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Tony Goes

Desistência de Kevin Hart aprofunda o dilema do Oscar

Humorista não vai mais apresentar a próxima premiação da Academia

O ator Kevin Hart
O ator Kevin Hart - AFP
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São Paulo

A Academia de Artes Cinematográficas de Hollywood adora proclamar que a entrega do Oscar é assistida por bilhões de pessoas, em mais de uma centena de países. Só que esse suposto interesse internacional jamais influenciou na escolha do apresentador da festa. Não foram poucas as vezes em que a tarefa caiu para algum comediante pouco conhecido fora dos Estados Unidos.

Como, por exemplo, Kevin Hart. Mesmo com dezenas de filmes no currículo e até alguns grandes sucessos, o ator não é muito famoso a nível planetário. Mas parecia satisfazer as necessidades do Oscar, que busca desesperadamente elevar os índices de audiência da transmissão pela TV. Afinal, Hart tem experiência como “stand-up comic”, apela ao público jovem e traz um ar de modernidade ao prêmio mais careta do cinema mundial.



Só que esqueceram de escarafunchar as redes sociais do cara. E, adivinha? Lá estavam várias postagens homofóbicas, alguns com mais de 10 anos de idade. Como já aconteceu inúmeras vezes (inclusive no Brasil, com o vlogueiro Júlio Cocielo), metade da internet entrou em combustão espontânea e exigiu que Academia procurasse outro nome.

Antes de ser demitido, Kevin Hart renunciou. Disse ter sido aconselhado a se desculpar, mas achou que nem era o caso. Já teria pedido perdão diversas vezes ao longo dos anos, e que não é mais a mesma pessoa que escreveu tais barbaridades. Preferiu desistir do trabalho do que ser perseguido pelos que chamou de “trolls da internet”.

O caso Hart é recorrente nos dias de hoje: uma grande empresa ou associação contrata um novo porta-voz sem checar direito o que ele andou dizendo na web, só para desistir do contratado quando o passado dele vem à tona.

Mais especificamente, este episódio também revela a encruzilhada em que se encontra o Oscar. A cada ano que passa, diminui a audiência da premiação, o que faz com que o preço dos intervalos comerciais caia ainda mais no ano seguinte. O evento, que já foi chamado de “Super Bowl para mulheres”, não atrai mais tantos patrocinadores quanto antes.

Ciente disso, a Academia já tentou de tudo. Aumentou de cinco para até dez o número de filmes indicados ao prêmio principal, na esperança de que algum blockbuster emplaque entre os finalistas (este ano, são grandes as chances disso acontecer com “Pantera Negra”). Chegou a anunciar, alguns meses atrás, a criação de uma nova categoria, “melhor filme popular”. Pegou tão mal que a ideia foi logo descartada.

Também está sempre trocando de apresentador. A tarefa é inglória: astros consagrados como o apresentador David Letterman ou os atores Anne Hathaway e James Franco se saíram mal, e nunca mais repetiram a experiência. Já veteranos como Billy Crystal ou Ellen De Generes até dão conta do recado, mas não atraem a garotada.

O que fazer, então? Quem seria aceito por todos os segmentos? Quem não traria problemas, nem afugentaria a audiência? Existem muitos nomes possíveis – mas o fato é que bem poucos se habilitam, pois o risco de fracasso é enorme.

Alguma sugestão? Mande para a Academia, pois ela está precisando.

Tony Goes

Tony Goes (1960-2024) nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu em São Paulo desde pequeno. Escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. Ele também atualizava diariamente o blog que levava seu nome: tonygoes.com.br.

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