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X de Sexo Por Bruna Maia
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Cenas de sexo em 'Saltburn' ensinam que boca e dedos podem te levar muito longe

Filme não choca quem assistiu a certos clássicos, mas traz dicas preciosas de como dar prazer

Saltburn
Cena do filme "Saltburn", de Emerald Fennell - Divulgação
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Bruna Maia
São Paulo

Entre na minha casa e coma toda a minha família! Essa frase é um meme, mas também é a sinopse do filme cult "Teorema" (1968), do diretor italiano Pier Paolo Pasolini. Um homem com aura misteriosa visita uma família burguesa e transa com todos os seus membros. Quando vai embora, todo mundo fica zureta.

O filme do momento "Saltburn", da diretora Emerald Fennell, bebe nessa premissa e se aproveita da tendência contemporânea de debochar de ricos e também de quem debocha de ricos. Nele, o jovem universitário Oliver (Barry Keoghan) vai passar um verão em Saltburn, castelo da abastada e aristocrática família do seu colega Felix Catton (Jacob Elordi) por quem tem um crush. Em sua estadia ele causa orgasmos, constrangimentos e outras coisas que são spoilers, portanto cuidado ao ler o restante desse texto.

Os veículos gringos não paravam de mencionar as cenas quentes da produção, que está disponível no Amazon Prime. Por isso, eu esperava muitas pirocas na tela, bucetas peludas, cuspidas, ejaculações. Mas não é bem assim. As partes que envolvem sexo são sutis –ao menos para quem, como eu, ficou assistindo Pasolini quando era adolescente em vez de fazer o correto e ver "Todo Mundo em Pânico" ou comédias do Adam Sandler.

"Saltburn" investe muito mais no sugestivo do que no (porno)gráfico. Em uma das cenas, Oliver avisa a anfitriã Venetia (Alison Oliver), irmã de Felix, que é um vampiro. É que a moça estava doida pra dar uns amassos nele, mas preferia deixar para depois porque estava menstruada.

Ele não se faz de rogado e pratica carícias com os dedos e sexo oral nela. Sabemos o que aconteceu porque vemos o sangue cercando seus lábios e manchando as coxas da personagem, mas não é uma cena demasiado explícita ou longa. Ainda assim, fica claro que o rapaz demorou o suficiente para fazer a herdeira querer mais.

Tive muita expectativa pelo momento em que Oliver ia engolir esperma. Veja, eu esperava ver porra voando na tela em uma cena de sexo entre dois homens. Porém, a diretora foi bem mais simbólica e colocou seu anti-herói lambendo o ralo de uma banheira onde Felix havia se masturbado pouco antes.

Melhor assim! Todo mundo deveria prestar atenção na vontade com que ele lambeu aquele ralo e nos movimentos que ele fez com a língua em torno dele e tentar reproduzi-los na hora de lamber protuberâncias e orifícios das pessoas amadas.

Meu momento sexual favorito, contudo, é quando ele transa com o primo pobre dos Catton, o jovem Farleigh (Archie Madekwe). Na penumbra, os dois estão em uma posição sugestiva. Em tom confiante e ameaçador, Oliver cospe nos próprios dedos e então vemos a expressão de surpresa e prazer do outro. Mais uma dica preciosa: saliva é importante tanto nos beijos quanto no sexo de uma forma geral. Não beije com a boca seca e oca. Vale dar uma umedecida nos dedos antes de estimular a outra pessoa. Mas convém também ter lubrificante à base de água sempre disponível.

Em um dado momento do filme, Oliver se masturba na terra úmida e gelada de uma tumba recém-coberta, agarrado a uma cruz fúnebre de madeira. Uma alusão necrófila, se lembrarmos que havia um corpo a sete palmos do chão. Mas a cena não é escancarada em termos de nudez ou closes pornográficos, a tensão sexual está na performance do ator.

O visitante Oliver acaba seduzindo (quase) toda a família, alternando entre competência sexual e olhar de cachorro perdido, além da culpa de classe, claro. Apesar de ele ter um pau grande (há quem não tenha achado tudo isso), ele não é falocêntrico. Ele é esperto e sabe que uma bela rola pode valer milhões, mas dedos e boca eficientes valem um castelo.

No entanto, quem esperava intensas cenas de transa LGBTQIA+ pode sair um tanto decepcionado do filme. Se é o seu caso, vale ir atrás de "Rotting in the Sun" (2023), de Sebastian Silva, ou do já clássico sáfico "Azul É a Cor Mais Quente" (2013), de Abdellatif Kechiche.

Já a minha dica definitiva e essencial de filme sobre sexo é "Shortbus" (2006), de John Cameron Mitchell. Nele, pessoas de vários gêneros e orientações sexuais convivem e dividem seus dramas pessoais, desejos e medos. Tem a cena de um homem fazendo boquete em si mesmo e culmina em uma orgia, mas as questões existenciais tocam quem está descobrindo a própria sexualidade.

O Pasolini que citei lá em cima? Olha, grande mestre, mas não recomendo assistir a sua obra prima "Salò" ou os "120 Dias de Sodoma" sem ler a sinopse com cuidado antes.

X de Sexo por Bruna Maia

Bruna Maia é escritora, cartunista e jornalista. É autora dos livros "Parece que Piorou" e "Com Todo o Meu Rancor" e do perfil @dabrunamaia nas redes sociais. Fala de tudo o que pode e do que não pode no sexo.

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