BBB21: Final tenta arrancar alegria na noite mais triste do ano
Morte do ator Paulo Gustavo comoveu o público e tirou o brilho do reality
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E aí, o imponderável aconteceu. O BBB 21, o Big dos Bigs, terminou na noite menos festiva do ano. O Brasil ainda em choque com a morte de Paulo Gustavo, e o reality tentando criar uma euforia impossível.
Como se não bastasse, o resultado era previsível e anticlimático. Só os cactos mais exaltados devem ter vibrado com a vitória de Juliette Freire, cantada em verso e prosa por todas as enquetes há vários dias.
Para muitos de nós, o BBB perdeu metade de sua graça com a saída de Gil do Vigor no domingo (2). O noticiário trágico desta terça (4), que culminou com o falecimento do comediante, deixou todo mundo murcho.
No primeiro intervalo comercial, Tiago Leifert contou aos finalistas sobre Paulo Gustavo. Os três, que nem sequer sabiam que o ator havia sido internado em março, reagiram com espanto e tristeza, em depoimentos mostrados no segundo bloco. Foi uma decisão correta da produção do programa: em tempos de internet, não dá mais para fingir que nada aconteceu.
Mas o show tem que continuar. Seguiram-se as apresentações dos quatro cantores que participaram do grupo Camarote e foram eliminados bem antes da final: Rodolffo (com seu parceiro Israel), Projota, Karol Conká e Pocah. Projota ainda voltou, junto com seu ex-desafeto Lucas Penteado. Pelo menos naqueles instantes, as mágoas pareciam todas esquecidas.
E dá-lhe retrospectiva, melhores momentos, as trajetórias de cada um. Nem mesmo os finalistas devem ter gostado de rever pela enésima vez estas cenas, ansiosos por sair da casa. Enquanto isto, a cada break, Renata Lo Prete aparecia com mais detalhes da morte de Paulo Gustavo.
Com mais de duas horas de duração, o encerramento do BBB 21 foi longo demais. Fenômeno de comercialização, esta edição do reality tinha que satisfazer a uma fila de patrocinadores. Pena que, justamente no último dia, não havia o menor clima.
Nem mesmo para fazer um balanço crítico da temporada, que merece uma análise a frio. Porque houve de tudo: racismo, machismo, homofobia, terror psicológico. Também rolou muita intriga e cachorrada, graças ao elenco mais bem escolhido de todos os tempos. Na minha opinião, a única que não funcionou a contento foi Thaís Braz, que se deixou apagar.
Claro que há muito o que aperfeiçoar, mesmo com o BBB no ar há duas décadas. Público e anunciantes se horrorizaram com as atitudes de alguns participantes deste ano, que mereciam ser punidos não só por violência física. O regulamento deve vir com novidades em 2022.
Ainda é incerto se celebridades serão novamente convidadas. Aliás, é incerto se elas irão aceitar o convite. As carreiras de Karol Conká, Projota e Nego Di saíram com abalos consideráveis, e talvez a de Viih Tube também. Já para Pocah, Rodolffo, Carla Diaz, Fiuk, Camilla de Lucas e até mesmo Lucas Penteado, que desistiu na segunda semana, o saldo é largamente positivo.
Ninguém se deu melhor do que Tiago Leifert. Em sua quinta temporada à frente do programa, o apresentador está mais afiado do que nunca. Também é próximo do jogo, sem o distanciamento olímpico que Pedro Bial às vezes demonstrava. Seus textos de eliminação foram evoluindo do escárnio ao mais puro carinho.
E no final deu mesmo Juliette, com inacreditáveis 90,15 % dos votos. Confesso que sou imune aos encantos da maquiadora: ainda não entendi como tantos brasileiros foram hipnotizados por ela. Mas é inegável que ela jogou bem e rendeu bem. Uma digna vencedora de um BBB bastante atribulado.
Curiosamente, este ano o segundo (Camilla de Lucas) e o terceiro lugares (Fiuk) foram anunciados depois da grande campeã, ambos com votações irrisórias. Talvez porque todo mundo já soubesse quem havia ganhado.
Adeus, BBB 21. Queríamos ter nos divertido mais nessa última noite, mas a vida não deixou. Um beijo, Paulo Gustavo.