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Cinema e Séries
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Aubrey Plaza supera imagem de garota sarcástica de Hollywood e diz querer apresentar o Oscar

Atriz está em 'Megalopolis', 'My Old Ass' e 'Agatha Desde Sempre' de forma quase simultânea

Aubrey Plaza, atriz que está em 'Megalopolis', 'Agatha Desde Sempre' e 'My Old Ass' - Caroline Tompkins/The New York Times
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Kyle Buchanan
The New York Times

"Eu sangro por filmes", Aubrey Plaza me disse em uma manhã de agosto. Ela passou a última década trabalhando em um ritmo quase ininterrupto, determinada a mostrar que há mais nela do que April Ludgate, a estagiária desinteressada que interpretou em seis temporadas da sitcom "Parks and Recreation".

Embora o ponto de Plaza já tenha sido provado —em particular, a dobradinha de "The White Lotus" e "Emily the Criminal", de 2022, demonstrou amplamente seu alcance— essa determinação ainda não diminuiu.

Na verdade, Plaza tem se mantido tão prolífica que seus três projetos mais recentes foram lançados com poucos dias de diferença nos Estados Unidos. O primeiro foi a encantadora comédia de viagem no tempo "My Old Ass", em 13 de setembro; seguido pela série "Agatha Desde Sempre", da Marvel, na qual ela interpreta a antagonista romântica da bruxa de Kathryn Hahn, de "WandaVision". No dia 27, foi lançado o aguardado "Megalopolis", do diretor Francis Ford Coppola ("O Poderoso Chefão"), que apresenta Plaza em um papel marcante, diferente de tudo que ela já fez.

Você poderia chamar isso de "Outono de Aubrey" se a atriz de 40 anos não estivesse tão envergonhada com a sincronicidade. "É quase embaraçoso", ela disse. "As pessoas dizem: 'Deus, você trabalha tanto!'." Plaza considerou reduzir os trabalhos de atuação enquanto escreve um novo filme que espera ser sua estreia na direção. Por outro lado, ela planeja estrelar esse filme também.

"Eu nunca vou deixar de ter fome de encontrar papéis", ela disse. "É quase uma questão de sobrevivência para mim, onde eu preciso atuar ou simplesmente morrerei."

Há humor no abismo entre a grandiosidade das declarações de Plaza e a monotonia de sua voz. Ainda assim, você não deve confundir tudo o que ela diz com sarcasmo. "Eu não levo nada de forma leviana", ela me disse, um mandamento que ela estende ao seu trabalho. "Mesmo que seja uma comédia, eu trato da mesma forma: sou muito intensa sobre o que estou fazendo."

Talvez a percepção popular de Plaza tenha estado errada o tempo todo: o que tantas pessoas descrevem como sua falta de afeto pode, na verdade, ser um fervor mal disfarçado, um tremor sob a superfície ameaçando se tornar o maior de todos se ela algum dia ousar deixá-lo emergir.

Hahn, que conhece Plaza desde que participou de "Parks and Recreation", disse que as duas se uniram por sua obsessão pela falecida atriz Gena Rowlands. Ela descreveu Plaza como "faminta" por tudo que é Hollywood.

"Ela é uma estudante e uma diretora de cinema à moda antiga, que fuma charutos e dá aulas de teoria do cinema ocasionalmente", Hahn escreveu em um email. "Ela ama o estrelato à moda antiga. Lembro-me dela dizendo: 'É tudo para o livro de memórias'."

Com um nome tão grandioso quanto Wow Platinum, é claro que o personagem de Plaza em "Megalopolis" não foi feito para ser interpretado como uma flor murcha: de fato, a atriz entra em cada uma de suas cenas como se fosse um prêmio a ser conquistado.

Sua Wow é uma repórter financeira ambiciosa que ama o arquiteto visionário Cesar Catilina (Adam Driver), mas se cansa de ser apenas sua amante. Determinada a governar como metade de um casal poderoso, ela mira implacavelmente no magnata bancário Hamilton Crassus 3º (Jon Voight), o único homem rico o suficiente para financiar as inovações arquitetônicas ambiciosas de seu ex.

Embora "Megalopolis" tenha recebido críticas extremamente mistas, a maioria dos críticos concorda que Plaza oferece a performance mais bem-sucedida, seja porque ela tem o entendimento mais claro do filme em que está ou porque consegue dobrar seu tom em sua direção através de pura bravata. Ou ambos. No entanto, ela ficou surpresa ao ser chamada para o papel de Wow.

"Mesmo a descrição física dela, não acho que eu seja a pessoa em que você pensaria imediatamente", ela disse (para uma encarnação anterior de "Megalopolis", Coppola teria procurado Cate Blanchett para o papel). Mas Plaza estava disposta a fazer o que fosse necessário para o filme, até mesmo descolorir seu cabelo para loiro platinado pela primeira vez. Ela se sentiu inspirada por figuras como Faye Dunaway em "Rede de Intrigas" e Nicole Kidman em "Um Sonho Sem Limites", mulheres ousadas e destemidas que buscam poder em mundos dominados por homens.

Em desenvolvimento há décadas, "Megalopolis" finalmente começou a ser filmado em novembro de 2022, depois que Coppola vendeu uma parte de seu império vinícola e autofinanciou o filme com US$ 120 milhões (R$ 675 milhões). Por todos os relatos, não foi uma produção comum.

Um relatório publicado pelo Guardian chamou a filmagem de "desastre" e citou fontes anônimas que disseram que, enquanto filmava uma cena de boate, Coppola tentou beijar algumas das figurantes. Ele disse ao Times que não era "tátil" e "muito tímido" para ter feito isso; mais tarde, disse à Rolling Stone que havia beijado algumas na bochecha, embora fossem "jovens que ele conhecia".

Questionada sobre a alegação, Plaza hesitou. "Eu não estava no set naquele dia, então realmente não sei o que aconteceu lá", ela disse. Mas admitiu que a produção não era "para os fracos de coração", com Coppola valorizando a espontaneidade e dirigindo um elenco cheio de personalidades fortes que estavam acostumadas a liderar seus próprios filmes.

"Foi uma loucura trabalhar naquele filme", disse Plaza. "Minha mentalidade todos os dias era 'cada um por si; só os fortes sobrevivem aqui'."

Qualquer cena estava em disputa, já que Coppola era tão propenso a dizer a Plaza que "na próxima tomada, você é uma aranha", quanto a seguir uma ideia dada por seu barista. "Havia dias em que eu ia para o set pensando que estávamos prestes a começar a filmar", ela disse, "e em vez disso, Francis dizia: 'Eu gostaria de jogar um jogo.' " Ao lembrar disso, ela imitou o som de um disco arranhando.

Embora Plaza se sentisse inspirada pela abordagem não convencional de Coppola, ela também sabia que, se não conseguisse reivindicar seu espaço nesse material em constante mudança, corria o risco de ser apagada da tela. Entre as tomadas, ela permanecia no personagem, esperando canalizar a força de Wow como um mecanismo de sobrevivência.

"Mesmo no carro a caminho do set, eu me transformava em Wow", ela disse. "Eu pensava: 'OK, estou apavorada agora, estou tendo um colapso nervoso como eu mesma, mas Wow não está. Ela pode lidar com qualquer coisa'. E eu mudava como uma lâmpada: 'É hora de Wow'."

Plaza disse que os atores que estavam dispostos a improvisar acabaram se mostrando mais aptos a navegar pela produção. "Se você não estivesse, então seria devorado vivo", ela disse. "Você tinha que ser confiante e ter um plano porque nem tudo estava no roteiro."

E mesmo as páginas poderiam vir de qualquer lugar. Quando ela conheceu Voight antes do teste de câmera, o ator lhe entregou uma pilha de cenas que havia escrito à mão em seu quarto de hotel. "Ficava pensando na minha cabeça: 'Meu Deus, ele está escrevendo cenas para um filme de Coppola, ele deve estar fora de si'." Mas Voight a encorajou a fazer o mesmo, sugerindo que o que ela criasse poderia entrar no filme.

Foi assim que Plaza ajudou a criar a cena mais memorável de "Megalopolis", na qual Wow, recém-casada com Crassus, sobe em uma mesa e ordena que o filho do homem (Shia LaBeouf) a satisfaça oralmente enquanto a chama de Tia Wow. A ideia inicial de Coppola para a sequência não estava totalmente formada, então Plaza e LaBeouf tomaram as rédeas, escrevendo uma cena para seu diretor que pulsa com um vigor cômico demente.

No final, "Megalopolis" ofereceu uma experiência tão intensa quanto qualquer coisa que ela poderia reunir, disse Plaza: "Demorou muito, mas finalmente encontrei o que estava procurando, que é ter Francis me dirigindo de uma maneira verdadeiramente inspiradora e não sobre o resultado final". Quando você está trabalhando com Coppola, qualquer coisa e tudo está sobre a mesa.

No final de junho, Plaza, que é casada com o escritor e diretor Jeff Baena, comemorou seus 40 anos com uma festa de aniversário que homenageou seu ídolo de longa data, Judy Garland. Uma drag queen apresentou "Somewhere Over the Rainbow". Os cardápios do jantar foram inspirados no flyer do show de Garland no Carnegie Hall, só que com o rosto de Plaza no lugar. E, como surpresa final, membros do Coro Gay Masculino de Los Angeles saíram do armário de Plaza —"sem trocadilhos", ela disse— para serená-la com uma série de músicas, incluindo "Parabéns a Você".

A ideia de completar 40 anos é algo que Plaza explorou recentemente em "My Old Ass", no qual ela interpreta Elliott, uma mulher prestes a atingir essa idade crucial que atravessa o véu do tempo e consegue se conectar com sua versão adolescente. Se Plaza pudesse fazer isso também, ela teria alcançado todas as coisas que sua versão mais jovem esperava aos 40 anos?

"Profissionalmente, talvez, mas não sei", ela disse. "Nada nunca é bom o suficiente para mim. Sou muito exigente comigo mesma."

Ela tem se mantido tão ocupada como sempre, tendo recentemente ido de um período intenso na peça off-Broadway "Danny and the Deep Blue Sea" para a Bulgária, onde filmou uma comédia para maiores de idade chamada "Animal Friends", com Ryan Reynolds, e depois para Albuquerque, no Novo México, onde gravou o próximo drama criminal de Ethan Coen, "Honey Don’t". Mas ainda há duas coisas que ela sempre sonhou em fazer. Uma é essa estreia na direção, mas a outra é ainda mais tentadora: ela realmente, realmente quer apresentar o Oscar.

Embora muitas estrelas recusem o trabalho de alto risco, Plaza está abertamente buscando isso. Depois de algumas apresentações espirituosas no Independent Spirit Awards, ela se sente pronta para comandar a maior noite de Hollywood. Em um recente jantar com John Waters, ela conheceu alguns executivos da academia e se ofereceu para a posição, argumentando que o apresentador precisa ser alguém que se importa profundamente com filmes.

"Me deixa louca quando você vê um Oscar ruim porque este é o grande evento, são todas as pessoas mais brilhantes que fazem filmes para o mundo inteiro, então não podemos fazer o melhor show?", ela disse. "Estou colocando isso no universo, estou manifestando, porque eu vivo para filmes. Eu me importo."

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