Tony Goes

Beyoncé controla sua imagem e sua obra como nenhum outro artista

 

 
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O tsunami Beyoncé está varrendo o mundo. No sábado (23), “Lemonade”, o novo “álbum visual” da cantora, foi exibido pela HBO americana e disponibilizado para streaming na plataforma Tidal.

Na quarta (27), a turnê “Formation” teve sua estreia em Miami. E parece que a internet não tem outro assunto. Tudo isso sem uma única entrevista. Uma mísera aparição num “talk show”. Um tuíte que fosse. Beyoncé lançou seu novo trabalho quase sem aviso, como um avião soltando uma bomba. Nem olhou para trás.

Claro que ela já atingiu um nível de superestrelato que garante que qualquer coisa que faça atraia a atenção da mídia. Mas até isso Beyoncé já transcendeu: hoje ela é a senhora de sua própria narrativa, com muito mais eficiência do que qualquer outra celebridade.

Vejamos o caso da suposta infidelidade de seu marido Jay-Z. Há tempos que circulam boatos de que o rapper costuma pular a cerca —especialmente com as novatas a quem ele dá uma força no começo da carreira, como Rihanna ou Rita Ora. Mas nada jamais foi confirmado.

 

​ ​ Em maio de 2015, conseguimos espiar pelo buraco da fechadura. Ou melhor, pela câmera de um elevador. Solange, a irmã mais nova de Beyoncé, avançou no cunhado quando todos saíam do gala do Met, em Nova York.

Os tabloides comentaram que ela estaria defendendo a maninha, mas a fofoca morreu por aí. Beyoncé não foi ao programa da Oprah explicar o que aconteceu, nem soltou um pio sobre o ocorrido.

Deu-se até ao luxo de não abrir a boca quando foi capa da cobiçada edição de setembro da “Vogue” americana, a mais importante do ano. Só agora ela se referiu ao incidente, e de maneira indireta.

Na letra de “Sorry”, uma das faixas do novo álbum, ela acusa o marido de dar trela a uma tal de “Becky do cabelo bom”. Milhões de internautas puseram-se à caça dessa sirigaita, e várias candidatas já apareceram.

Mas Beyoncé parece já ter virado a página: Jay-Z estava com ela na estreia de seu show, e o casal exalava a mais perfeita felicidade.

Nenhum outro artista consegue esse equilíbrio entre superexposição e privacidade. Nem mesmo Madonna, saudada durante muito tempo como um gênio da autopromoção.

Mas Madge teve seu “Rebel Heart” vazado na internet antes de ficar pronto, o que afetou as vendas do álbum.

Já “Lemonade” continua pouco acessível. Depois de alguns dias onde só podia ser apreciado pelos assinantes do Tidal, agora ele pode ser comprado na iTunes Store e na Amazon.

Mas não está no Spotify ou no Apple Music, e menos ainda no YouTube. Como que Beyoncé consegue tamanho controle sobre sua obra e sua imagem? Taí um caso que merece ser estudado pelos marqueteiros.

 

Tony Goes

Tony Goes (1960-2024) nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu em São Paulo desde pequeno. Escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. Ele também atualizava diariamente o blog que levava seu nome: tonygoes.com.br.

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