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Cinema e Séries
Descrição de chapéu Cinema

Seu Jorge diz que 'Medida Provisória' é um alerta: 'Não devemos nos calar'

Primeiro filme dirigido por Lázaro Ramos discute racismo e opressão

Cena do filme 'Medida Provisória' Mariana Vianna/Divulgação

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São Paulo

"Não queremos viver em um país que mata jovens negros, que maltrata mulheres, que é homofóbico". A frase é de Seu Jorge, 51, que está no elenco do filme "Medida Provisória", que estreia nos cinemas nesta quinta (14). "Através desse trabalho fazemos um alerta. Somos resistência e não devemos nos calar", diz ele.

O longa, o primeiro dirigido por Lázaro Ramos, 43, mostra um futuro distópico, em que o Brasil obriga seus cidadãos negros a irem para a África como forma de reparar os tempos de escravidão. Mas Antônio (Alfred Enoch); sua companheira, a médica Capitu (Taís Araujo); e seu primo, André (Seu Jorge), decidem resistir.

O filme surgiu de um espetáculo teatral de 2011 de nome "Namíbia, Não!", do roteirista Aldri Anunciação, que agora integra o elenco da versão ao cinema. Ramos adaptou a história para as telonas em 2015 e filmou em 2019, mas por causa da pandemia o lançamento atrasou.

"Queríamos transformar essa trama em cinema, mas nenhum cineasta pegou. Fui assumindo esse lugar na direção aos poucos. O maior desafio foi levar ao cinema uma mistura de gêneros com verba modesta", disse Ramos, que queria mostrar uma história fictícia, "mas vemos esse futuro distópico não tão distante".

Na trama, toda a perseguição aos negros começa com uma medida proposta pela parlamentar Isabel, vivida por Adriana Esteves. Para a atriz, "o lado opressor" do filme. "Uma pessoa totalmente nociva à sociedade. É muito assustador e um grande problema o estrago que uma pessoa como ela pode fazer quando ganha poder", avalia Esteves.

A partir desse enredo, se desenrolam as histórias do jornalista André (Seu Jorge), seu primo Antônio (Alfred Enoch) e de sua namorada, a médica Capitu (Taís Araújo). "Não queremos viver num país que mata jovens negros, que maltrata mulheres, que é homofóbico", diz Seu Jorge, que é responsável pelo lado mais humorado e sarcástico do longa.

"Foi bom chegar nesse momento [do lançamento ser em 2022] para mostrar que não queremos esse governo atual. Não queremos censura, autoritarismo. Esse filme mostra que, se não discutirmos essas questões agora, daremos ferramenta para o mal que não descansa", emenda o ator e cantor.

O personagem de Jorge trata a violência que sofre com uma postura mais arredia e por vezes agressiva. Porém, o primo Antônio é o oposto. "Ele acredita desde sempre no poder da palavra e eu também sou assim. Creio que a melhor maneira de transformar a sociedade é na base do diálogo", aponta Enoch.

A médica Capitu, de Taís Araújo, é a primeira a encontrar um afrobunker onde muitos negros estão escondidos. É nesse lugar que acontecem os principais debates sobre o racismo e a opressão sofridos. É lá que corre um julgamento quando um homem branco aparece e se diz um antirracista.

"Essa minha personagem poderia ter ido por diversos caminhos, mas preferimos mostrar essa negra criada em ambiente de privilégio branco que também existe. Mas ninguém está livre do racismo. Não há outra escolha quando se nasce negro no Brasil", explica a atriz.

Mariana Xavier também está no elenco, como Sarah, uma pessoa que ajuda e torce demais pela fuga dos amigos. A atriz conta que, no momento em que recebeu o convite de Lázaro Ramos, aceitou na hora. "Ele falou que eu era a branca mais legal do filme", conta ela, rindo.

"Li o roteiro numa tacada só e fiquei arrepiada. Não existe papel pequeno quando se conta uma grande história. Eu, pessoalmente, tento ser o que a Sarah é: uma aliada na luta antirracista", diz Mariana.

Além da história, "Medida Provisória" também traz sua mensagem na trilha sonora com músicas de Rincon Sapiência, Baco Exu do Blues, Liniker e Elza Soares (1937-2022). "Queria um registro da música preta jovem brasileira", diz Lázaro Ramos.

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