Renato Kramer

Félix se dirige à UTI para desligar os aparelhos de Atílio assobiando "Boi da Cara Preta"

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Inadvertidamente me veio à cabeça que, caso a Valéria (Rodrigo Sant'anna) de "Zorra Total" (Globo) trabalhasse no hospital do Dr. César (Antônio Fagundes) e encontrasse Félix (Mateus Solano) assoviando "Boi da Cara Preta" nos corredores, lhe perguntaria na hora: "tá de deboche?".

Mas na verdade, no capítulo desta sexta-feira (31), o vilão estava dirigindo-se ao quarto de Atílio (Luís Mello) para desligar os aparelhos e ajudá-lo a ter uma "alta celeste: partir desta para a melhor!", segundo palavras suas.

Pois até então Félix está com sorte. Atílio acordou e não reconheceu ninguém, muito menos lembrou do que lhe acontecera. "Dr. Lutero (Ary Fontoura), o Atílio nunca mais vai lembrar do passado?", perguntou com brilho nos olhos o malvado para o velho médico.

Lutero lhe explicou que o cérebro humano, por mais que já tenha sido estudado, continua uma grande incógnita para o Homem. "Uma pena que o Atílio não vai poder responder às perguntas da polícia...", ironiza Félix. Valéria continuasse por perto, afirmaria categórica: "tá de deboche!".

E nem a "mamãezinha querida" do pérfido vilão escapa do seu humor ácido. Ele lhe pede que vá para casa "senão o seu rosto despenca!". Pilar (Susana Vieira) só consegue retrucar: "não exagera".


Quem exagerou na dose foi a Dra. Glauce (Leona Cavalli), que foi até Bruno (Malvino Salvador) jogar-lhe na cara que tudo o que fez por ele e sua filha foi por amor e não por uma simples amizade. Chorando e falando com voz de rádio-novela, Glauce soltou no melhor estilo mexicano de representar: "você acha que uma amiga faria o que eu fiz? Eu te amo! O que eu fiz não foi um gesto de amizade, foi por amor!". E o dramalhão ainda estava só no começo.

"Eu achava que a Paulinha (Klara Castanho) ia nos unir, mas ela está unindo você e a Paloma (Paola Oliveira). Tensa. "Eu sinto que por detrás disso tudo está a mão do destino!", e desaba num surto nervoso um tanto quanto over. Por instantes, deu até para ouvir ao fundo a bela voz da grande Cláudia Barroso, rainha do bolero, enfatizando o climão da cena: "a vida é mesmo assim, alguém tem que perder pra outro entrar no jogo -- perdoa meu amor, se você descobriu que tudo foi um logro" (A Vida é Mesmo Asssim).

Foi quando Glauce ouviu o que toda a mulher tem pavor de ouvir do homem que ama: "calma", disse Bruno, "eu só posso ser seu amigo...mas você pode ter certeza: não vai ter amigo melhor!". A mulher é louca pelo cara e ele lhe promete que vai ser seu "melhor amigo"? Pronto: ela "morreu de sunga branca", como se diz nas redes sociais.

Quem ainda não morreu, apesar do funéreo Félix ter conseguido desligar os aparelhos, foi Atílio que, quando já está agonizando, recebe a visita surpresa da enfermeira Joana (Bel Kutner). O vilão fica de "saia lápis, salto quinze, na areia movediça com um jacaré atrás"! Ele finge espanto. Ela se espanta de verdade. Sufoco à vista!

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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