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Zapping - Cristina Padiglione

Ação contra assédio na Globo vetou homens na foto de divulgação

Alguns também aderiram ao movimento iniciado após revelação de estupro, mas imagem inicial foi exclusividade feminina

Funcionárias da TV Globo em SP
Funcionárias e colaboradoras da Globo SP usam verde em protesto contra assédio no ambiente de trabalho - Reprodução Instagram
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São Paulo

Um movimento contra assédio no ambiente de trabalho que tomou fôlego na segunda-feira nos bastidores da Globo, com efeitos na frente e por trás das câmeras, levou muita gente a se engajar na proposta de usar uma peça verde em solidariedade a Esmeralda, nome fictício de uma engenheira que relatou à revista Piauí ter sido estuprada em uma sala da emissora, na sede de São Paulo, no Brooklin (zona Sul).

Embora o assunto tenha mobilizado também os homens, eles não puderam participar da primeira imagem da ação, a fim de manter a causa como uma reivindicação sobretudo das mulheres que trabalham na emissora. A decisão foi tomada por meio de votação entre elas. Em eventuais futuros passos da campanha, o apoio deles, segundo apurou a coluna, poderá ser bem-vindo.

Na tela, Patrícia Poeta, Ana Maria Braga e Felipe Andreoli, além de repórteres da Globo e do portal G1 aderiram à bandeira.

Patrícia Poeta na TV
Patrícia Poeta veste verde em movimento que uniu mulheres da Globo em campanha contra abusos sexuais - Reprodução Globo

Muita gente que chegou à sede da emissora em São Paulo na segunda-feira para trabalhar e não sabia da história foi imediatamente contagiada a trocar uma peça do vestuário para se engajar no movimento, mesmo sem saber do que se tratava.

Segundo o relato da Piauí, Esmeralda, de origem paraibana, sofreu xenofobia, assédio moral e sexual, além de ter sido estuprada por um dos quatro homens que ela acusa de assédio entre o segundo semestre de 2016 e outubro de 2018, período em que deu expediente na Globo São Paulo.

Considerada negligente, a Globo no momento recorre de condenação no caso no Tribunal Superior do Trabalho, em Brasília. Em sentença de primeira instância, a indenização foi fixada em R$ 80 mil por danos morais, considerando as práticas de misoginia, xenofobia e assédio sexual e moral.

Ao contabilizar férias, horas extras, décimo terceiro salário e outros itens, o valor se aproximou de R$ 2 milhões. Ainda segundo a Piauí, a Globo tentou fazer um acordo com Esmeralda, oferecendo pagar-lhe uma indenização de R$ 500 mil. Como ela não aceitou, a emissora no momento recorre da decisão no Tribunal Superior do Trabalho, em Brasília.

O caso foi baseado em laudos médicos que atestaram os problemas psiquiátricos causados à engenheira, além de trocas de mensagens de WhatsApp e depoimento de testemunhas de defesa e de acusação.

O uso de peças verdes no vestuário de funcionários e colaboradores da emissora aconteceu sobretudo em São Paulo, onde ocorreram as agressões contra Esmeralda. O caso chocou a todos especialmente pelo silêncio constatado sobre o assunto: entre as participantes do movimento, não houve quem dissesse conhecer o episódio antes de vê-lo relatado pela revista.

A história de Esmeralda é um dos pilares da ação civil pública que o Ministério Público do Trabalho move contra a Globo por assédio sexual no ambiente de trabalho. As acusações feitas ao ex-diretor Marcius Melhem, que a Globo atestou ao MPT não ter comprovado, também fizeram parte das investigações do MPT. A primeira audiência de instrução será nesta quinta-feira (25).

Nem Melhem nem os homens apontados por Esmeralda, cujos nomes ela pediu à revista que fossem omitidos, foram chamados a prestar depoimento ao MPT.

Zapping - Cristina Padiglione

Cristina Padiglione é jornalista e escreve sobre televisão. Cobre a área desde 1991, quando a TV paga ainda engatinhava. Passou pelas Redações dos jornais Folha da Tarde (1992-1995), Jornal da Tarde (1995-1997), Folha (1997-1999) e O Estado de S. Paulo (2000-2016). Também assina o blog Telepadi (telepadi.folha.com.br).

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