Renato Kramer

Com cenas inéditas e depoimentos, 'Tim Maia - Vale o que Vier' chega imperdível à TV

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

"Preto, gordo, cafajeste e abusado, eu tinha tudo contra mim!", declara o rei da "soul music" brasileira no início da minissérie "Tim Maia - Vale o Que Vier" (Globo), que foi ao ar na última quinta-feira (1).

Sucesso no cinema no filme homônimo dirigido por Mauro Lima, a biografia de Tim Maia baseada na obra de Nelson Motta ("Vale Tudo - O Som e a Fúria de Tim Maia") chegou à telinha repaginada por Felipe Sá, trazendo algumas cenas inéditas e depoimentos do próprio Motta, de Roberto Carlos, que formou com Tim o conjunto The Sputniks (1957), e do grande amigo do síndico e eterno parceiro de Roberto, Erasmo Carlos.

O grande talento do cantor e compositor brilhante só se comparava a sua facilidade para entrar em encrencas. Chegou a ser preso duas vezes por estar no lugar errado, na hora errada e com as pessoas erradas. Quando pisava no palco e soltava a sua voz tonitruante, não tinha para mais ninguém.

Mas não foi nada fácil para o carioca Sebastião Rodrigues Maia (1942 - 1998) impor o seu talento. Precisou entregar marmitas desde cedo para ajudar a família, e foi nessa ocasião que conheceu o também jovem Erasmo Carlos, com quem manteve contato durante toda a sua vida.

"A nossa amizade foi constante desde então. Eu mantinha o Tim informado do que estava acontecendo comigo e com o Roberto aqui enquanto ele estava nos Estados Unidos, mas ele não acreditava", declarou Erasmo. E afirmou que a sua real aproximação com o "síndico" teria ficado fora da sua biografia oficial.


Na América, Tim chegou a participar de um conjunto, mas as coisas complicaram para o seu lado quando foi preso. Entre outras funções Tim Maia foi babysitter. "Olha que perigo! Você daria o seu filho pro Tim cuidar?!", comentou o autor Nelson Motta.

Ao voltar para o Brasil, Tim percebeu que tudo o que Erasmo lhe contara por carta era verdade: ele, Wanderléa e Roberto estavam na crista da onda —a "Jovem Guarda" era o sucesso do momento. Então Tim começa uma batalha para chegar até o "rei" e, quando consegue, faz a pedido de Roberto uma belíssima canção que abriria o filme "Roberto Carlos e o Diamante Cor de Rosa", "Não Vou Ficar".

"A Nice [então esposa do rei] me pediu para ajudá-lo. Mas era o que eu estava pensando em fazer mesmo, só que ficou parecendo que eu só o fiz para atender ao pedido dela", confidenciou Roberto Carlos, que deixara Tim Maia muito contrariado ao deixar o The Sputniks para seguir carreira solo, sob a orientação de Carlos Imperial. Na série, George Sauma faz um Roberto sob medida e Luis Lobianco imprime tintas fortes no seu arrogante Imperial.

Ambos atores que dão vida ao talentoso e conturbado Tim são muito bons e se entregam ao papel de corpo e alma: Robson Nunes (na fase jovem) e Babu Santana (adulto). Quanto à seleção musical, sem dúvida é a melhor parte da rica contribuição de Tim Maia ao acervo da música brasileira. Nesta sexta-feira (2), logo após a novela "Império", vai ao ar a segunda e última parte de "Tim Maia - Vale o Que Vier". Imperdível.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

Final do conteúdo
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem

Últimas Notícias