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Rosana Hermann

Que bom que Simony pediu desculpas a Ticiane Pinheiro

Ninguém escapa das armadilhas da raiva, mas reconhecer o erro e pedir perdão é libertador

Simony (esq.) e Ticiane Pinheiro, que a substituiu no Balão Mágico - Instagram
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Quem acompanhou a trajetória de Simony no Balão Mágico ou assistiu ao documentário sobre o grupo infantil sabe que ela se transformou em sucesso nacional antes de completar 7 anos de idade. Mas basta pesquisar sua biografia na internet para saber que, antes disso, ela já havia se apresentado no programa do Raul Gil.

Ou seja, ela só conheceu a vida sendo uma estrela. Como a própria Simony disse, ela se tornou criança mais famosa do Brasil. E, com a fama, ganhou muito, muito dinheiro. Não deve ser simples adaptar a configuração de poder de uma família que tem numa criança como a fonte de renda de todos os adultos a sua volta.

E foi assim, sendo famosa, que Simony cresceu, virou adolescente, se transformou em adulta, posou para a Playboy, casou, tornou-se mãe, tudo de forma exposta, sob o olhar e julgamento de todo o país, antes mesmo de existir internet. Depois disso, continuou sendo notícia por sua vida pessoal, por suas participações em programa de televisão.

É como se Simony nem soubesse o que é ser uma pessoa comum, anônima, como se todos os seus passos, seus problemas, amores, estivessem sempre "no ar", num reality show.

Acredito que por isso mesmo, ao gravar o documentário sobre o Balão Mágico, ela tenha falado sobre Ticiane Pinheiro, que a substituiu no grupo, sem pensar nas consequências. Falar espontaneamente, sem roteiro, é parecido com postar nas redes sociais. A gente bota o sentimento para fora, diz o que vem na cabeça na hora e só depois se dá conta do alcance que aquilo adquire.

E ainda tem o detalhe: os entrevistados de um documentário não têm ideia de como vai ficar o resultado da obra. Simony, inclusive, comentou sua decepção com o produto final. Mas decepção maior tiveram os espectadores com a forma deselegante com que ela falou de Ticiane.

É óbvio que ela sabia que "aquela menina lá" se chama Ticiane Pinheiro —na época e agora. Por mais que na época áurea dos programas infantis da TV aberta existisse competição e inveja, fomentadas pelas próprias emissoras, empresários e familiares, ao gravar o documentário, Simony já era uma adulta. Ficou parecendo que alguma coisa mal resolvida no passado estava vindo à tona durante o depoimento.

Mas, se Simony não se deu conta disso durante a captação, quando a série documental foi ao ar, certamente ela sentiu a reação do público, percebeu seu erro e pediu desculpas a Ticiane. Simony também disse que ela, hoje, depois de tudo o que passou em questões de saúde, não é mais a mesma de quando a gravação foi feita.

Achei importante esse passo. Porque todos nós temos sentimentos bons, ruins, lindos e terríveis. Todos nós sentimos ódio em certos momentos. Ninguém escapa das armadilhas da raiva. Atire a primeira pedra quem nunca fez um comentário mesquinho ou cruel por motivos sombrios de pura inveja.

Por isso achei digno Simony ter pedido perdão publicamente a Ticiane. Independente da reação de Tici, reconhecer o erro e pedir perdão é libertador. E dá a Simony a chance de se sentir humana, vulnerável, como todos nós, que não vivemos uma vida de estrela. Até porque é quando somos mais simples e verdadeiros que realmente brilhamos.

Rosana Hermann

Rosana Hermann é jornalista, roteirista de TV desde 1983 e produtora de conteúdo.

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