Renato Kramer

Glória Pires encerra com chave de ouro a série "Damas da TV" do canal Viva

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A mais jovem das 23 atrizes homenageadas na série "Damas da TV" (Viva), Glória Pires, que nasceu no ano em que a novela diária estreou na televisão, deu o seu depoimento nesta quarta-feira (29).

"Sem dúvida nenhuma é uma coisa muito simbólica, né?", comentou Glorinha sobre a coincidência do fato. "Porque eu fiz a minha vida toda na televisão", explicou, "comecei muito cedo (5 anos) e até hoje (aos 50) ainda tenho muito prazer em trabalhar na TV".

Mas o começo foi muito sofrido, confessa a atriz. "Eu sofria muito, tinha um senso de responsabilidade muito grande", declara Glória. "Tinha medo de errar, de ser chamada a atenção", confessa a melhor atriz de sua geração. "Até os 14 anos foi muito sofrido", acrescenta.

O primeiro trabalho, aos 5 anos de idade, foi a abertura da novela "A Pequena Órfã" (TV Excelsior - 1967). "Talvez pelo nervosismo, ou pelo calor das luzes, eu tive hemorragia nasal", comenta a atriz. "Voltei apenas no final, em voz off" — fazendo a parte da protagonista Patricia Ayres, que precisara se afastar.

Já a primeira participação na então TV Globo foi em um "Caso Especial", em 1972, ao lado de Francisco Cuoco e Regina Duarte. No mesmo ano, e com a mesma dupla de estrelas, Glorinha participou do grande sucesso "Selva de Pedra". "Eu fazia uma garotinha (Fátima) que morava na pensão da Fanny (Heloísa Helena).

Crédito: Divulgação Gloria Pires no programa "Damas da TV", do canal Viva
Gloria Pires no programa "Damas da TV", do canal Viva

"A escola que eu tive foi meu pai", confidencia a atriz. Antônio Carlos Pires (1927 - 2005), o Joselino Barbacena da "Escolinha do Professor Raimundo" (Globo) era, segundo Glória, um ator autodidata e muito criterioso. "Foi assistindo o meu pai, observando o processo de criação dos seus personagens, que eu resolvi seguir a carreira. Foi com ele que eu descobri o prazer de criar, de buscar os detalhes de uma personagem", acrescentou a filha de Antônio Carlos.

"Em "Duas Vidas" (1977) eu já tinha uma personagem (Letícia) bacana", conta Glorinha, "mas "Dancin' Days" (1978) foi um verdadeiro divisor de águas para mim. Foi uma maravilha! É uma das novelas que eu mais gosto", confessou a atriz. Na novela, que marcou época, Glória fez Marisa Matos, a filha rebelde da ex-presidiária Júlia Matos (Sônia Braga).

"Quando as pessoas falam do meu modo de interpretar econômico – que virou um estilo, nada mais era do que pura timidez", confessa uma das maiores atrizes da televisão brasileira. "Eu sempre vivi da televisão. Eu não sei, por exemplo, o que é viver de fazer teatro, cinema – que veio bem depois", comenta Glória.

Em 1979 foi a vez de protagonizar "Cabocla", que foi um grande desafio para a atriz: "Era uma personagem que não tinha nada a ver comigo", confessa ela. Em seguida veio a Sandra Fragonard de "Água Viva" (1980). "Quando eu me via era um sofrimento", confidencia Glorinha, "porque eu não gostava do que via. O que eu dava conta de fazer não representava o que eu achava que podia fazer", conclui.

"Foi um prazer fazer aquele texto, fazer aquelas cenas...muitas com a Regina Duarte", relembra Glória Pires sobre a sua atuação esplêndida como Maria de Fátima em "Vale Tudo" (1988). "Eu devo ter feito alguma coisa certa em outra vida porque eu só recebo presentes!", observa Glorinha.

"Mulheres de Areia" (1993) foi um 'tour de force'", desabafou Glória. "Porque eram dois personagens (as gêmeas Ruth e Raquel), porque a minha filha Antônia estava com três meses...mas que maravilha poder fazer isso! Uma novela de Ivani Ribeiro – aquela estrutura de novela que nós que somos mais antigos fomos criados assistindo", declara a atriz.

No remake de "Anjo Mau" (1997), Glorinha viveu a babá Nice, que tanto marcara a carreira de Susana Vieira na primeira versão (1976). Em 2005 teve início a sua parceria com o autor Silvio de Abreu, em "Belíssima" como Júlia Falcão. Mais tarde voltou a trabalhar com Gilberto Braga em "Insensato Coração" (2011), vivendo a surpreendente Norma Pimentel, depois retornando a Silvio para dar vida à romântica Roberta, do remake de "Guerra dos Sexos" (2012).

"Eu sempre falo que eu tive tanta sorte, porque além de ter sido chamada para os papéis mais incríveis, para os projetos mais bacanas, eu tive a oportunidade de trabalhar com todo o mundo que eu admirava", encerrou a "dama da TV" Glória Pires.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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