Viva Bem

Traição de ex de Paula Fernandes reabre debate sobre limites de mexer no celular do amado

Desconfiança com aparelho pode colocar tudo a perder na relação

A cantora e compositora Paula Fernandes
A cantora e compositora Paula Fernandes - Amanda Perobelli-18.mai.2018/UOL
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Leonardo Volpato Letícia Naísa
São Paulo

Cada vez mais, crises de ciúme com relação ao celular do parceiro ou da parceira têm virado um problema. É o que aponta Antonio Belamoglie, psicanalista do Núcleo de Terapia Viva Bem. "As redes sociais são os meios de comunicação do momento, em sintonia com a agilidade dos acontecimentos e das mudanças que ocorrem no mundo. Então, desgastes nas relações devido aos celulares têm sido um conflito frequente, aumentaram muito. Mas têm muito mais a ver com o perfil de relacionamento do que com o aparelho em si."

Recentemente, a cantora Paula Fernandes, 34, revelou em uma entrevista para um canal no YouTube que descobriu que estava sendo traída depois que mexeu no celular do então namorado. Para o especialista, se o cenário é este, o ideal seria uma conversa.

"Quando há desconfiança, o primeiro passo é conversar e, junto, o casal estabelecer que tipo de relação quer ter. Paralelamente, é necessário se desfazer do padrão atual e mudar para um novo tipo de comportamento e de convivência”, opina o psicanalista.

Segundo especialistas, porém, há dicas para manter uma relação saudável. E uma das primeiras é estabelecer limites logo de cara: todo o mundo tem direito a manter sua privacidade, e isso não quer dizer que há algo a esconder.

"Invasão de privacidade é algo sério e tem acontecido bastante. É preciso tomar cuidado. Há fatores envolvidos nesse contexto, como a imaturidade e a insegurança. Se o casal tiver uma relação estável, não faz sentido ter restrições quanto a uma boa conversa para deixar claro o que incomoda”, aconselha Leila Tardivo, psicóloga e professora do Instituto de Psicologia da USP (Universidade de São Paulo).

Esse tipo de abuso e invasão aconteceu com a hoteleira Rachell Bigi, 33. Ela passou maus bocados com um ex-namorado. Durante uma briga em uma viagem, ele acessou o celular dela e usou o computador para monitorar as mensagens dela no aplicativo de conversas WhatsApp. “Ele era ciumento, às vezes, mas isso foi uma invasão, eu não fazia nada de errado”, diz ela.

Por conta do episódio, o relacionamento chegou ao fim. “Ele disse que a gente deveria ter o celular aberto, sem senha, mas fiquei muito brava”, conta. “Nunca tinha passado por isso em outros relacionamentos”, afirma.

Para Nelson Destro Fragoso, professor de psicologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, casos como estesão caracterizados pelo desrespeito. “Uma coisa é não confiar no outro. Outra coisa é a pessoa ser obrigada a partilhar suas informações. Não tem de existir essa obrigação”, analisa Destro.

Já o relacionamento entre a blogueira Ivana Pedretti, 31, e o representante técnico e comercial Pedro Pedretti, 45, continua firme, mesmo tendo sido iniciado com bastante ciúme por parte dele. O namoro começou pela internet, em 2009.

Eles usavam o extinto Orkut para se comunicar, além de trocarem emails. Porém, mesmo dependendo das redes sociais para conversar, Pedretti demonstrava ciúme. “Ele me pedia para apagar a conta, pois não gostava das mensagens que eu recebia”, explica Ivana.

Em 2012, eles se casaram. Ivana, na época, trabalhava em um banco, mas queria seguir carreira como blogueira. Para Pedretti, que é italiano, era complicado compreender a escolha da esposa. “Na Itália, as redes sociais não são um trabalho. Era difícil entender isso.”

Depois do casamento, Pedretti conta que passou a ter mais confiança em Ivana. Ele avalia que a relação evoluiu. “Comecei a entender o trabalho dela e a ver que redes sociais não são só lazer.” Para demonstrar confiança, o casal resolveu compartilhar senhas das redes sociais e dos celulares.

"É questão de praticidade, pois ela esquecia as senhas toda hora”, aponta o italiano. Embora especialistas aconselhem a cada um ter suas particularidades, eles também apoiam casais que, em comum acordo, decidem compartilhar senhas. Tudo pelo bem da relação. “Se eles se entendem, sem problemas. Se não trouxer angústias, ok. O acesso só não é legal se não for permitido”, diz Leila. 


NÃO PERCA A LINHA!

- Converse muito com o parceiro ou a parceira sobre a relação e diga o que lhe incomoda
- Confie mais em você mesmo
- Controle os níveis de estresse e de ciúme
- Caso veja necessidade, procure terapias de casal
- Estabeleça limites quanto à privacidade de cada um
- Em hipótese alguma pegue o celular nem acesse a rede social do outro
- Caso o ciúme seja algo perturbador para você, procure ajuda
- Caso receba conteúdo impróprio no celular, apague. Se achar necessário, converse sobre o assunto para não dar espaço ao ciúme
- Dê espaço para o companheiro ou a companheira ter conversas privadas com amigos
- Compartilhar as senhas é válido desde que não gere transtornos e ambos estejam em comum acordo 
- Evite fazer acusações sem provas, pois isso machuca o outro e desgasta a relação
- Verifique se as atitudes do outro são compatíveis com as suas e busque fazer ajustes
- Evite só apontar o defeito do outro; também se pergunte: “o que em mim permitiu que isso acontecesse?”

Fontes: Nelson Destro Fragoso, professor de psicologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie; Leila Tardivo, psicóloga e professora do Instituto de Psicologia da USP; e Antonio Belamoglie, psicanalista do Núcleo de Terapia Viva Bem
 

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