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Crepe em forma de pênis divide moradores da novidadeira Ipanema, no Rio

Após queixa de 'pornografia ao alcance de crianças', loja tem fachada coberta

Creperia La Putaria - Instagram/laputariaoficial
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Rio de Janeiro

Quem diria. Sempre tão novidadeira e lançadora de tendências, Ipanema vê-se agora em meio a uma polêmica gerada pela inauguração de uma loja de nome explicitamente provocativo, que oferece produtos, digamos, diferenciados: crepes em formato de órgãos sexuais, verdadeiras impressões em 3D de pênis e vaginas em tamanho natural (ainda que questão do 'tamanho natural' varie muito de pessoa para pessoa).

Não há um dia sem fila na porta da La Putaria, que também enfrenta forte resistência da turma mais conservadora do bairro. Ela está incomodada não só com os crepes eróticos oferecidos pela lojinha cor-de-rosa, mas principalmente com a fachada, onde seu nome aparece em letras maiúsculas, adornado por um pênis estilizado entrelaçado a um coração. Aparecia. Não aparece mais.

Presidente da Associação de Moradores e Amigos de Ipanema, Carlos Monjardim diz que não sabe o que levou a lojinha a esconder sua marca, mas admite que vem sendo procurado por pessoas indignadas com a proposta da La Putaria. "Não somos beatos, mas ali perto tem várias escolas, creches, uma praça e uma igreja [de Nossa Senhora da Paz], muita gente considerou esse estabelecimento uma afronta".

Creperia La Putaria, em Ipanema, com a fachada coberta - Cleo Guimarães/Folhapress

Monjardim diz ter feito uma enquete com mais de 3.000 pessoas sobre a chegada da La Putaria ao bairro. "Mais de 60% se disseram incomodados", afirma o empresário, que, no entanto, enxerga um "lado positivo" na abertura da loja. "Movimentou aquele trecho, gerou renda e emprego", enumera. "Eu não sou contra mas a verdade é que a revolta entre os moradores mais conservadores não para de aumentar".

A creperia é a terceira de uma rede criada em 2021 em Portugal que se expandiu para Belo Horizonte e tem um horário de funcionamento pouco ortodoxo para os padrões brasileiros: só abre as portas às 15h.

O fato de estar com a fachada escondida e as portas cerradas na hora do almoço levou algumas pessoas que passavam por ali no início da tarde desta terça-feira (31) à suposição de que sua dona havia desistido da empreitada. "Uma pena, era um negócio do cacete", brincou, abusando do duplo sentido, o office boy Douglas Matos, 24.

Até entre as associações as opiniões são controversas. Maria Amélia Loureiro, à frente da Amipanema (Associação de Moradores de Ipanema) vê "com bons olhos" a nova e polêmica doceria instalada na Visconde de Pirajá, a rua mais movimentada do bairro. "Quem quer, vai. Não adianta ficar reclamando. Os incomodados que passem longe", afirma, com ares de "simples assim".

Os boatos de que a La Putaria teria sido obrigada a tapar sua fachada ou, eufemisticamente, "repreendida" pelos órgãos públicos, começou a tomar força na internet. Nos Stories da conta oficial da loja (159 mil seguidores no Instagram em um mês), há uma foto afirmando com todas as letras que ela fora censurada. Marcada pela seguidora, a creperia não desmentiu.

Faz parte do marketing da empresária mineira Juliana Lopes, 26, e de seu namorado austríaco Robert Kramer, um certo suspense na gestão do La Putaria. Assim como não entregaram logo de cara o que surgiria naquele ponto durante as obras apenas dando spoilers nas redes, desta vez eles também deixaram o povo tirar suas próprias conclusões.

Segundo Juliana, o motivo de a fachada estar tapada é bem menos polêmico ou vibrante do que os cariocas imaginam. "Tivemos um problema no licenciamento do letreiro luminoso", afirma. Ela conta que, por sugestão (e não imposição) de um fiscal, está "resolvendo tudo" para não ser multada. "Nenhuma menção foi feita sobre fechar a loja, nos obrigar a mudar de nome ou de apresentação", assegura.

Ela planeja voltar a exibir o pênis estilizado e o La Putaria, bem gritantes, já no próximo fim de semana. "A gente não expõe nosso produto de forma invasiva ou desrespeitosa, não existe apelação nem baixaria, é tudo uma grande brincadeira", diz.

Juliana dá números ao sucesso do investimento: são mais de 600 pedidos de franquias do Brasil inteiro, onde espera ser mais bem recebida em futuras parcerias. "Nunca imaginei que, logo em Ipanema, tão vanguarda, fossem implicar com a gente".

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