Record vai expor suposto 'golpe do Pix' que aconteceu na própria emissora no Domingo Espetacular
TV de Edir Macedo exibirá na edição deste fim de semana o caso de Marcelo Castro, hoje na TV Aratu/SBT; jornalista é acusado de desviar doações feitas para pessoas pobres
A Record exibirá neste domingo (25) uma reportagem expondo o caso do apresentador Marcelo Castro, hoje na TV Aratu/SBT; e do editor-chefe Jamerson Oliveira. Eles são acusados de usarem a estrutura da emissora para desviar dinheiro de doações feitas para pessoas que tiveram seus dramas exibidos no Balanço Geral Bahia.
O material será mostrado no Domingo Espetacular, comandado por Sergio Aguiar e Carolina Ferraz. A sua duração prevista é de 12 minutos. O caso ocorreu entre 2022 e 2023 e, segundo a denúncia, foram desviados mais de R$ 500 mil.
Somente nesta semana, a Justiça aceitou denúncia do Ministério Público da Bahia e retirou o sigilo do processo. A equipe da Record está em Salvador (BA) para entrevistar prejudicados no esquema.
A reportagem também terá a presença de executivos da emissora, que vão detalhar pela primeira vez como foi a investigação interna feita pela empresa e que optou pela demissão de Marcelo Castro e Jamerson Oliveira da Record no ano passado.
A defesa dos acusados diz que eles não irão se pronunciar no momento. Eles respondem pelas acusações de formação de organização criminosa e apropriação irregular, segundo a Justiça. Na quinta (22), o MP-BA pediu o bloqueio de bens de Marcelo e Jamerson.
O grupo arrecadava as doações e destinava às vítimas a menor parte do volume arrecadado por meio de chaves Pix exibidas na tela do programa da Record.
Após cada programa, os valores arrecadados eram distribuídos a partir das contas que recepcionavam as doações, por seus respectivos titulares, e conforme as orientações dos líderes do grupo, que ficavam com a maior parte do dinheiro.
Ainda de acordo com as investigações, os denunciados, para ocultar a origem ilícita dos valores apropriados das doações que se destinavam às vítimas, realizaram diversas movimentações fragmentadas e atípicas, as quais configuram o crime de lavagem e ocultação de valores.
Em apenas um dos casos exibidos no programa foi arrecadado com as doações um total de R$ 64,1 mil, sendo que os integrantes do grupo criminoso se apropriaram, segundo o Ministério Público, de R$ 57,5 mil, e repassaram àqueles que tiveram seu drama exposto na TV o valor de R$ 6,5 mil.
O suposto esquema foi descoberto em março de 2023, após o jogador de futebol baiano Anderson Talisca, atualmente no Al-Nassr, decidir fazer uma doação de R$ 70 mil após assistir uma reportagem. O dinheiro seria doado para a família do menino Guilherme, de 1 ano, que fazia um tratamento de câncer e precisava de dinheiro para comprar um medicamento para tratamento dos tumores.
Em contato com Marcelo Castro, contudo, um assessor do jogador constatou que o número do Pix repassado para doação –que pertencia a uma pessoa da família da criança– não era o mesmo que apareceu na televisão durante a exibição da reportagem.
O caso acendeu o alerta da emissora, que instaurou um procedimento interno e protocolou uma notícia-crime para que o caso fosse investigado pela polícia. Dias depois, com apoio dos apresentadores do programa, José Eduardo Bocão e Jessica Smetak, a Record Bahia demitiu Marcelo Castro e Jamerson Oliveira. A criança mostrada na reportagem morreu semanas depois da exibição do programa.
Após a demissão, Marcelo Castro e Jamerson Oliveira criaram o site Alô Juca, que virou sucesso nas redes sociais. Com o êxito, foram contratados pela TV Aratu, afiliada do SBT na Bahia, para produzirem um programa policial na hora do almoço.
A atração dobrou os índices de audiência e já chegou a picos de 11 pontos na Grande Salvador, vencendo Globo e Record por alguns momentos. Cada ponto de Ibope equivale a 86 mil telespectadores na capital baiana. A Record pretende ouvir o SBT para pedir uma posição sobre a contratação de Marcelo pela sua parceira na capital baiana.
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