Renato Kramer

'A Tempestade': um Shakespeare envolto no mundo mágico de Gabriel Villela

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Como parte das comemorações dos 50 anos do Tuca (Teatro da Universidade Católica de São Paulo), o Tucarena está recebendo um belo espetáculo: "A Tempestade", considerada a última peça escrita por William Shakespeare, na versão do premiado diretor Gabriel Villela.

O espaço, que poderia dificultar a encenação por ser em forma de arena, ao contrário: foi muito bem adaptado para acolher o espetáculo, na medida em que a cenografia do próprio Villela e Márcio Vinicius junto aos adereços cênicos de Shicó do Mamulengo sob a luz difusa de Wagner Freire se complementam com maestria para criar o universo onírico sugerido pelo autor.

O figurino, também de Gabriel Villela e José Rosa, traz o acabamento perfeito para o estilo mítico do todo. De extremo bom gosto, rico em detalhes, superposições, bordados e brilhos na exata medida —tudo em tons terrosos, marrons, mostarda e magenta. O figurino de "A Tempestade" é um espetáculo à parte. A música ao vivo, um toque de classe.


Já ao adentrar o Tucarena o espectador é envolto pelo clima teatral e fantástico do ambiente. E a magia se instaura desde o ritual de entrada dos atores em cena, demonstrando um evidente espírito de equipe que se consolida na realização a seguir.

O elenco afinado em todos os sentidos, na interpretação e no trabalho vocal por conta de Babaya, que também assina a direção musical ao lado de Marco França, é encabeçado pelo consagrado e talentoso Celso Frateschi (Próspero), e conta ainda com o experiente Hélio Cícero (Caliban), o premiado Chico Carvalho (Ariel), Leticia Medella (Miranda), Marco Furlan, Rogério Romera, Felipe Brum, Rodrigo Audi, os divertidos Dagoberto Feliz e Romis Ferreira e Leonardo Ventura, que marca presença com o seu controverso Rei Alonso de Nápoles.

Alguns estudiosos afirmam que em "A Tempestade" o velho bardo homenageou a si próprio com citações de obras suas anteriores. No espetáculo de Villela nem é preciso ser um estudioso para perceber que o diretor faz menções claras a antigos espetáculos seus de sucesso que permearam a sua brilhante trajetória. "A Tempestade" do Tucarena tem a cara do Gabriel", pode-se dizer em linguagem mais informal. E é uma cara ótima, que esbanja talento e sensibilidade.

Teatro feito por quem ama teatro para quem realmente ama assistir teatro: isso é o que resume "A Tempestade" de Gabriel Villela, em cartaz no Tucarena (SP) até 22 de novembro.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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