O humorista Tom Cavalcante ficou 'De Frente Com Gabi' (SBT) neste domingo (16).

"Você saiu da Record por quê?, quis logo saber a sempre competente jornalista Marília Gabriela.

"Uma opção minha", respondeu tranquilamente Tom Cavalcante. "Depois de sete anos de trabalho, chegou um momento em que a coisa da direção, da redação, da organização geral do programa ('Show do Tom') me cansou bastante", confessou o comediante.

"O que rolou nos bastidores foi que você tinha se sentido injustiçado porque uma das 'estrelas' estava ganhando mais do que você...", insistiu Gabi. "Não. Eu vou te ser sincero", objetou o entrevistado, "depois você pode até constatar junto ao pessoal da tesouraria da emissora - eu recebia um dos maiores salários da Rede Record. Não foi por isso que eu me afastei", confirmou Tom. "O que também fez eu me afastar foi a constante mudança de horário... mas a minha saída foi sem litígio".

"Você tem uma tese que explique porque sai tanto humorista do Ceará?", pergunta Gabi. Cearense de Sobral, Tom acha essa questão um tanto relativa, mas colocou a sua opinião. "Falam que o nordeste fornece humoristas devido ao povo sofrido, pela seca... eu acho que não. Eu tenho uma tese de que aonde tem praia, as pessoas são mais soltas", diz o criador da divertida empregada Jarilene.

"Mais bem humoradas?", acrescenta a apresentadora. "Aonde há praia, as pessoas são mais felizes!", complementa Tom Cavalcante. "Mais preguiçosas?", instiga Gabi. "Também", responde Tom. "Mais sexualizadas?". "Muito. Muita testosterona!", brinca o talentoso humorista.

Tom Cavalcante começou a trabalhar aos 17 anos como revisor de um jornal de Fortaleza. Ao mesmo tempo, frequentava os estúdios das rádios FM da capital cearense por achar muito bonitas as vozes dos locutores. Descobriu muito cedo que tinha grande facilidade em imitar.

"Você imitava os animais?", perguntou Gabi. "Aos sete anos eu imitava jegue, galinha... tudo que é animal que você possa imaginar! Depois, com 17, eu já tava imitando personalidades: o primeiro que imitei foi Renato Aragão", contou Tom.

"Você acha que o humor deve ter limite?" continuou a apresentadora. "Sim", respondeu de pronto o humorista. "Existe uma regra no humor... regra não, um conceito no mundo, que é de você não agredir", afirmou Cavalcante.

Foi em 1982, na oitava vez que foi do Ceará para o Rio de Janeiro, que Tom conseguiu um contato com o então diretor do programa do mestre Chico Anysio, Stepan Nercessian, e entrou finalmente para a TV Globo como roteirista. Escreveu muito para personagens impecáveis de Chico, como Pantaleão e Painho. Só dez anos depois é que teve a oportunidade de estrear, com grande sucesso, na 'Escolinha do Professor Raimundo' o seu impagável João Canabrava.

"Você teve algum bêbado como exemplo?", perguntou Gabi. "Muitos", respondeu Tom. "Eles são todos parecidos?". "Todos são ricos, são machos e valentes", afirmou o humorista.

"Faz quase um ano que você está fora da TV... já tá dando 'siricutico'?, quis saber Marília Gabriela. "Não. Eu tenho recebido algumas consultas, mas eu continuo em modo contemplativo... eu estou trepado no coqueiro, só observando!", confidenciou Tom. "Você tá querendo o que para o futuro?". "Ficar mais um tempo fora da TV". "Mais quanto tempo?", insiste Gabi. "Até março", anuncia Tom Cavalcante.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"