Empates entre atrizes salvam Critics Choice Awards do marasmo
Premiação da crítica ainda não encontrou personalidade própria
O que a indústria do entretenimento dos EUA chama de “temporada de prêmios” deslancha no começo de dezembro, com a divulgação das primeiras listas de “melhores do ano” por jornais e revistas, e culmina no último domingo de fevereiro, a data habitual da entrega do Oscar.
Ao longo desses três meses, uma chuva de troféus cai sobre Hollywood e adjacências. Os sindicatos das diversas categorias profissionais distribuem seus próprios prêmios. Os mesmos filmes e atores se repetem nas diversas cerimônias, num clima de campeonato interminável.
O ritmo se acelera no início de janeiro, com o Globo de Ouro. A premiação da Associação da Imprensa Estrangeira de Hollywood é uma das mais tradicionais e vista por muita gente como a segunda mais importante, depois do Oscar. No final do mês acontece a que hoje é considerada a terceira: os prêmios SAG, do Sindicato dos Atores das Telas (englobando cinema e televisão) .
Entre essas duas festas ocorre uma outra, que vem ganhando visibilidade nos últimos anos porque passou a ser televisionada e a atrair grandes estrelas. É a entrega dos Critic’s Choice Awards (a “escolha dos críticos”), votados por duas associações: uma de críticos de cinema e a outra, de TV.
Os Critic’s Choice Awards apresentam duas características típicas de prêmios que querem parecer mais importantes do que são: têm categorias demais, e indicados demais por categoria. Ou seja, as chances de ganhar são muitas: “portanto, venha à nossa festa!”, parecem implorar os organizadores.
A cerimônia em si não teve nada de especial. O mestre de cerimônias, o ator Taye Diggs, fez piadas politicamente corretíssimas, protagonizou um número musical razoável e sumiu. Pelo menos não houve as aborrecidas apresentações dos filmes indicados ao prêmio principal, que comem um tempo enorme no Oscar e no Globo de Ouro.
As premiações também foram pouco surpreendentes, muitas delas repetindo os resultados do Globo de Ouro uma semana atrás. E, como as categorias são muitas, alguns troféus foram entregues antes da transmissão pela TV, como nos Grammys, e seus vencedores, anunciados rapidamente. Que alívio.
As surpresas da noite foram os empates em duas corridas hiper concorridas: melhor atriz em minissérie ou telefilme e melhor atriz de cinema. Na primeira, ganharam Amy Adams (por “Objetos Cortantes”, da HBO) e Patricia Arquette (por “Escape at Dannemora”, ainda inédita no Brasil). As duas se abraçaram muito e agradeceram juntas, num bonito exemplo de sororidade.< /span>
Nos filmes, deu Glenn Close (por “A Esposa”) e Lady Gaga (por “Nasce uma Estrela”). A primeira se emocionou menos do que nos Globos de Ouro, pois já devia estar esperando: mesmo assim, fez um rápido chamado às armas feminista. A segunda foi às lágrimas e tirou um enorme papel do bolso, não só com os nomes de quem deveria agradecer, mas com todo um discurso pronto. Foi chato demais – algo que Gaga não costuma ser.
Mas nenhum prêmio foi mais bizarro do que os vencidos por Christian Bale (por “Vice”). Faz algum sentido a mesma pessoa ganhar como melhor ator de comédia e melhor ator, ponto? Para quê, então, categorias separadas?
É por bobagens desse tipo que os Critic’s Choice Awards ainda não são levados muito a sério. Sem personalidade própria, querendo agradar todo mundo e promovendo empates e repetições, eles tendem à irrelevância. São só mais um pit stop no caminho que leva ao Oscar.
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