Aviso
Este conteúdo é para maiores de 18 anos. Se tem menos de 18 anos, é inapropriado para você. Clique aqui para continuar.

Rosana Hermann
Descrição de chapéu Barbie

Xuxa é a nossa Barbie e eu posso provar

O mundo da apresentadora sempre foi um matriarcado em que ela própria era a rainha

Margot Robbie em cena de 'Barbie' (esq.) e Xuxa em cena de 'Uma Fada Veio Me Visitar' (dir.) - Divulgação
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Nunca tive Barbie, nunca brinquei com uma dessas bonecas nem curto nada cor-de-rosa. E, no entanto, eu amei o filme. Ri, chorei, refleti, me surpreendi e, sobretudo, me envolvi totalmente na história. E ainda tive um insight: a nossa Barbie sempre foi Xuxa.

Primeiro porque, como a própria artista disse em seu documentário, ela se vestia e se apresentava como se fosse uma boneca. E mais: Barbie quebrou o paradigma da boneca com corpo de bebê que transformava a criança em mamãezinha para ser uma inspiração para as meninas, um "ideal" de mulher.

Xuxa também fez isso. Surgiu como uma jovem linda e sexy numa época em que apresentadores de programas infantis eram artistas-mirins, palhaços ou bonecos. E se tornou a garota que todos queriam ser e copiar.

O planeta Xuxa era a própria Barbielândia, um universo de fantasias coloridas, que encantava as meninas e as adultas, cheio de música, brincadeiras e alegrias, que permitia que muitas crianças vivessem num mundo cor-de-rosa, de ilusões, onde tudo era perfeito. Um mundo dominado por mulheres onde os homens eram todos coadjuvantes.

Basta dizer que os paquitos nunca chegaram aos pés das paquitas. Aliás, nunca nem deram muito certo. O mundo da Xuxa sempre foi um matriarcado e Xuxa era a rainha.

E, por falar em protagonismo feminino, veja o que Xuxa revelou recentemente sobre o pai de Sasha: que ela nunca gostou dele o suficiente para casar e que, de certa forma, o "usou" para engravidar, embora tenha sido sempre verdadeira em colocar suas intenções. Ou seja, Xuxa é Barbie e Luciano Szafir foi totalmente seu Ken. E o mais louco… Szafir era surfista! Igualzinho ao Ken!

Até mesmo a indústria fabricante da Barbie, a Mattel, pode ser comparada à Rede Globo, que "produziu" o fenômeno Xuxa de forma industrial. E, assim como Barbie, Xuxa também teve seu momento de crise existencial, que acabou libertando-a daquela imagem eterna de Rainha dos Baixinhos e permitiu que ela se tornasse mais adulta, mais humana.

E se você ainda não comprou a ideia dessa comparação, tem mais. As duas são loiras, altas, magras, lindas, "nasceram" em março e são da mesma geração (Barbie tem só quatro anos a mais que Xuxa). E são um sucesso estrondoso.

O filme "Barbie" é um sucesso absoluto. Espera-se que a bilheteria chegue a US$ 1 bilhão (cerca de R$ 4,78 bilhões no câmbio atual). Xuxa não movimenta tudo isso nos dias atuais, mas, em compensação, desde que seu documentário foi lançado, ela não sai da mídia, é pauta constante e ainda vai ter mais um produto biográfico audiovisual que será lançado em 2024.

Xuxa, para o Brasil, sempre foi o que a Barbie representou para os americanos. A modelo que as meninas queriam ser, a garota que os meninos queriam ter.

A grande diferença, claro, é que Barbie não é real, enquanto Xuxa além de real é verdadeira, bacana, sincera. E, hoje, como uma mulher madura, bem resolvida e livre, pode falar do alto preço que pagou por ter sido, durante tanto tempo, usada como uma boneca.

À Barbie do filme e à Xuxa do mundo real, obrigada pelos ensinamentos.

Rosana Hermann

Rosana Hermann é jornalista, roteirista de TV desde 1983 e produtora de conteúdo.

Final do conteúdo
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem