Renato Kramer

Clóvis de Barros Filho e a filosofia ao alcance de todos

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Advogado, jornalista e professor universitário --responsável pela cadeira de Ética na Universidade de São Paulo (USP)--, Clóvis de Barros Filho consegue uma proeza.

O livro que fez em parceria com Júlio Pompeu, "A Filosofia Explica as Grandes Questões da Humanidade" (Casa da Palavra), foi lançado no "Programa do Jô" e teve uma boa repercussão. É atualmente um dos cinco mais vendidos na Livraria Cultura.

E ainda tem o sua outra obra que já está na oitava edição, pela Vozes, que consta como 3º lugar em vendas do setor autoajuda, embora Clóvis não concorde muito com esta classificação: "A Vida Que Vale a Pena Ser Vivida", escrito em parceria com Arthur Meucci.

O primeiro deles surgiu de um curso ministrado pelo professor Clóvis na Casa do Saber (SP). "Grandes Questões da Humanidade" foi realizado em cinco quintas-feiras do mês de outubro passado e valeu cada segundo de aula.

A forma despojada de se apresentar, embora seja um mestre em ciência política, pela Sorbonne de Paris, e doutor em ciências da comunicação, pela USP, e especialmente o trazer à filosofia até o nosso cotidiano de forma absolutamente compreensível é o seu maior diferencial.

Assuntos que normalmente rendem "reflexões herméticas" ou "embrenhadas de academicismos" são apresentadas com muita clareza, muito humor e carisma por parte de Clóvis de Barros Filho, sem --é claro, abrir mão da fidelidade às ideias de pensadores como Platão, Aristóteles, Spinoza, Nietzsche, Maquiavel e Foucault, entre tantos outros.

Esbanjando informalidade, Clóvis chegou a comentar sobre a enorme repercussão que teve a sua entrevista no "Programa do Jô", em setembro passado: "Eu não sei o que aconteceu com essa porra! Eu já tinha ido lá dar entrevista uma vez e não aconteceu nada. Agora virou isso!".

Em diversos momentos, sempre permeados de grande conteúdo, o professor enxerta um 'causo' divertido ou uma tradução imediata do "academicismo" para o "ultra-coloquial". Estilo: ao explanar o que é Deus para Spinoza: "Deus é o mundo, as coisas como elas são. Para Spinoza, Deus é você --e você como você é".

Em seguida o professor solta: "A alegria depende de você, então deixa de ser cuzão e vá atrás da sua alegria!".

Crédito: Patricia Stavis - 6.mai.2010/Folhapress O filósofo Clóvis de Barros Filho
O filósofo Clóvis de Barros Filho

Em contrapartida, o professor pode ficar repentinamente poético, ao falar do Amor: "O amor é o que dá colorido à vida. É o amor que confere interesse a tudo que é interessante".

E acrescenta, citando a "Ética das Virtudes", de Aristóteles: "A vida para ser boa tem que permitir que você faça o que o universo espera que você faça. Você amará o mundo quando o mundo permitir que você viva bem. Você ama tudo e todos que permitem que você desabroche os seus talentos".

Traduzindo: "Se você não descobrir qual é a sua praia, a vida não tem nenhuma chance de dar certo". Simples assim.

De todos os contatos que tive com o estudo da filosofia, e não foram poucos, quem melhor trouxe as ideias e posições dos grandes pensadores de uma forma agradável, diria até deliciosa, sem nem por um segundo descuidar do conteúdo, foi o professor Clóvis. Ele sim, pode-se dizer que há muito transita em sua própria praia.

Como, infelizmente, os cursos da Casa do Saber têm preços um tanto quanto salgados para a maioria de nós, vale a dica desses dois livros que acabam por se complementar: "A Vida Que Vale A Pena Ser Vivida" (Vozes) e "A Filosofia Explica As Grandes Questões da Humanidade" (Casa da Palavra) --nos quais se encontra o estilo convidativo e impecável de tratar sobre Filosofia do talentoso professor Clóvis de Barros Filho.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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