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De faixa a coroa
Descrição de chapéu LGBTQIA+

Dono do Miss Grand International diz que jamais admitirá transgêneros em seu concurso

Miss Universo já flexibilizou este ponto, mas Nawat Itsaragrisil segue irredutível e explica suas razões; paulista Isa Menin, atual vencedora, coroa no sábado (10) sua sucessora brasileira

Nawat - Miss Grand International
Nawat posa ao lado de Isabella Menin, durante visita a São Paulo, em março - Reprodução/@nawat.tv
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São Paulo

Quando o tailandês Nawat Itsaragrisil, 49, resolveu investir em um concurso de miss próprio, ele tinha uma ideia fixa na cabeça: o seu evento seria o melhor de todos. Hoje, 10 anos após o início do Miss Grand international, com a brasileira Isabella Menin, 27, como atual vencedora, ele vê com bons olhos o crescimento meteórico do evento, mas sente que ainda tem muito o que realizar. "Não atingi o meu objetivo", afirma, em entrevista exclusiva para o F5, durante passagem recente pelo Brasil.

"Acredito que os concursos de beleza precisam desafiar as novas gerações. Esse público não assiste mais à TV, eles estão nas redes sociais. E é lá que meu concurso está, com toda força. Emissoras de televisão do mundo todo querem transmitir o Grand, mas eu não quero que meu evento morra na TV. Quero atingir novas gerações para instituir longevidade, por isso fico no YouTube", conta o empresário, que ficou alguns dias em São Paulo em março passado, acompanhando Isabella durante o seu "homecoming" (retorno para casa).

Na ocasião, a miss, que é a primeira brasileira a vencer o Miss Grand International, pisou no país pela primeira vez depois da sua coroação no mundial, em outubro. Agora nesta quinta (8), ela desembarca pela segunda vez por aqui, desta vez em Foz do Iguaçu (PR), onde passa a faixa para sua sucessora nacional. A final do Miss Grand Brasil 2023 será transmitida para todo o mundo, a partir das 22h00, pelo canal Grand TV no YouTube, que tem mais de 1,3 milhão de assinantes.

Orgulho do "papa Nawat", como é chamado pelas misses, a brasileira tem o perfil de embaixadora que o tailandês busca para conseguir atingir um público mais jovem e manter o mundo miss vivo.

"O conjunto de Isabella ajuda o Miss Grand a reforçar a fórmula 'BBB: Beauty-Body-Brain' [Beleza, Corpo e Cérebro], que procuramos nas misses. Ela tem carisma, beleza singular, corpo proporcional, uma confiança inabalável e acredita em si mesma. Fala inglês, se comunica bem e estabelece conexões com as pessoas. Por isso venceu e é a Miss Grand International", avalia.

A chegada dela deixa mais pesado o desafio da nova Miss Grand Brasil, que é de trazer uma segunda vitória brasileira seguida no concurso de Nawat. Natural de Marília (SP), a modelo ficou conhecida por conquistar o primeiro grande título de miss para o Brasil depois de um jejum de mais de 50 anos, já que o último foi com a médica carioca Lúcia Petterle, no Miss Mundo 1971.

FÓRMULA BBB

Nawat criou a fórmula "BBB" pois, segundo ele, hoje não se sabe quais são os requisitos para escolha das grandes misses globais. "As organizações não dizem especificamente o que querem, tudo muda ano a ano e confunde todo mundo. Isso não acontece no Grand e nunca vai acontecer. Eu quis fazer uma competição que fosse diferente das outras, com uma mega produção e, principalmente, com regras claras".

Uma das regras que ele não tem rodeios para reafirmar, e já falou diversas vezes publicamente sobre o tema, é que seu concurso não aceita mulheres transgênero. Outros concorrentes do setor, como o Miss Universo, Miss Mundo e Miss Supranational, já flexibilizaram esse ponto e passaram a aceitar misses trans. Porém, para Nawat, isso não é nenhuma polêmica e a explicação é simples.

Nawat - Miss Grand International
Nawat posa ao lado das vencedoras dos últimos 10 anos do Miss Grand International, após a final de 2022, onde foi coroada a brasileira Isabella Menin (segunda da direita para a esquerda, na fileira de baixo) - Reprodução

"Fico feliz que os concursos sejam diferentes, isso é saudável. Eu não vou mudar as regras para aceitar mulheres transgênero como candidatas pois, mesmo com a transição, geneticamente seguem sendo do sexo masculino. Por isso temos concursos específicos para pessoas trans. Eu falo isso abertamente e não vejo problema, pois o meu concurso é uma competição com regras. O regulamento do Miss Grand International está definido. Não há polêmica, e ela só existe quando fãs fazem comparações entre as regras dos concursos da indústria e não observam cada evento como competições com regras diferentes".

Quando perguntado sobre como ele gostaria que fosse a nova Miss Grand Brasil, Nawat assume uma postura mais política, de "pai das misses", desconversa e não diz nada. "Cada um é cada um". Já sobre a chance de fazer o evento no Brasil, após o Vietnã, ele é mais incisivo, e assume uma postura de empresário tubarão.

"Tem chances mas ainda sem previsão. Tem muitos pontos para serem alinhados sobre isso. O Miss Grand International segue um plano de crescimento, e a escolha do país-sede das edições é estratégica para o negócio", destaca. "Para 10 anos estamos bem, mas ainda quero um melhor concurso, melhor show e fazer com que a vencedora torne-se uma estrela famosa. Acho que mais 5 a 10 anos vou chegar lá", finaliza.

De faixa a coroa

Fábio Luís de Paula é jornalista especializado na cobertura de concursos de beleza, sendo os principais deles o Miss Brasil, Miss Universo, Miss Mundo e Mister Brasil. Formado em jornalismo pelo Mackenzie, passou por Redações da Folha e do UOL, além de assessorias e comunicação corporativa.
Contato ou sugestões, acesse instagram.com/defaixaacoroa e facebook.com/defaixaacoroa

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