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Cinema e Séries
Descrição de chapéu Opinião - Vitor Moreno

Oscar 2024 consagrou 'Oppenheimer', mas festa foi dominada por 'Barbie'

Transmissão no Brasil foi marcada por falhas e deixou de mostrar categoria inteira

Ryan Gosling é carregado em meio a máscaras da personagem Barbie durante performance de 'I'm Just Ken' - Mike Blake - 10.mar.2024/Reuters
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São Paulo

Ok, "Oppenheimer" foi o grande campeão do Oscar 2024. O filme sobre o criador da bomba atômica levou sete estatuetas, incluindo as de melhor filme, diretor (Christopher Nolan), ator (Cillian Murphy) e ator coadjuvante (Robert Downey Jr.). Mas a festa foi dominada por "Barbie".

O filme sobre a boneca de plástico recebeu deferências pouco comuns para produções que saíram da festa com apenas um prêmio —e nem era em uma das categorias principais, mas na de música original, muitas vezes dominada por animações da Disney.

Já na abertura, o apresentador Jimmy Kimmel —que estava à vontade em sua quarta vez comandando a maior premiação do cinema americano— apareceu em um ponto de ônibus contracenando com Margot Robbie como a versão humana da boneca de plástico. E refez de forma bem humorada uma das cenas do filme de maior bilheteria de 2023.

Em seu monólogo de abertura, "Barbie" também foi citado antes de "Oppenheimer". O apresentador lembrou que ele tinha sido "o maior filme do ano" e brincou com o fato de a diretora Greta Gerwig ter transformado a boneca em "um ícone feminista".

Ao ouvir os aplausos efusivos da plateia, lembrou que ela tinha sido esnobada na categoria de direção e disparou: "Não finjam que vocês não têm nada a ver com isso". Uma referência ao fato de que são os próprios membros da Academia que escolhem indicados e vencedores.

Na sequência, ainda lembrou que Margot Robbie também foi esnobada e que Ryan Gosling, o Ken do filme, tinha poucas chances na categoria de ator coadjuvante. E os consolou dizendo que ambos já haviam ganhado na "loteria genética".

A música "What Was I Made For" foi interpretada de forma sussurrada por Billie Eilish, acompanhada de seu irmão, Finneas O'Connell, ao piano. Ela levou a categoria de canção original (o segundo dela, que aos 22 anos se torna a pessoa mais jovem a ter dois Oscars), e agradeceu às amigas que brincavam de Barbie com ela quando criança.

Porém, o show da noite foi de Ryan Gosling com a hilária de "I'm Just Ken", saindo do meio da plateia com um paletó cor-de-rosa com brilhantes incrustados e luvinhas de couro combinando. A performance teve direito a coreografia com vários bailarinos no palco e participação de mais atores do filme, como Simu Liu e Ncuti Gatwa. O guitarrista Slash, ex-Gun N' Roses, apareceu de surpresa, e Ryan ainda desceu do palco e botou estrelas como Emma Stone (vencedora do Oscar de melhor atriz, uma das poucas surpresas da noite) para cantar de improviso. De longe, o momento mais animado da noite.

Na sequência, Jimmy Kimmel ainda fez menção a leiloar as calças usadas pelo ator na apresentação. Só para depois desistir e dizer que ele mesmo levaria a peça para casa.

Gosling ainda protagonizou outro momento alto da noite, desta vez ao lado de Emily Blunt, indicada a atriz coadjuvante por "Oppenheimer". Antes de fazer uma homenagem aos dublês que tornam possíveis as cenas de ação dos filmes, eles brincaram com a rivalidade entre as produções em que ambos estavam envolvidos e o fenômeno "Barbenheimer" (a junção dos nomes dos dois filmes).

Ele alfinetou dizendo que "Oppenheimer" surfou na onda de "Barbie" durante todo o ano; ela disse que ele estava "Kensplaining" (mansplaining, mas com Ken no lugar de "man"). Eu ri alto nas duas ocasiões.

Outra dupla de atores do filme, America Ferrera e Kate McKinnon, também entregaram prêmios. No caso, os de documentário de curta e longa-metragem. A primeira também estava indicada a atriz coadjuvante, mas quem ficou com o prêmio foi Da'Vine Joy Randolph, de "Os Rejeitados", que fez um bonito discurso sobre autoaceitação.

Tão bonito, aliás, que emocionou a atriz Andréia Horta, que participava da transmissão no Brasil ao lado de Ana Furtado e da jornalista Aline Diniz para o canal pago TNT e para o serviço de streaming Max. O trio dividiu opiniões nas redes sociais.

Alguns elogiavam o envolvimento da atriz, que (ao contrário de Gloria Pires em 2016) foi capaz de opinar sobre todos os prêmios, enquanto outros acharam "over". Já Ana Furtado fez questão de repetir à exaustão que havia assistido tudo, como para prevenir os haters (ah, se isso fosse possível!). Aline Diniz estava correta, mas a transmissão não precisava ter colocado a jornalista dançando na tela enquanto Ryan Gosling se apresentava.

Não foi só esse deslize que marcou a transmissão. Desde o começo, houve falhas na exibição das imagens vindas de Los Angeles, o que acabou fazendo com que a categoria de melhor curta de animação tenha passado completamente batido para quem assistia —o vencedor foi "War Is Over!", produzido por Sean Lennon, filho de John Lennon e Yoko Ono, e inspirado na música do pai dele.

A categoria seguinte, longa de animação (vencida por "O Menino e a Garça"), também foi parcialmente prejudicada. "Voltou o sinal, vamos pro Oscar!", comemorou Furtado, após as três brasileiras encherem bastante linguiça enquanto o problema se resolvia.

Do meio para o final da cerimônia, o descompasso pareceu melhorar. Porém, as escolhas da direção ainda atrapalharam o andamento. O encerramento de Jimmy Kimmel, por exemplo, foi preterido pelos comentários finais do trio no estúdio. Mal esperaram a equipe de "Oppenheimer" comemorar o prêmio de melhor filme no palco, o que —somado à apresentação pouco empenhada de Al Pacino— tornou o final completamente anticlimático.

Ao menos a cerimônia começou uma hora mais cedo que o habitual, fazendo com que seu término não avançasse pela madrugada. Deu até para assistir à formação de paredão do BBB 24 depois.

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