Roupa preta, barulho e segredos revelados: como vivi uma noite dentro da casa do BBB 24
Coluna entra no programa em andamento e mostra detalhes e bastidores inéditos do reality
O que vocês lerão aqui será um relato inédito e feito apenas com lembranças do que meus olhos viram. Nunca um jornalista havia entrado na casa do BBB 24 durante a realização do programa. A primeira vez aconteceu dias atrás, quando tive uma noite de produtor do reality show mais visto do país.
A noite acertada foi a última quarta (27), data da última festa do líder, feita para Giovanna Lima. Desde o início, noto uma grande preocupação com segurança. O primeiro pedido foi para que eu fosse com roupas mais escuras e camisa pretas. Logo, logo, eu saberia o motivo.
Chego nos Estúdios Globo, no Rio de Janeiro, por volta das 20h15. Diferente de outras vezes que fui ao local, para pautas diversas, estava sem muita gente. Notei algumas pessoas vestidas justamente com a cor da camisa que eu vestia.
Pouco depois, sou recepcionado pela equipe de comunicação da emissora. É hora de entrar no até agora impenetrável Big Brother Brasil enquanto o jogo se desenrola.
Primeiro, conheço os estúdios do Mesacast, programa do BBB 24 exibido no Multishow e no Globoplay, que recebe influenciadores para comentar o reality. É um estúdio menor, em um espaço ao lado, mas separado de toda a estrutura do BBB 24.
Ao entrar no ambiente mais próximo à casa, sou informado que existe uma liberação específica para quem entra no espaço que envolve o reality show. Só passa de um determinado ponto quem tem OK prévio para estar ali. E essa regra vale também para funcionários da Globo. Celular? Só com autorização da produção. O meu fica do lado de fora.
O que mais notei nos bastidores do BBB 24 foi o medo de vazamentos ou interferências externas. Por volta das 21h, entro na casa pela primeira vez. Aqui, conheço a área externa do programa. Mas o que vejo é um caos organizado. Uns 90 funcionários estão cuidado da decoração da festa de Giovanna.
Uma música muito alta toca fora e dentro da casa. O motivo é explicado por Fabiano França, principal responsável pela produção de montagem da festa, e que já está em seu segundo ano no BBB. "Todo o barulho é abafado pela música", afirma. E haja barulho. É martelo, homens andando com peças para lá e para cá.
Sou orientado também a não ficar tão perto da porta de entrada. Mesmo com a música bem alta, se eu falar alto, alguém pode ouvir lá dentro. Logo em seguida, conheço Vanessa Rabello, diretora que também era responsável pela balada em homenagem a Giovanna.
A festa da última quarta (27) foi mais simples, e segundo ela, montada em 18 dias --um tempo recorde para a temporada. Festas de marcas patrocinadoras costumam ser planejadas por mais tempo. "Demora cerca de um mês", afirma.
Uma equipe de figurino fica à disposição do programa para alguma necessidade, como aconteceu na quarta, já que pelo tema, todos tiveram que ter figurinos específicos. "Se a gente pedir, uma roupa fica pronta em 24 horas, no máximo", revela Fabiano.
Conheço também um outro segredo: o varal. Ele fica na parte de cima da casa, próximo à piscina, na área externa. Ali, apenas um participante pode ir e ele tem que ficar calado. Não pode abrir a boca nem para falar sozinho.
Curto um pouco da experiência de estar lá dentro, aproveito os brinquedos da festa e trago fotos que vocês podem ver acima, na galeria. Saio da área externa com a festa já pronta, e vou para a sala de produção do programa. Lá, encontro Mariana Monaco, gerente de produção do BBB, e Rodrigo Dourado, diretor artístico da atração.
Conversamos um pouco sobre o que vi, e Dourado decide me dar um bônus: é hora de conhecer a nave-mãe. O diretor me apresenta toda a parte técnica do programa. Entro em uma sala de monitoramento, que gerencia os dois sinais disponíveis do Globoplay. É o que Dourado chama de "histórias".
O tempo todo, os diretores de TV e produtores que estão ali conversam entre si e tentam encontrar histórias do que acontece no programa nos mínimos detalhes. Logo em seguida, vou para uma terceira sala de monitoramento da direção.
Ali ao lado, uma funcionária está com um fone e concentrada no que está ouvindo. É a chamada logger, que nada mais é que uma profissional que anota palavras-chaves para a edição não perder nenhum detalhe na hora de selecionar imagens para o programa. Nessa função, profissionais se revezam a cada duas horas.
Ao todo, o programa tem no total dez ilhas de edição disponíveis para produzir conteúdo. Em outras funções, o revezamento de equipe 24 horas é de oito em oito horas. As vozes do além que os brothers ouvem de vez em quando na casa dando orientações ("Todos para a sala!") são desses nomes, não apenas de uma pessoa específica.
Rodrigo Dourado também me apresenta um espaço bem curioso: é em uma outra sala de monitoramento que Tadeu Schmidt narra as provas do anjo, e onde a psicóloga do programa atende os participantes.
Também passo a frente de uma outra sala de edição, que monta o programa que vai ao ar em TV aberta. Normalmente, a Globo fecha o programa cerca de 20 minutos antes dele ir ao ar. "Mas se precisar, nós recuperamos algo que tenha acontecido, como já aconteceu no desmaio da Alane", falou Dourado.
Os olhos atrás dos espelhos do BBB 24
Após o tour guiado por Dourado, é hora de entrar na casa para vê-los chegando à festa. Lembram do pedido que me fizeram para usar camisa preta? Pois bem: a camisa é escura por causa do trilho, um espaço de 360 graus que fica atrás dos espelhos escuros do programa.
Sou guiado aqui por um produtor, que é direto: qualquer reflexo de outra cor pode vazar na transmissão 24 horas. Quem está com roupas claras precisa colocar uma espécie de capa toda preta para entrar.
Também não são permitidas entradas de celulares, relógios ou colares que sejam da cor branca. O último passo para entrar na casa é um detector de metais, como aqueles que se usam em aeroportos. Tudo certo, é hora de entrar.
O trilho é escuro, como se fosse um túnel de metrô. Com uma lanterna, começo a andar por aquele espaço e olho para dentro da casa. Vejo Isabelle Nogueira e Davi Brito conversando, e a dupla Fernanda Bande e Giovanna Pitel rindo. Logo em seguida, todos são chamados para a sala. E eu estou ali, no vidro atrás deles, rindo e achando engraçado estar perto e longe dos participantes.
Quem trabalha no BBB curte e vê o programa ao seu modo. Ouvi preferências de participantes, risadas, comentários, como todo mundo faz nas redes sociais. Mas todos admitem: o segredo é a alma do negócio. O que se discute ali, precisa ficar ali.
A festa começa e tomo algumas percepções claras vendo com os meus olhos. Alane Dias é pessoalmente ainda mais bonita do que na TV. Fernanda parece viver na sua casa, não se importa com câmeras. O contrário precisa ser dito de Beatriz Reis: assim que vai para a área externa, ela procura a primeira câmera que vê para ficar na frente dela. É impressionante.
Davi Brito olha em "minha direção", no caso o espelho onde estava, e ri por algum motivo. Mas o que chama a atenção de todos é o tamanho do prato que montou para comer. Isabelle Nogueira parece deslocada do elenco. Fica sozinha brincando com os acessórios de academia.
23h30. É hora de ir embora. Saio da casa com a nítida impressão de entender, de uma vez por todas, a máquina que é o programa. Ao todo, são mais de 500 profissionais envolvidos em toda a produção, em todos os setores. O BBB 24 é mais uma edição de um reality em que a Globo mostra o tamanho que ainda tem.
Ao final deste relato, você deve ter notado uma situação: onde estão Tadeu Schmidt e Boninho, os rostos mais populares junto ao público? Aquela quarta era dia de programa gravado. Até quem trabalha em BBB precisa de folga. E depois de uma noite como produtor do programa, tinha chegado a minha vez de ir descansar.
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