'Entendi que sou muito gostosa em um aplicativo de casados'
Leitora relata que rede social para quem busca amante tinha alta oferta para sua demanda
Cíntia tem bastante fogo no rabo e gosta de experimentar coisas diferentes no sexo. Depois de um relacionamento sexualmente arrebatador, porém enlouquecedor em todos os outros aspectos, ela conheceu Marcel.
Marcel era um doce e a tratava muito bem. Fez ela se sentir tão segura que ela até relevou por um tempo o fato de que ele era bem mais sossegado e as poucas transas eram meio mornas.
Teve um momento em que ela começou a notar que o olho dele brilhava quando ele falava de uma outra moça. Ela desconfiou e ele confirmou que havia se apaixonado e estava confuso, que tal abrirem a relação? E aí o mundo de Cíntia caiu.
A segurança que ela tinha na relação com ele desmoronou, mesmo apesar de, mediante pressão, ele ter sido sincero a respeito dos seus sentimentos e desejos por ela e pela outra. Lá no fundinho ela pensou: "Então estou transando mais ou menos pra isso?". Levar adiante a ideia de abrir a relação? Não, Cíntia achava que aquilo não era pra ela.
Com as pernas ainda bambas da revelação de Marcel, ela foi até o banheiro se recompor. Foi olhar o celular para se distrair e viu um email marketing na sua caixa de entrada. O dedo estava pronto para deletar, mas ela se deteve. "A vida é curta. Curta um caso." Era o anúncio da rede de relacionamentos para pessoas comprometidas Ashley Madison.
A ideia do site, fundado em 2001, é que casados e casadas possam buscar casadas, casados, solteiras e solteiros para ter um caso extraconjugal de forma discreta. Na prática, há muitos homens comprometidos atrás de sexo. "Eu sempre usei aplicativos e havia conhecido Marcel no Bumble. Mas nesse, a oferta de homens interessados em transar é muito maior", disse Cíntia.
Ela contou que recebia muitas e muitas mensagens e, quando achava o flerte interessante, levava para o Telegram, onde trocava áudios, vídeos e fazia perguntas sobre as expectativas sexuais e afetivas da outra pessoa para se sentir segura.
"Os homens se esforçavam muito para manter o flerte e fazer o encontro acontecer, todos os dias tinha muitas mensagens e passei a me sentir muito inteligente, gostosa e desejada. No começo fiquei insegura com o meu corpo, não tenho o padrão de uma modelo. Mas percebi que eu mandava as fotos do jeito que eu sou e eles curtiam e tinham vontade. Me fez muito bem", diz Cíntia.
A princípio, ela sentiu certa culpa por estar traindo seu namorado e porque estava saindo com homens que traíam suas esposas. "A maioria dos homens desse site diz que é casado e pretende continuar assim, mas quer sentir o frio na barriga de ficar com outra pessoa", diz. Mas, com o tempo, ela acumulou alguns causos e aventuras.
Uma vez, um psicólogo que morava na cidade vizinha mandou um carro de aplicativo pegá-la em casa e levá-la até o consultório. Chegando lá, eles transaram no sofá, no tapete e na mesa da sala pelo tempo de duas sessões. Ela saiu a tempo de ver um paciente chegando para falar sobre seus dilemas.
Em outra ocasião, o casado sugeriu que eles fizessem um ménage com uma mulher trans. "Eu vi ela comer o cu dele e foi muito interessante", conta Cíntia. E teve o cara que percorreu 200 km para encontrá-la e acabou dormindo quando chegaram ao motel.
No meio de tudo isso, Cíntia e Marcel perceberam que era melhor terminar o relacionamento. Ele nunca ficou sabendo da sua rotina paralela. Ela curtiu a oferta de homens casados por mais algumas semanas, mas então as eleições de 2022 se aproximaram.
Para surpresa de ninguém, a maioria dos caras que frequentam o site de infidelidade eram defensores da família e dos "bons costumes", seja lá o que isso quer dizer. "Eu sempre tentava sair com pessoas que tinham uma vibe parecida com a minha, mas às vezes descobria um bolsonarista. Aí preferi não correr esse risco e deletei o aplicativo", diz.
Hoje, Cíntia está em um namoro que a satisfaz muito sexualmente e diz que esses dias ficaram para trás –pelo menos por enquanto.
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