O tributo "Elis Por Eles" (Bis), criado pelo filho da cantora Pedro Mariano, gravado originalmente ao vivo no Teatro Positivo em Curitiba (PR) em agosto de 2012, foi ao ar nesta terça-feira (17) data em que Elis Regina (1945 - 1982) completaria 70 anos de idade.

Um elenco escolhido a dedo por Pedro Mariano, que confessou em entrevista na época do lançamento ter seguido o seu gosto pessoal, é claro, mas também "ter corrido atrás de uma coerência do universo musical que Elis percorreu ao longo da carreira dela".

Grande número de cantores desfilam no palco interpretando sucessos da mais completa cantora brasileira de todos os tempos. Alguns dos seus compositores dão depoimentos em vídeo. Tom Jobim (1927 - 1994) não poupa elogios à Pimentinha: "Tudo, né? Afinação, interpretação, aquela musicalidade, o ritmo... Ela era muito bem dotada musicalmente".

Os saudosos Jair Rodrigues (1939 - 2014) e Emílio Santiago (1946 - 2013) marcam presença. Jair, que dividia o palco com Elis no "Fino da Bossa" (Record, entre 1965 e 1968), resgata "Upa Neguinho" e "Arrastão". Santiago canta "Só Tinha De Ser Com Você".

"Mestre Sala dos Mares" fica ao encargo de Jorge Vercillo, enquanto "Nada Será Como Antes" é apresentada por Moska. Filipe Catto interpreta com suave intensidade a deliciosa "Tatuagem" e sai de cena saudando a homenageada: "Viva Elis! Para sempre, uma das maiores cantoras do mundo!".

O "professor" Cauby Peixoto aparece numa cena gravada anteriormente em estúdio, soltando o vozeirão em "Dois Pra Lá, Dois Pra Cá". O grupo vocal Roupa Nova canta "Casa no Campo" a cappella. Lenine se encarrega de cantar "Atrás da Porta". Jair Oliveira traz "Madalena" e Rogério Flausino comparece "Aprendendo a Jogar".

Diogo Nogueira empresta todo o seu gingado para "Amor Até o Fim", e Seu Jorge "Cai Dentro" com muito suingue. Chitãozinho e Xororó são aplaudidos de pé ao cantar "Como Nossos Pais". Pedro Mariano entra com "O Bêbado e a Equilibrista".

O compositor Ivan Lins também dá o seu depoimento: "Foi ela [Elis] que me tornou conhecido depois de gravar 'Madalena'. Como ela fez com muita gente. Eu fazia música pra ela, e continuo fazendo! A Elis tinha uma coisa extraordinária: o seu bom gosto. Então ela gravar algo era um carimbo de qualidade! Ter uma música gravada pela Elis era melhor do que ganhar um festival!", declara Lins.

"Eu acho que todo o mundo que viveu essa experiência de ter uma música sua na voz dela teve esse impacto emocional fortíssimo da sua vida nunca mais ser a mesma. A Elis produziu o que há de melhor na música brasileira", afirma o cantor e compositor Guilherme Arantes.

Para encerrar com chave de ouro, a própria Elis surge em vídeo cantando "Redescobrir" ao vivo, em seu show "Saudade do Brasil" (1980). Saudade de Elis, a maior.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"