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Zapping - Cristina Padiglione

Saudade de Nair Bello? 'Uga Uga' está de volta pelo GloboPlay

Piada em 2000, 'índio' loiro de Cláudio Heinrich sofreria risco de cancelamento hoje? Confira imagens dos atores na novela de Carlos Lombardi

Os atores Nair Bello e Marcos Pasquim
Nair Bello e Marcos Pasquim na novela 'Uga Uga' - Divulgação
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São Paulo

Sobrevivente de um acidente que mata seus pais em plena floresta amazônica, Adriano é criado entre indígenas e rebatizado como Tatuapu. O personagem, vivido pelo loríssimo Cláudio Heinrich no ano 2000, norteava o enredo de Carlos Lombardi na novela "Uga Uga", que chega ao Globoplay nesta segunda-feira (27).

Naquele tempo, ainda na pré-história das redes sociais, Heinrich já era chamado jocosamente como "índio loiro", mas fazia rir, como pede a situação e o bom texto do autor, um mestre em diálogos na teledramaturgia. Não seria de bom tom cancelar Tatuapu hoje porque, afinal, não seria justo culpá-lo por apropriação cultural, visto que não lhe restou escolha para sua sobrevivência.

Além disso, a criação por indígenas só reforça a generosidade dos povos originários.

Mas é certo que Lombardi e Globo seriam cobrados atualmente a dar a indígenas de verdade um protagonismo similar ao do falso índio loiro. O pajé responsável por sua criação é vivido por Roberto Bomfim.

Noves fora, "Uga Uga" pode ser vista sem esse peso social que se cobra da telenovela das nove e do qual a comédia, desde que não ria dos oprimidos e sim dos opressores, está absolvida. Exibida originalmente na faixa das sete, a trama de Lombardi reforça o tom do riso pela presença de Nair Bello, alvo de gargalhadas para várias gerações, e da também saudosa Betty Lago.

O elenco conta ainda com Lima Duarte, avô de Adriano, que não desiste de buscar o neto e haverá de encontrá-lo já falando e se vestindo (ou não) como indígena. A graça da história está na dificuldade de Tatuapu para se adaptar aos hábitos de sua família biológica.

"Uga Uga" também reforçava a fama de Lombardi como autor dos descamisados, no melhor sentido, e nisso a obra do autor pode ser tratada como vanguardista. Foi ele quem mais apostou em atores dignos de serem despidos --da cintura para cima, bem entendido-- diante das câmeras. Afinal, se a audiência feminina era majoritária, por que só as atrizes eram submetidas a decotes generosos e saias e biquínis de de comprimentos mínimos em cena?

Os nomes dos personagens tampouco negam o tom cômico, fazendo desfilar em cena gente chamada como Bionda, Baldochi, Maria João, Van Damme, Beterraba, Nikos, Pierina e Brigitte.

Dono de uma fábrica de brinquedos no Rio de Janeiro, o grego Nikos Karabastos (Lima Duarte) conta sempre com a parceria de Anisio (Tato Gabus Mendes), e convive com a cunhada, Santa (Vera Holtz), e o sobrinho, Rolando (Heitor Martinez), interessados em sua fortuna. Para a frustração dos interesseiros, no entanto, Nikos encontra o neto depois de 20 anos.

"Uga Uga" traz ainda a figura de Humberto Martins nos áureos tempos de galã, como o sargento Bernardo Baldochi, ex-noivo da mecânica Maria João (Vivianne Pasmanter). Para protegê-la de um perigoso criminoso que já prendeu, o oficial foge no dia do casamento e simula a própria morte. Desde então, sob a identidade de Bento, Baldochi mora em Costa Rica, cidade fictícia do Mato Grosso do Sul, a alguns quilômetros da selva onde vive Adriano/Tatuapu.

Já Maria João, que continua em Santa Teresa, no Rio de Janeiro, deixou o romantismo de lado para se transformar em uma mulher durona, avessa a relacionamentos, principalmente às investidas do feirante Beterraba (Marcello Novaes). O bairro ainda é cenário da família de Baldochi: sua mãe, a rabugenta Pierina (Nair Bello), e seu irmão, Casemiro (Marcos Pasquim), mais conhecido como Van Damme, que nem sonham que ele está vivo.

Escrita por Carlos Lombardi, com colaboração de Margareth Boury e Tiago Santiago, "Uga Uga" também põe em cena Silvia Pfeifer, Stepan Nercessian, Juliana Baroni, Tatyane Goulart, Wolf Maya, Angelo Paes Leme, Luciano Szafir, Maria Ceiça, Nelson Freitas, Alexandre Lemos e outros atores que deixaram saudades, como Françoise Forton, Geórgia Gomide e John Herbert.

Zapping - Cristina Padiglione

Cristina Padiglione é jornalista e escreve sobre televisão. Cobre a área desde 1991, quando a TV paga ainda engatinhava. Passou pelas Redações dos jornais Folha da Tarde (1992-1995), Jornal da Tarde (1995-1997), Folha (1997-1999) e O Estado de S. Paulo (2000-2016). Também assina o blog Telepadi (telepadi.folha.com.br).

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