ser seu vizinho', como ressaltou o apresentador.

Tem figuras pitorescas, como o escritor mineiro Adrilles, 40, que nunca teve uma namorada firme, mas confessa não ser gay – apenas ter sequelas por ter sido criado pela avó. O estudante de direito paranaense Cézar, 30, caipira de carteirinha, que confidenciou que há três anos não beija na boca. "Você devia então ser padre!", foi o que sugeriu o seu conterrâneo e agora colega de reality, o teólogo Marco, 35.

Se a princípio a comunidade LGBT não está marcando presença desta vez, em contrapartida a raça negra está muito bem representada: o motoboy paulistano Douglas, 29, que já tomou nu o seu primeiro banho na casa; o gerente operacional carioca Luan (23), cheio de swing; o descolado produtor cultural também carioca Fernando, 32, e a sorridente auxiliar de enfermagem paulista Angélica, 33. Importante ressaltar que em edições anteriores alguns espectadores chegaram a chamar a atenção para o fato de não haver quase participantes negros.

Completam a turma dos primeiros 13 brothers, a aeromoça goiana Talita, 22 – que já fez sucesso de biquíni na piscina da casa; a dentista paulistana Tamires, 24; a empresária Amanda, 28, que confessou não trocar São Paulo por lugar nenhum; e a conciliadora criminal gaúcha Francieli, 36, que ama muito o seu cão Zé Linguinha e parece estar em vias de perder o emprego por ter usado a sua sala de trabalho para gravar um depoimento para o reality.

Se o público vai se identificar mais com essa "gente como a gente", só o Ibope dirá. Mas traz um certo conforto não ter só aquela turma de aspirantes a "modelos e atrizes" siliconadas e tantos "mister músculos" reunidos. Beleza e juventude são sempre um colírio para os olhos, é inegável. Mas por que não resgatar uma das principais máximas de Saint-Exupéry, em "O Pequeno Príncipe": "o essencial é invisível para os olhos"?!

Falando em "Pequeno Príncipe", há que se notar que não há, que se saiba, nenhuma miss no "BBB15". Sinceramente, uma rainha da beleza não faria nada mal. Isso me faz lembrar de uma figura que entrou tardiamente, mas encantou o "BBB11": Adriana Sant'Anna, a bela e elegante Miss Campos dos Goytacazes 2011.

Como não poderia deixar de ser, o primeiro encontro dos "brothers" foi festivo e cheio de sorrisos. Já, já ouviremos a ladainha mais do que conhecida de que "estou votando nele(a) por falta de afinidade". É o bom e velho "BBB" embrulhado para presente. Ame-o ou deixe-o.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"