Fátima Bernardes não é mais global, mas Yasmin é
Fica sensação de que alguma coisa importante acabou, que o tempo passou e que um ciclo imenso foi fechado
Não vou bater palmas para Baby do Brasil, que parou no meio do Carnaval para avisar que o mundo está acabando. Mas, embora totalmente fora de sincronia com a festa, ela me fez pensar. O nosso mundo não vai acabar tão cedo, mas uma antiga era pode estar bem próxima do fim, a era dos famosos globais.
Todos os dias vemos notícias de profissionais que tiveram seus contratos cancelados ou não renovados pela Rede Globo. Pessoas que passaram tantos anos, décadas até, como artistas exclusivos da maior emissora de TV do Brasil.
Quando atores da grandeza de Gloria Pires, Lázaro Ramos, Miguel Falabella, Juliana Paes ou jornalistas como Carlos Tramontina e Ernesto Paglia são dispensados, temos a sensação de que alguma coisa realmente está acabando.
Isso não significa que a emissora não os queira nunca mais, apenas que eles não vão mais receber salários fixos, só quando forem contratados para realizar algum trabalho específico. É o chamado contrato por obra.
Mas a gente estava acostumado a pensar na Rede Globo como uma empresa tão poderosa e abastada que podia se dar ao luxo de ter pessoas contratadas sem trabalhar, guardadas na famosa "geladeira", apenas para que elas não fossem para as TVs concorrentes. Parecia um sonho de mil e uma noites, ser contratado fixo da Globo e receber sem trabalhar, sendo regiamente pago apenas pela exclusividade.
Esse "mundo" realmente acabou. Até porque a concorrência hoje não é simplesmente com as poucas emissoras abertas que existem, mas com todo um sistema de produção e distribuição de obras audiovisuais, como as gigantescas plataformas internacionais de streaming. Ficou impossível segurar atores, roteiristas e outros profissionais para que não façam outros trabalhos, que não produzam de forma independente. Mesmo assim, saber que Fátima Bernardes não é mais "global" depois de 37 anos me pegou.
Fátima sempre foi presença constante nas telas da TV, a figura feminina que ficou mais tempo na nossa memória no jornalismo da Rede Globo, ao lado de seu ex-marido, o também jornalista William Bonner. Racionalmente, sabemos que ela deixou o Jornal Nacional há 12 anos, que não apresenta o Encontro há quase dois e que não estará mais nem no The Voice Brasil. Mas fica uma sensação de que alguma coisa importante acabou, que o tempo passou, que um ciclo imenso foi fechado.
Diante disso, não tem como não imaginar que um dia William Bonner vai dar seu derradeiro "Boa Noite" no telejornal e dar uma volta ao mundo. Ou que um dia, Anitta não vai mais cantar e se mudar para uma ilha de sua propriedade. Ingrid Guimarães vai parar de fazer cinema e criar uma produtora. Tatá Werneck vai abandonar sua carreira e se dedicar a uma ONG de proteção animal.
Independente da nossa imaginação, as coisas sempre mudam, sempre vão mudar, mesmo quando elas parecem difíceis de aceitar ou entender.
Porque, no momento, a realidade é essa: Fátima Bernardes não tem mais contrato com a Globo, mas enquanto não for eliminada num Paredão, Yasmin Brunet, tem.
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