Fiquei meia hora na casa do BBB 24, apertei o Botão da Desistência e fui o terror do Boninho
Jornalista é 'eliminado' durante visita à casa do reality show de maior audiência do país
Se você soubesse o que fazer: o que você faria? O questionamento de "Vida Real", música-tema do Big Brother Brasil desde sua estreia —e lá se vão mais de duas décadas e não sei quantos arranjos com a voz charmosamente rouca de Paulo Ricardo—, nunca deixou de ser atual.
Afinal, que brasileiro nunca se imaginou (por um microssegundo que seja) participando do reality show de maior audiência do país, capaz de fazer anônimos serem aclamados e famosos precisarem de gerenciamento de crise após um cancelamento massivo? Se estivesse sendo filmado 24 horas por dia, você estaria mais perto de que time? Pagaria pra ver?
Não precisei pagar, mas tive um gostinho da experiência na última quinta-feira (4), quando a Globo convidou um grupo de jornalistas a visitarem a tal "casa mais vigiada do país". A ideia era conhecer a nova decoração e depois participar de uma entrevista coletiva com o apresentador Tadeu Schmidt e com o diretor Rodrigo Dourado. Fui representando o F5.
O "confinamento" começa ao desembarcar do avião e encontrar colegas vindos de diversas partes do país na van disponibilizada pela emissora para nos levar aos Estúdios Globo, na zona oeste do Rio de Janeiro. Sem trânsito, o trajeto do aeroporto Santos Dumont, no centro, até lá ficou curto para tanta especulação sobre quem deveriam ser os participantes do BBB 24 —os 18 primeiros nomes só seriam confirmados na sexta-feira (5).
Chegar ao Projac (sim, sou desse tempo, me deixa) é sempre um mergulho curioso, você pode encontrar a Fernanda Montenegro passando o crachá ou um grupo de adolescentes na porta esperando para ver alguma estrelinha jovem da vez; depende da sorte. E mente quem disser que não se sente um pouco circulando no carrinho elétrico (daqueles usados em campo de golf) para atalhar as longas distâncias lá dentro.
A "casa" fica ali mesmo, atrás de vários estúdios de novelas e prédios usados para abrigar a estrutura artística e administrativa da emissora. Por fora, zero luxo, zero glamour. Só um tanto de tapumes que em nada indicam que ali dentro rola um dos maiores faturamentos da emissora.
Antes de entrar, uma surpresa: o diretor de núcleo Boninho, quase uma entidade do programa, está ali para dar as boas-vindas. "Só não pode gritar uhuuu", diz. Brinco dando meia volta e fazendo que vou embora, porque de que adianta entrar na casa do BBB se não é para ter a experiência completa, né? "Tá bom, pode, pode", resigna-se o Big Boss.
E aí você passa por um túnel escuro, cheio de fios e equipamentos, e de repente está na área externa, palco de tantos tretas, gritarias e confusões. Saio apertando todos os botões ao lado das portas, pois, sim, sou ansioso, mas elas só se abrem depois de um sinal sonoro avisar que "a casa está liberada".
Lá dentro, viro um arquiteto visitando uma Casa Cor: abro todas as portas, confiro todos os quartos (eu escolheria o com decoração de fadas!), penso em como aquele banheiro vai ser suficiente para 26 pessoas e vejo o que tem nos armários e até na geladeira. Sem contar muito com a minha memória (já fui apresentado quatro vezes para a mesma pessoa), saio anotando todos os detalhes no caderninho, já que o celular teve que ser deixado do lado de fora.
E então chego na sala, onde, entre o telão em que o apresentador se comunica com os participantes e o confessionário, fica o Botão da Desistência (sim, aquele usado por Tiago Abravanel e Bruno Gaga nas edições mais recentes). Quem o aperta está renunciando ao "privilégio" de ter sido escolhido para estar ali. Só quer vazar.
Vale dizer que ele não pode ser usado a qualquer momento. O botão fica dentro de uma espécie de cofre redondo de vidro, circulado por uma luz que fica vermelha (quando está travado) ou verde (quando se aplica o dito "a porta da rua é serventia da casa").
Sem limites para a exploração, vejo que a luz está verde. Giro uma pequena maçaneta que abre a porta de vidro e aperto o tal do botão. Uma sirene altíssima começa a soar. As luzes começam a piscar (ok, essa parte talvez tenha sido só na minha cabeça). Todos os olhares se voltam para mim. "Por que você fez isso?", pergunta uma colega. "Estava com saudades da família", improviso.
"A gente lá no switcher vibrou: 'Esse aí é curioso!'", conta o diretor Rodrigo Dourado ao final da visita, que durou ao todo cerca de meia hora. "A gente quebrou o seu galho porque você ia ser expulso. O Boninho queria entrar para te tirar (risos)."
Então é isso, fiquei meia hora no BBB e, tal qual Manu Gavassi, virei o terror do Boninho. Já posso dizer que fui eliminado, mas pelo menos gerei entretenimento.
O jornalista viajou a convite da Globo
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