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Zapping - Cristina Padiglione

Drauzio Varella aborda o nanismo em nova série do Fantástico

Médico aponta problemas de adaptação e preconceito sofridos por pessoas historicamente usadas como piada pelo circo e pela TV

O médico Dráuzio Varella e entrevistada com nanismo
Drauzio Varella apresenta série sobre nanismo no Fantástico - Divulgação
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São Paulo

Havia um tempo, e nem faz tanto tempo assim, que pessoas com nanismo eram fartamente usadas pela TV e pelo circo como alvo de graça e chacota, sendo abertamente tratadas como anões. Aliás, ainda na década passada, Fábio Porchat e Tatá Werneck lembravam desse universo no programa Tudo Pela Audiência, que esbanjava horrores em tom de crítica bem-humorada, mas com um retrato muito próximo do que acontecia nos auditórios de TV principalmente nos anos 1980 e 1990.

O nanismo agora volta a ganhar holofotes sob outro prisma, e não só pelas manifestações de Peter Dinklage, o Tyrion Lannister da série "Game of Thrones", e certamente o ator mais famoso do mundo com nanismo. Em mais uma série para o Fantástico, Drauzio Varella, também colunista da Folha, abre espaço para que pessoas de baixa estatura relatem dramas que nem passa pela cabeça de quem não vive isso.

Em três episódios, a produção aborda os desafios que pessoas com essa condição enfrentam e como os avanços da medicina estão melhorando a qualidade de vida para as novas gerações. Drauzio mostra ainda iniciativas para combater o preconceito aos portadores da doença, a luta por acessibilidade e a inclusão.

"O nanismo é consequência de uma ação de genes que agem fazendo com que as cartilagens de crescimento se fechem antes. As cartilagens normalmente vão fazendo o crescimento dos ossos. Eles então nascem com uma estatura mais baixa e com algumas características anatômicas. Isso acontece por uma mutação genética", explica o médico.

"Existem vários tipos de mutações, e todas elas levam a este tipo de condição. A mais comum é chamada de acondroplasia. Cerca de 80% dos casos de nanismo ocorrem por causa dessa mutação. Além disso eles possuem outras características anatômicas. A cabeça é maior, os braços são mais curtos. As pernas também. Em geral, o tronco tem dimensões normais e o rosto pode ter uma formação mais saliente", continua.

A abordagem do assunto é uma ótima oportunidade para esvaziar a teoria de que o problema comprometa também o desenvolvimento cognitivo, a inteligência da pessoa.

A série se aprofunda em situações que passam à margem da maior parte da sociedade, como a higiene pessoal: muitos dos portadores desta condição possuem os membros mais curtos e não conseguem fazer a devida limpeza em certas partes do corpo.

Nas escolas, as crianças com nanismo muitas vezes desenvolvem dores na coluna pelo fato de não conseguirem apoiar os pés no chão quando sentam na carteira, ficando horas uma posição desconfortável.

E há o fato, talvez pouco difundido diante da imagem de palhaço historicamente atribuída a essas pessoas, de que muitos meninos e meninas são vítimas de fetiches sexuais.

"Muitas vezes, a gente pensa que eles são só baixos e, na verdade, o problema é muito mais complexo do que isso. Existem outras questões no dia a dia que não só a baixa estatura, mas que a desproporção pode trazer", explica o endocrinologista pediatra Paulo Solberg.

Para Drauzio, a pior parte é mesmo o preconceito. "A pessoa começa a sentir quando é criança. Mesmo que tenha pais que resolvam esses problemas práticos, que adaptem a casa para eles, o olhar dos outros machuca muito. Chamam de anão, que é algo que eles não gostam. São pessoas que têm nanismo. Tem gente que fica de graça com eles, que dá risada, com história de anão de circo."

Zapping - Cristina Padiglione

Cristina Padiglione é jornalista e escreve sobre televisão. Cobre a área desde 1991, quando a TV paga ainda engatinhava. Passou pelas Redações dos jornais Folha da Tarde (1992-1995), Jornal da Tarde (1995-1997), Folha (1997-1999) e O Estado de S. Paulo (2000-2016). Também assina o blog Telepadi (telepadi.folha.com.br).

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