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Thiago Fragoso diz que procura 'desapegar' e não defender seus personagens na TV

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Thiago Fragoso falou do seu processo de trabalho, de suas crenças e objetivos com a sua função de ator em sua entrevista ao "Ofício Em Cena" (Globo News) do último domingo (14).

"Eu sempre tive vontade de interpretar um homossexual", confessa Thiago, que fez história com o Niko, de "Amor À Vida" (2013). "Porque eu achava um desafio, e achava que eu podia fazer de uma forma que eu não tinha visto ser feito ainda". Ao lado de Mateus Solano (Félix), ele causou grande polêmica ao realizar o primeiro beijo gay em horário nobre.

"Eu achava que, a forma que eu havia visto a maioria das pessoas fazerem era sempre uma coisa mais para a comédia e eu queria fazer uma coisa totalmente para o coração. Eu queria fazer um cara que você enxergasse só a bondade dele – que o homossexualismo estivesse ali presente, mas que aquilo não fosse importante", explica Fragoso.

Questionado sobre o fato do seu 'par romântico' com um homem ter se destacado mais do que os seus pares anteriores com as atrizes, Thiago conjetura: "Os meus outros pares românticos eu abordei da mesma maneira, mas talvez por serem até dois homens, por ser muito amigo do Mateus – talvez eu tenha tido até mais liberdade, mais cumplicidade, camaradagem e tal – de poder fazer mais de verdade com ele do que às vezes eu poderia ter com as minhas parceiras que eu tenha feito par romântico anteriormente", conclui.

E acrescentou: "Era muito legal quando a gente sentava e ia decupar, ia bater o texto, falar sobre as cenas". "Vocês ensaiavam?", quis saber a apresentadora. "A gente ensaiava, o Mateus gosta de passar texto".

Quanto à sua cena marcante de "O Astro" (2011), quando seu personagem, Márcio Hayalla, desce as escadas completamente sem roupa e vai em direção à sala onde está acontecendo uma festa com uma centena de convidados, Thiago confessa: "O desafio foi fantástico! Foi uma das coisas mais incríveis que eu já fiz. Era uma coisa tão bonita o fato dele estar nu ali – ele se despe de tudo mesmo. E fazer um monólogo assim na televisão, cara, é uma oportunidade no teu ofício maravilhosa!", afirma o ator.

"Quase dois meses antes eu já tinha decorado aquela cena, de tanto que eu estava lendo, que eu estava afim de fazer. O ensaio eu fiz já só de cueca e teve gente que ficou nervoso, que nem sabia que ia ter aquela cena assim. Mas pra mim só existiam duas pessoas lá: o Maurinho (o diretor Mauro Mendonça Filho) e o Daniel (Filho, que fazia o pai de Thiago). Era só isso que existia", confidencia Fragoso.

"O seu termômetro de ator não é muito confiável. Você tem que confiar no termômetro do diretor. Primeiro porque ele é que está olhando ali no monitor, e é o monitor que manda no audio-visual – é o que está imprimindo ali é que é importante".

O ator conta também que adotou uma maneira de enfrentar as mudanças que um personagem por vezes sofre no decorrer de uma novela: "Eu não leio mais a sinopse da novela. Eu leio sobre o meu personagem, porque eu preciso saber o que é, leio aquela primeira descrição mas eu não leio até o final, sobre o que vai acontecer com a novela, como vai ser até o final – porque nunca é o que está escrito, nunca!", afirmou Vinicius de "Babilônia".

"Desapegar e não defender o personagem são duas coisas que eu exercito e que me dão mais tranquilidade", confessa o ator que diz estar evitando ao máximo tornar-se um ator burocrático. "E para isso eu tento o tempo todo estar muito vivo, me reanimando, fazendo alguma coisa para vivenciar as coisas sempre para trazer alguma coisa de novo para o meu trabalho. E eu tenho sempre a esperança de que isso possa produzir algo interessante".

Sobre sucesso e fracasso, Thiago tem tudo muito claro em sua cabeça: "O maior fantasma em termos de sucesso ou de fracasso é o próprio ator. Se você faz um sucesso, o seu maior competidor é você mesmo. Porque você tem que fazer mais sucesso do que você no seu próximo trabalho. Se a gente for se basear nessa história de querer fazer sucesso a gente está perdido! Não dá para a gente ficar buscando a aprovação. A gente tem que se basear no nosso trabalho".

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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