Paulistanos recorrem a toalhas refrescantes, roupas com UV e muito líquido para driblar calor
Cuidados vão além do protetor solar e de refeições leves
Com as temperaturas perto da casa dos 40°C em muitas cidades brasileiras, é importante redobrar a atenção com a alimentação, hidratação, e cuidados com a pele e ao praticar atividades físicas. Em São Paulo, o mês de janeiro foi o segundo mais quente na cidade dos últimos 76 anos, período em que o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) mede a temperatura oficial na capital paulista.
Com temperatura máxima média de 31,8ºC, o mês passado só perde para janeiro de 2014, quando foi registrada a máxima média de 31,9ºC. Dos 31 dias do mês, apenas cinco ficaram com temperaturas máximas abaixo dos 30ºC. Para driblar esse calorão, vale tentar de tudo.
O casal Cristina, 62, e João Donizetti Passarelli, 63, encontrou uma maneira inusitada para amenizar o calor. Eles adotaram o uso de toalhas refrescantes. São produtos feitos em poliéster e poliamida, que a pessoa molha com água fria, torce e coloca no corpo. "Dá a sensação de frescor e, como vem em uma garrafinha, levamos para todos os lugares e nos refrescamos o dia inteiro."
Já a aposentada Kalaik Sabbag Haddad, 88, recorre às aulas de hidroginástica para aliviar o calor e ingere bastante líquido. “Aqui [ela mora em um residencial para idosos] eles colocam a quantidade exata de água que precisamos ingerir durante o dia nos quartos."
O ideal, segundo a nutricionista Edvânia Soares, é ingerir 30 ml de água por peso corporal para pessoas sedentárias e 50 ml para quem pratica atividade física. Por esse cálculo, se a pessoa pesa 60 kg e não faz atividade física, ela deve beber 1,8 litro de água por dia. Alguém com esse mesmo peso, mas que faz exercícios, deve ingerir 3 litros de água.
A aposentada Jandyra Monteiro, 89, decidiu incluir água de coco ao seu cardápio. “Tomo de dois a três copos por dia." Edvânia concorda que a água do coco in natura é uma boa alternativa, mas alerta que o produto industrializado deve ser consumido com cautela.
"A saúde do idoso pode ficar comprometida nos dias quentes, já que sua menor capacidade de se adaptar à elevação dos termômetros, decorrente do processo de envelhecimento, pode levar à desidratação e à hipertermia”, observa Diego Rodrigues, enfermeiro gerontólogo e responsável pela área de saúde e bem-estar do Residencial Santa Cruz.
Os cuidados com alimentação são fundamentais. “É normal perder o apetite nesses dias quentes, mas é importante se alimentar para evitar desidratação, tontura ou mal-estar”, alerta Edivânia.
Trocar alimentos pesados e gordurosos por refeições mais saudáveis foi a estratégia usada por Elvira Cylke Magalhães, 69, nesses dias de verão intenso. “Estou optando por refeições mais leves, como muita salada, legumes e verduras e evitando carne.”
Mas os cuidados com o verão não devem ser limitados apenas às pessoas mais velhas. “Crianças, jovens, toda a família deve estar atenta aos riscos que podem vir com esses dias mais quentes”, alerta o médico Roberto Debski, especialista em medicina integrativa.
No calor, as pessoas tendem a transpirar mais e também costumam perder líquidos pela respiração. “É muito importante mantermos a hidratação adequada para que permaneçamos com saúde”, diz Debski. Uma dica é em relação às roupas, que devem ser leves, preferencialmente de tecidos naturais, como o algodão.
Além disso, ele afirma que é fundamental proteger a cabeça com bonés ou chapéus, e os olhos, com óculos escuros com proteção ultravioleta, e sempre usar fotoproteção através de filtros solares. "A atividade física deve ser adequada à idade, condicionamento físico e estado de saúde e deve ser praticada em horários de menos calor, no início da manhã ou final da tarde, lembrando de ser hidratar durante e após o exercício”, alerta Debski.
Dê preferência a ambientes climatizados ou bem arejados e cuidado com o contraste de temperatura. Se sair de um ambiente quente em que estejam muito suados e entrar em um ambiente extremamente climatizado e frio, procure se proteger com alguma vestimenta para evitar o choque térmico.
Depois de ter sido vítima de câncer de pele por duas vezes, a aposentada Elvira Cylke Magalhães, 69, não fica um dia sem usar protetor solar. "Tenho um para o corpo e outro para o rosto. E o facial uso, inclusive, à noite, porque a luz de casa também faz mal à saúde."
Ela teve o primeiro carcinoma, o segundo tipo mais comum de câncer de pele, há 10 anos no nariz e no ano passado nas costas. Nos dias mais quentes, Elvira prefere fazer as coisas fora de casa no período da manhã. “À tarde nem saio de casa.”
O médico Roberto Debski considera que o uso do protetor solar é fundamental para proteger a pele e deve ser usado, inclusive, em dias nublados. Outra dica é o uso de roupas de manga cumprida com UV, que protegem contra a radiação ultravioleta. Antes limitadas às crianças, esses produtos começam a ser usados também por adultos e ajudam a proteger dos raios solares.
Chapéus e bonés também devem fazer parte do guarda-roupa assim como óculos de sol. É importante também manter a pele hidratada tanto com o consumo de alimentos, como frutas, legumes e verduras, quanto com o uso de cremes.
“Os cremes e loções hidratantes são opções para auxiliar a hidratação e manter a pele sadia, colaborando também para uma sensação de bem-estar, pois a pele seca pode coçar ou descamar”, diz Diego Rodrigues, enfermeiro gerontólogo e responsável pela área de saúde e bem-estar do Residencial Santa Cruz.
Para regiões mais secas, como os pés e as mãos, especialistas aconselham o uso de cremes que contenham silicone e óleos vegetais e minerais. E para áreas mais delicadas, como o rosto, a orientação é que se utilize produtos com ureia ou pantenol.
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