Filme de terror nacional, 'Morto Não Fala' tem susto, possessão e sangue
Aclamado em festivais, longa estreia nesta quinta e vai virar série na Globo
Aclamado em festivais, longa estreia nesta quinta e vai virar série na Globo
O cardápio de filmes de terror brasileiros tem ficado mais diverso a cada ano. Após exemplos como “O Rastro” (2017), “Animal Cordial” e “As Boas Maneiras”, ambos de 2018, que misturam sobrenatural com terror psicológicos e questões sociais, estreia quinta-feira (10) “Morto Não Fala”, de Dennison Ramalho.
Ambientado na periferia de São Paulo, o filme conta história de Stênio (Daniel de Oliveira), um funcionário do IML (Instituto Médico Legal) da zona leste de São Paulo que tem a habilidade de conversar com seus clientes além-túmulo. A maior parte deles é vítima de crimes violentos.
Stênio tem um casamento nada feliz com Odete (Fabiula Nascimento) com quem tem dois filhos. De tantas vozes que ouve, Stênio sofre uma virada em sua vida quando descobre, da boca de um dos defuntos, que é traído pela mulher com Jaime (Marco Ricca, de “O Invasor”), pai de Lara (Bianca Comparato).
Os fantasmas de seu trabalho nas madrugadas invadem a casa de família com direito a muito susto, cenas de possessão e sangue. A trama foi inspirada em um conto de Marco de Castro, da época em que ele trabalhou como repórter policial do jornal Agora, do Grupo Folha, entre 2000 e 2006.
"Ele começou a escrever essas histórias de terror inspiradas nas coisas que via na cobertura de casos policiais. Quando li o blog dele de contos, fiquei louco com as histórias. Primeiro, fiz um curta de ‘Ninjas’”, conta o diretor, citando os blogs de Castro: "Desgraceira", com fatos reais, e "Casa do Horror", de ficção.
Ramalho pensava que "Morto Não Fala" seria mais um curta no seu currículo até que a Globo decidiu transformar a história em um seriado. "A produção gerou muitas dúvidas porque seria a primeira série de terror assumida da emissora. Já tiveram algumas séries que flertaram com o gênero, mas essa seria para valer”, diz o diretor. Ficou decidido, então, que a história viraria um filme antes.
A boa repercussão de "Morto não Fala" em festivais pelo mundo fez garantir, ao menos, a primeira temporada da série. “Chegamos também em festivais de filmes normais”, brinca o diretor. O longa foi indicado a duas premiações do terror na Espanha, foi exibido no Festival Internacional de Cinema de Roterdã, na Rússia, e outros lugares que o diretor ficou sabendo depois. “Amigos me ligavam dizendo que foram a um festival em Istambul e viram o filme”, conta Ramalho.
A escolha técnica do diretor foi literalmente fazer os mortos falarem. “Não usamos pessoas de verdade porque a ideia era ter um corpo completamente inerte, sem respiração alguma, por isso decidimos animar [digitalmente] o rosto”, conta Ramalho. Na cenas, bonecos são costurados por Stênio enquanto efeitos digitais no rosto simulam a conversa do morto com o funcionário.
Bianca Comparato e Daniel de Oliveira ficaram felizes em receber um convite desse tipo. “O Brasil tem uma história com o Mojica [o Zé do Caixão], mas é bem difícil hoje termos a proposta de um filme desses, ainda mais com esse lado social, afirma Bianca Comparato. Ela vê a importância de chamar a atenção de como a violência é banalizada pela sociedade. “Temos altos índices, principalmente no Rio, e não podemos deixar isso começar a ser normal”, avalia a atriz.
Para se preparar para interpretar Stênio, Daniel de Oliveira visitou um IML e chamou a colega para viver a experiência. “Impressiona demais, porque é um cheiro que fica. Chamei a Bianca, mas quando passei da porta e olhei para trás, ela tinha desaparecido”, conta o ator aos risos. “Só não dei conta de ver a ala das crianças, foi meu limite”, diz Oliveira, que chegou a pedir para abrir o zíper de um dos defuntos e visitou outras alas do local.
O apoio da Polícia Científica de São Paulo e de Porto Alegre ajudou o diretor a construir mais histórias vividas por Stênio no longa. “Eles falaram de tragédias como uma onda de calor em Porto Alegre e um desmoronamento de terra que lotou o IML a ponto de não ter onde colocar corpo”, conta Ramalho.
“Todos que trabalham nesse meio têm profissões muito marginalizadas e eles são vistos como pessoas perturbadas que gostam de trabalhar com isso. Então, todos abriram o coração para nós”, completa o diretor.
Na hora de filmar, no entanto, o clima é de descontração. “Vocês assistem com essa trilha sonora que dá todo o suspense. A gente faz a coisa meio na brincadeira, morria de rir depois da cena”, revela Oliveira.
A participação de duas crianças no elenco –filhos de Stênio– também obrigaram a deixar o ambiente mais leve. “Deu para filmar algumas coisas sem que as crianças entendessem exatamente o que estava acontecendo e levamos tudo para o lúdico”, afirma Comparato.
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