Aviso
Este conteúdo é para maiores de 18 anos. Se tem menos de 18 anos, é inapropriado para você. Clique aqui para continuar.

Diversão

Padaria Avenida Brasil exibe novela a toda hora e tem lanches com nomes de personagens

Estabelecimento da zona leste de São Paulo funciona desde 2013

Os irmãos Fábio e Vanessa, proprietários da padaria Avenida Brasil
Os irmãos Fábio e Vanessa, proprietários da padaria Avenida Brasil - Ronny Santos/Folhapress
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Não importa o horário. Na padaria Avenida Brasil, localizada na Vila Jacuí, em São Miguel Paulista (zona leste de São Paulo), é sempre possível assistir a um capítulo da novela que dá nome ao estabelecimento e que é um dos maiores sucessos da Globo nos últimos anos. 

Uma TV no local fica o tempo inteiro transmitindo cenas da trama de 2012. Fábio Moreira, 39, dono da padaria e noveleiro assumido, conta que selecionou em torno de 40 capítulos da novela —"os melhores"— para exibir no local.

Todos foram gravados e armazenados por ele em pendrives. Estão lá episódios já considerados históricos como aquele em que Nina (Débora Falabella) começa sua vingança e passa a tratar a vilã Carminha (Adriana Esteves) como sua empregada, falando o bordão que virou meme: "Me serve, vadia". 

"De tanto ver, eu já sei todas as falas antes de os personagens dizerem", conta Rubens Cintas Motolo, 39, funcionário do estabelecimento.

Além de relembrar a novela de João Emanuel Carneiro, o cliente também pode escolher o beirute do seu personagem preferido. O Tufão (Murilo Benício), que é recheado com contra-filé, queijo, presunto, ovo, bacon, maionese, alface e tomate (R$ 35,90), é o maior sucesso de vendas —são comercializadas, em média, 150 unidades por mês.

Os lanches de Carminha e Nina aparecem na sequência. Mas há ainda outras opções, como os beirutes Leleco (Marcos Caruso), Nilo (José de Abreu), Max (Marcello Novaes), Suelen (Isis Valverde) e Jorginho (Cauã Reymond). Todos são bem servidos e, dependendo da fome, podem ser divididos.

A padaria Avenida Brasil foi inaugurada em abril de 2013, seis meses após o fim da trama. Fã da história, Moreira quis aproveitar o sucesso da novela para chamar a atenção dos moradores da região —ele é filho de português e dono de outra padaria, em Itaquera. De quebra, ele queria afastar uma possível rejeição ao novo estabelecimento, já que anteriormente funcionava no imóvel outra padaria, de outros donos, mas que não obteve sucesso.

"Eu fiquei pensando o que poderia fazer para, logo de cara, causar impacto. Quando tive a ideia, a novela ainda estava no ar e fazia muito sucesso. Escolher nomeá-la como Avenida Brasil foi uma forma de fazer com que a padaria caísse na boca do povo."

"OI, OI, OI"

A inauguração da padaria contou com nada menos que um trio elétrico tocando "Vem Dançar com Tudo" (Kuduro), música que tem o famoso refrão "oi, oi, oi" e era tema de abertura de "Avenida Brasil".

A estratégia, diz Moreira, deu certo. Mesmo cinco anos depois, muitas pessoas ainda param na padaria para relembrar histórias do fictício bairro do Divino. É o caso da técnica em enfermagem Elaine França Dutra, 46. "Eu sempre venho aqui. De vez em quando paro e fico lembrando a novela."

Já a assistente de recursos humanos Larissa Melo, 25, afirma que a história inusitada da padaria chama a atenção. "É diferente ver uma padaria inspirada em uma novela."

O local foi reformado recentemente, e a ideia inicial de Moreira era fazer um painel com fotos dos personagens. Mas ele ficou com medo de que os artistas ou a Globo reclamassem pelo direito de uso de imagem. Agora, ele não vê a hora de "Avenida Brasil" ser reprisada para dar um impulso ainda maior aos negócios. O desejo vai se confirmar. A Globo confirmou neste sábado (14) que a novela será reprisada no Vale a Pena Ver de Novo, a partir de outubro, substituindo "Por Amor". 

Para Vanessa Vogel, 37, irmã de Moreira e sócia da padaria, a novela marcou época e será difícil superá-la. "'Avenida Brasil' tinha um suspense próprio, que envolvia o público."

UM MARCO

Com uma história de vingança, ritmo ágil e fotografia de cinema, "Avenida Brasil" virou um marco na televisão brasileira. Exibida de março a outubro de 2012, a novela de João Emanuel Carneiro teve média de audiência de 39 pontos. O último capítulo bateu recorde com 51 pontos e parou o país. 

A exibição do episódio final de Nina, Carminha, Jorginho e Tufão exigiu mudanças até no fornecimento de energia elétrica do Brasil. Prevendo um pico de consumo de luz maior que o normal --já que as pessoas iriam adiar para logo depois da novela atividades como tomar banho e ligar a lavadora--, o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) determinou o funcionamento, pela primeira vez naquele ano, das termelétricas a óleo combustível, cuja energia é seis vezes mais cara que a fornecida pelas hidrelétricas.

A novela "Avenida Brasil" foi a primeira trama que provocou grande repercussão na internet. Inúmeros memes foram criados durante sua exibição, brincando com bordões de personagens. "É tudo culpa da Rita", frase dita por Carminha, e a risada de Nilo, "hi hi hi", foram alguns deles.

Para críticos de TV, além de bem produzida e de contar com um elenco afiado, a novela conseguiu retratar o momento político, social e econômico do país ao mostrar a ascensão da classe C e o orgulho que eles tinham de viver no subúrbio —representado na trama pelo bairro fictício do Divino.

"A família do Tufão [Murilo Benício], marcada por brigas, brincadeiras, gritarias e palavrões, retratou de maneira muito fiel essa tão falada classe C", afirmou, na época, Claudino Mayer, doutor em teledramaturgia pela USP (Universidade de São Paulo).

O enredo principal do folhetim girava em torno do embate entre Nina (Débora Falabella) e Carminha (Adriana Esteves), mocinha e vilã que cativaram o público. Ainda criança, Nina é abandonada pela madrasta em um lixão. Ela refaz a sua vida, mas não esquece o que a megera fez e elabora um plano maquiavélico de vingança. 

Final do conteúdo
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem