Mandei um nude para o grupo da família sem querer e brigamos por causa de política
A opção 'apagar apenas para mim' pode provocar danos familiares e profissionais
Tenho um amigo que fez questão que eu só contasse sua história se elogiasse seus lindos, longos e sedosos cabelos. Pois bem, esse homem de belas madeixas me contou com sua charmosa voz aguda que, na época da campanha para as eleições de 2018, sua então namorada pediu uma foto de pau para ela se inspirar e tocar uma.
Mesmo estressado, ele deu um jeito de ter uma ereção, escolher um bom ângulo e iluminação (nas horas vagas ele é fotógrafo) e enviar para sua amada. Deixou o telefone de lado. Foi tomar um copo da água. Quando olhou para a tela de novo, viu uma mensagem da namorada, desapontada porque não havia recebido rola nenhuma. É que ele tinha enviado no grupo da família. Cheio de titias.
Até aí, tudo bem.
A questão é que, tão logo percebeu o erro, tratou de corrigi-lo. E corrigiu muito mal. Em vez de apagar para todos apertou a capciosa e traiçoeira opção apagar para mim. E aí não teve mais jeito. Aquelas senhoras que pegaram ele no colo e o viram crescer não esperavam vê-lo crescer dessa maneira. Teve a tia debochada dizendo que esperava mais de um homem daquele tamanho.
Teve a própria mãe sem noção falando "olha no que se transformou esse pipi no qual eu dei tanto banho". E teve as tias mais pudicas, apavoradas. Dizendo que era por isso que o Brasil estava perdido, afogado na sacanagem, repleto de putaria, ninguém valorizava e respeitava mais deus, pátria, família, onde já se viu!
Foi difícil de lidar com o fato de que ele tinha mandado foto de piroca no grupo errado, tentar apagar e falhar foi um abalo. Mas discurso conservador, àquela altura do campeonato, foi demais. Xingou todo mundo, disse que ia fazer L de Lula com a piroca quando saísse o resultado da eleição, gritou fora Bolsonaro em um áudio em que sua charmosa voz aguda alcançou notas que ele nem imaginava ser possível, e olha que não era falsete.
Saiu do grupo. Seu pau (me disseram que é rosado), deve estar até hoje esquecido na nuvem de algum parente.
Perguntei no X, o eterno Twitter, se alguém tinha boas histórias de nudes enviados por engano para contar, porque eu mesma não tenho. Não faltaram relatos de fotos de teta, bunda e genitais, entumecidos ou não, enviados para grupos de família, da igreja ou do trabalho —algumas delas resultaram em demissão, todas resultaram em fofocas.
Um rapaz me contou que quase se deu bem quando enviou uma foto sem querer para os colegas de empresa. Ele notou, apagou o mais rápido que pode, mas não conseguiu evitar que uma moça visse. Ela mostrou seu dote para sua colega de apartamento, que gostou e foi encontrar ele no Facebook para marcar um encontro. Seria uma virada narrativa gloriosa, mas como tem gente que é fominha, ele tentou emplacar um ménage com a amiga interessada e a colega de trabalho. As duas o acharam babaca demais e ele ficou sem nenhuma.
Teve também a moça que mandou um retrato íntimo das profundezas para um potencial cliente. Ela foi enviar imagens de um ultrassom transvaginal para a médica, mas clicou na janela errada. O cara não entendeu nada daquilo, mas, coincidência ou não, não fecharam negócio.
Nos depoimentos que recebi, é de se notar a recorrência do dedo nervoso que aperta apagar para mim e perde assim qualquer possibilidade de evitar o desastre. A mensagem é clara. Se você gosta de falar putaria online e mandar fotos de seu corpinho nu, aproveite! Mas fique atento para não errar a aba. E, se errar, respire fundo. Conte até cinco. E lembre-se de apagar para todos.
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