Comentário: Seriado "Descolados" dá frescor à TV aberta
O seriado brasileiro "Descolados", que migrou da MTV para a Band, tem um grande diferencial: foge do 'déjà vu'. A linguagem é espontânea e realista, sem ser abusiva. É aquilo que realmente se vê e se ouve no universo do jovem de hoje.
"A trama aborda o mundo dos jovens que passaram da adolescência mas ainda não chegaram à fase adulta", esclarece o release do programa. Embora tenha tido boa repercussão na MTV, o seriado estava fora do ar desde outubro de 2009.
Os protagonistas de "Descolados" são atores jovens, é claro, e ainda desconhecidos do grande público. Talvez por pouco tempo, pois são muito talentosos.
Renata Gaspar faz "Lud", a menina que tinha prometido sair da casa dos pais assim que terminasse a faculdade. E cumpre a sua promessa, mas tem que ralar muito como gerente de uma casa noturna para conseguir pagar o aluguel. A Lud de Renata flui com a naturalidade e a energia que o papel exige.
Marcelo Lourençon é Felipe, um modelo gaúcho que virou garoto-propaganda de uma marca de couro. Vem para São Paulo para morar com a namorada, mas acaba o namoro e fica sem lugar para dormir. Conhece Lud na balada e resolve dividir o aluguel com ela.
Felipe parece ter dificuldades para resolver seus namoros. No episódio deste sábado o bonitão conquista Clara (Priscila Sol) e depois não sabe como fazê-la entender que era só um "ficar". A moça se anima e já quer romance. Priscila participou recentemente da novela "Viver a Vida" (Rede Globo), fazendo a Paixão personagem que nutria uma 'paixão' platônica pelo arquiteto Jorge (Mateus Solano).
Marcelo Lourençon tem um tipo físico exótico e muito fotogênico, e também faz o seu personagem com verdade e espontaneidade. Aliás, este é um dos trunfos do seriado: o texto flui naturalmente da boca dos atores, sem a hipocrisia tão comum na televisão brasileira. Quando o palavrão é apropriado para a situação, os personagens o soltam com a maior naturalidade. Não fica agressivo nem grosseiro, porque é o que acontece na vida real na situação e no universo dos indivíduos envolvidos. Não fica aquela coisa falsa de "caraca" pra cá e "caraca" pra lá!
E tem ainda Thiago Pinheiro, que faz o Teco. Ele viaja em intercâmbio para Londres mas é barrado na alfândega por portar um "cigarrinho de maconha" em sua mochila. É deportado imediatamente, mas finge que deu tudo certo para os pais que moram em Bauru (interior de São Paulo). Volta para a capital, resolve ficar por aqui e junta-se à Lud e Felipe, que acaba por conhecer na porta da mesma balada.
No episódio de ontem, Teco arruma emprego de vendedor numa loja de roupa masculina. A única vantagem que ele vê nesta façanha é conhecer uma balconista, por quem passa a ter uma certa queda. Sua performance como vendedor é um desastre. Já a do ator Thiago é envolvente e tão verossímil quanto a de seus colegas. A cena em que pede demissão, depois de mandar para longe um cliente chato à beça, e ainda dá meia volta e convida a balconista para sair, foi um dos pontos altos do programa de ontem.
O texto é fluente e coloquial como a trama exige, a direção é ágil e muito precisa, os atores são 'jovens falando para jovens', sem demonstrar nenhum tipo de 'ranço'. Impossível citar o nome de todos os envolvidos, mas estão todos de parabéns.
"Descolados" tem a simplicidade do 'real' apresentando situações comuns à juventude de nossos dias. É legal para o jovem, que se identifica. É bacana para os pais, que podem descobrir como lidar melhor com seus filhos. O seriado traz um frescor importante para a televisão aberta e é muito agradável de assistir. É na Band, aos sábados, às 23:20 h.
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