Aviso
Este conteúdo é para maiores de 18 anos. Se tem menos de 18 anos, é inapropriado para você. Clique aqui para continuar.

X de Sexo Por Bruna Maia

Pedro Pascal nos ensina que 'daddy issues' são mais comuns do que se imagina

O que estará por trás da excitação por figuras paternas, como a do ator de 'The Last of Us'?

Pedro Pascal em cena da série "The Last of Us", da HBO Max
Pedro Pascal em cena da série 'The Last of Us' - Divulgação
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Dia desses o Pedro Pascal falou em um vídeo "I’m your cool slutty daddy", algo como "sou seu papai maneiro e safado", ao que se seguiu uma avalanche de tesão, principalmente de mulheres heterossexuais e homens gays. O charmoso chileno-estadunidense de 47 anos que atua em séries como "The Last of Us" e "The Mandalorian" virou um ícone da categoria DILF –daddy I would like to fuck.

Pai é uma categoria complicada na internet. Se você exalta seu pai presente nas redes sociais, muita gente vai ficar engatilhada porque não teve a mesma experiência. Nesta semana, um ator de "Todas as Flores" inaugurou a categoria de auto-exposed ao dizer que decidiu se separar da mulher com quem tem um bebê de quatro meses porque não tinha tempo para ler um livro.

Mas, voltando ao assunto putaria, o que estará por trás da excitação por homens mais "maduros" que remetem ao amor paterno? Psicólogos de TikTok e psicanalistas de Higienópolis, que têm a profundidade de um pires, correrão para dizer que a origem disso foi a ausência do pai na infância, que faz buscar compensação. Ou um ímpeto narcísico de transar com o próprio desejo de poder masculino dentro de si. Ou qualquer outra bobagem dessas.

Só que a psiquê, por mais que seja estruturada pela sociedade, tem complexidades. Pode ser o contrário do que dizem nossos coachs de platitudes. Vai que seu pai era presente, afetivo e você tem tesão por essas características. Ou o pai da sua amiga era bonito. Ou em alguma novela um pai despertou a libido. Há quem ache cabelos grisalhos afrodisíacos (desde que em homens).

Outra possibilidade: o dispositivo do cuidado que é imposto às mulheres as faz olharem para um homem mais velho e sentirem prazer em dar amor pra eles, no que eu chamo de síndrome de enfermeira. Nesse caso, tem menos a ver com o desejo de ser filha e mais a ver com o desejo de ser mãe.

E, claro, há a associação de homem mais velho com inteligência, experiência sexual e segurança.

Alejandra Silva e Richard Gere no evento de arrecadação de fundos City Harvest, em Nova York - Angela Weiss - 26.abr.22/AFP

Ledo engano. Passou dos 35 anos, todo homem* precisa de terapia urgente, porque senão a psicóloga vai ser você. Boa parte deles não goza da mesma capacidade erétil e você não quer que seu parceiro tenha problemas cardíacos por usar Viagra várias vezes na semana. A idade emocional deles** é de aproximadamente oito anos. Por isso tenho preferido homens com menos de 30. Não são muito melhores, mas pelo menos têm vigor***.

Ainda assim, o fetiche por DILFs segue firme e forte e algumas capitalizam isso na figura do sugar daddy, cara mais velho que mima sua sugar baby com presentes e pagamento de contas. Quem já escutou o podcast "Não Inviabilize", de Déia Freitas, sabe que o patriarcado deu a volta e muitas mulheres sustentam folgados. Nesse sentido, as sugar babies são mais pragmáticas, ainda que o ideal utópico seja igualdade nos salários, no cuidado nas relações afetivas.

Me incomoda essa atração sexual por homens mais velhos, porque mulheres maduras não são valorizadas da mesma forma, mas não condeno quem tem esse apetite. Condeno mesmo os homens que se aproveitam da inocência de jovens. Mas, problematização à parte, sentar no colinho de Pedro Pascal e receber um cafuné não seria nada mal.

* todo homem, mesmo

** nesse caso, nem todo homem

*** nem todo jovem

Dia 29 de janeiro é o Dia da Visibilidade Trans. Fica o apoio na luta por reconhecimento, respeito e inclusão para todes. Semana que vem a coluna vai falar sobre transgeneridade, com um foco que tenho visto muito pouco, infelizmente. Como são o desejo e o prazer das pessoas trans? Corpos que são tão especulados e objetificados também têm direito a construir o prazer fora do fetiche do outro. Até lá!

X de Sexo por Bruna Maia

Bruna Maia é escritora, cartunista e jornalista. É autora dos livros "Parece que Piorou" e "Com Todo o Meu Rancor" e do perfil @dabrunamaia nas redes sociais. Fala de tudo o que pode e do que não pode no sexo.

Final do conteúdo
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem