Filme '10 Segundos para Vencer', que retrata a vida de Éder Jofre, entra em cartaz nesta quinta

Depois de “Mais Forte que o Mundo”, com José Loretto no papel do lutador de MMA José Aldo, mais um filme conta a história de um importante lutador brasileiro. Ou talvez do maior deles.

“10 Segundos para Vencer”, que chega a 285 salas de cinema do país nesta quinta (27), lembra toda a trajetória de Éder Jofre, 82 anos, o primeiro brasileiro a ser campeão mundial de boxe.

O ator Daniel de Oliveira encarna o ex-boxeador, enquanto Osmar Prado vive Kid Jofre (1907-1974), o pai do atleta, responsável por treiná-lo e alçá-lo ao estrelato. O longa apresenta Jofre desde a sua infância, quando via o pai treinando o tio Zumbanão (Samuel Toledo), até atingir a fama mundial.

Daniel de Oliveira se preparou durante um ano ao saber que ganharia o papel. “Treinei para caramba quase que diariamente, enquanto o filme era desenvolvido. Já faço krav magá e pedi ao meu professor que me indicasse um especialista em boxe. A partir daí, fiz incursões no mundo desse esporte. Passei por diversos ringues para treinar e escutar outras histórias emocionantes de vida”, revela o ator.

Com um ano de treinos e alguns olhos roxos, Oliveira também adquiriu o sotaque e os trejeitos de Éder Jofre para o filme. “Assisti a diversas lutas do Éder para estudar os movimento dele. Além disso, fiz um quartinho só com fotos dele para acordar e já levá-lo para o meu dia. Não foi fácil fazer o sotaque. Ele é paulistano, mas tinha o pai argentino e isso deixava o jeito de falar dele muito específico”, lembra o ator.

Segundo o diretor José Alvarenga Jr., Daniel de Oliveira fez cenas com lutadores reais de boxe para aprender a apanhar. “Tudo do Éder Jofre estava documentado. O mais impressionante dele era a resistência física. Ele ficava bom tempo apanhando e, de repente, levantava e dava um soco que acabava com o adversário”, diz Alvarenga.

O filme traz imagens da época, mas também refaz lutas importantes. “Escolhemos a luta dele contra o José Medel [1938-2001] porque marcou o início da carreira dele. Outra que refizemos foi a sua volta por cima, em meio à ditadura militar”, lembra o diretor. A primeira luta de Jofre foi em 1960, em Los Angeles. Já em 1963, quando perdeu para o japonês Harada, no Japão, Jofre decidiu se afastar do boxe.

Osmar Prado diz que o papel de Kid Jofre veio no momento certo de sua vida. “Por trás de todo o sucesso do Éder estava o pai. Antes, o tio Zumbanão iria ser o esteio da família, mas ele não teve a cabeça que o Éder teve. O grande triunfo desse trabalho é eu estar amadurecido a ponto de ter o domínio necessário da emoção, já que se tratava de uma geração que não podia externar as suas emoções. Esses sentimentos ficam implícitos”, afirma Osmar Prado.

​ÉDER JOFRE AJUDOU NA PREPARAÇÃO

O ex-pugilista Éder Jofre, 82 anos, não só foi à pré-estreia do filme “10 Segundos para Vencer” como manteve contato com a produção e com os atores do filme. Há três anos, ele foi diagnosticado portador de encefalopatia traumática crônica, doença que afeta a memória e as funções motoras, comum em atletas que sofrem pancadas na cabeça.

Para Osmar Prado, é emocionante estar em uma história que fez parte de sua vida. “Sou contemporâneo do Éder. Eu tinha 13 anos quando ele se sagrou campeão mundial. Tivemos o privilégio de ver tantas vitórias naquele tempo. Tínhamos sido campeões de futebol com Pelé, quando o Éder apareceu dentro de um esporte pouco representativo no Brasil e acabou se tornando campeão mundial do peso-galo”, lembra Prado.

Oliveira conta que já sonhava em interpretar o pugilista nos cinemas, desde que assistiu ao documentário “Éder Jofre, Galo de Ouro” (2012). “Eu estava no banho e dei um soco na parede dizendo que interpretaria o Éder Jofre. Rolou essa grande viagem”, brinca o artista.

Oliveira inclusive ligou para o ex-lutador. “Na época, ele disse que já havia o projeto de um filme sobre ele em andamento, mas eu não imaginava que seria selecionado”, conta.
A partir da notícia de que faria o filme, o ator não só estudou a trajetória do ex-boxeador como conversou com ele para entender mais sobre seus pensamentos.

PREMIAÇÕES EM GRAMADO

O filme “10 Segundos para Vencer” foi sucesso de crítica logo ao ser lançado no Festival de Gramado (RS), em agosto. Aos 71 anos, Osmar Prado levou o seu primeiro prêmio no cinema.

“Recebi prêmios na TV e no teatro e já tinha sido indicado a papéis no cinema, mas nunca achei que iria ganhar”, afirma o ator, que já chegou a ir embora durante premiações e se surpreendeu com a sua estreia. “Ouvir o seu nome lá em cima é indescritível”, afirma Prado, emocionado.

Samuel Toledo, que vive Zumbanão, levou o Kikito de melhor coadjuvante. “Foi um desafio porque eu não tinha registros dele. Um grande boxeador, mas que não teve cabeça nem controle para se dedicar”.