BBB 22: Bucket hat, segunda pele, crochê e cores fazem a moda no reality
Participantes se espelham em tendências da música pop e do streetwear
Participantes se espelham em tendências da música pop e do streetwear
Saem as bandanas que fizeram a cabeça dos participantes do Big Brother Brasil 21, e entram os bucket hats. A moda do BBB 22 é mais despojada, descontraída e em conexão com os jovens da geração Z. Não à toa, Jade Picon, 20, com suas peças em crochê, bodies e vestidos em segunda pele e até luvas, é considerada o ícone fashion da atual edição.
Em uma analogia com as redes sociais, é mais a dancinha do TikTok, e menos o "look do dia" do Instagram, segundo compara a consultora de imagem Ana Vaz. Não é como se Jade ou outros participantes do BBB estivessem inventando a roda, frisa Márcio Banfi, professor do curso de moda da Faculdade Santa Marcelina.
"Não é nada novo ou uma criação própria. Muito do que vemos no BBB são parte de tendências maiores que vêm basicamente desse streetwear, que é muito influenciado pela música pop", explica o professor.
Os bucket hats, por exemplo, viraram febre fora do Brasil já há algum tempo e surgiram na cultura de rua afroamericana e entre os rappers. Nomes como Kanye West e Rihanna são alguns do que adotaram o acessório. No BBB, além de Jade, Pedro Scooby, Paulo André, Eslovênia, Bárbara, Rodrigo e Linn da Quebrada já usaram o modelo.
A influenciadora usou, inclusive, um bucket hat de crochê, misturando outra tendência de moda que se faz presente no reality: as peças artesanais. "Também é algo que já estávamos vendo, mas quando aparece vestido por uma celebridade do Big Brother, aquilo vira uma coisa muito maior. E a gente está falando de uma tendência bem brasileira, que tem a ver com o nosso artesanato e que acaba atingindo outros lugares do mundo", diz Banfi.
"Vamos ver os crochês e o artesanato ainda por um bom tempo. É uma moda mais autoral e que valoriza esse trabalho feito à mão", complementa Ana Vaz.
Para o professor Fernando Hage, coordenador do curso de moda da Faap (Fundação Armando Álvares Penteado), Jade foi esperta ao entender o seu lugar como uma espécie de editora de moda que capta as tendências que estão acontecendo ao redor do mundo e no universo pop.
"Ela também conseguiu um equilíbrio ao usar peças de R$ 50 e outras de R$ 1.000 para mostrar que não é só o preço que conta, é o estilo. Ela soube brincar um pouco com isso, que é muito da geração dela. Não é só a ostentação ou a marca que importam. Elas têm importância, mas não são a única coisa", afirma.
Nas redes sociais, pipocam perfis que dissecam as roupas usadas pela influenciadora no reality. Além do biquíni de crochê e do bucket hat, destaques para o pijama que virou meme por parecer uma roupa para sair e o body estampado e de mangas compridas, uma parceria da Shein com a estilista filipina Pamela Madlangbayan —vendido por R$ 55,90, a peça esgotou poucas horas depois de Jade usá-la no programa.
A influenciadora, salienta Hage, também aposta na sensualidade ao usar roupas com recortes e fendas, além de bodies, vestidos e macaquinhos colados ao corpo e que parecem uma segunda pele —uma tendência chamada catsuit (nome em referência ao traje da Mulher-Gato) e que é usada pelas irmãs Kardashian Jenner, a cantora Dua Lipa, a brasileira Iza e outras celebridades.
"É uma roupa que passa uma imagem sexy natural, não é algo pesado", diz Banfi. As luvas entram nesse movimento. "Segue essa proposta da segunda pele, que estamos vendo ganhar as ruas. E são peças simples de levar na mala, que vão ocupar pouco espaço, são práticas e incrementam o look", complementa o professor Hage.
A consultora Ana Vaz concorda. "É uma moda despojada e ao mesmo tempo muito sexy. Além de ser simples e prática."
Os especialistas salientam que muito do que Jade veste está em consonância com o que é apresentado pela sua própria marca de roupa, a JadeJade, em uma clara jogada de marketing para impulsionar as vendas.
De forma geral, eles apontam que a moda no BBB é um reflexo do que está em ascensão desde 2020, com o início da pandemia. "É uma moda jovem, menos cheia de paramentos, mais confortável, gráfica e colorida", diz o professor Fernando Hage.
O ator e cantor Tiago Abravanel é um exemplo disso e outro destaque fashion no reality com seus conjuntos estampados e coloridos. "No momento em que ele aparece de uma forma fashionista e elegante, no sentido de alguém que se veste bem, ele quebra alguns estereótipos, porque as pessoas gordas se sentem representadas e à vontade de poder sentir desejo de comprar alguma coisa daquele tipo. Acho muito, muito bom", destaca Márcio Bonfi.
Assim como Jade, o neto de Silvio Santos também aproveita a oportunidade para divulgar de forma orgânica a sua marca de pijamas, a T_Jama.
Mesmo os participantes que não são fashionistas têm chamado a atenção pelo uso de peças bem coloridas. "O Viny, por exemplo, sempre faz combinações inusitadas, um shorts rosa com uma blusa verde. Ou a Brunna que estava outro dia toda de rosa pink", diz Fernando Hage.
"Percebemos essa tendência de roupas mais coloridas, festivas, para tirar um pouco essa ideia do isolamento, da tristeza dos últimos anos", acrescenta o professor.
Linn da Quebrada também se destacou no BBB logo ao entrar com uma camiseta estampada com a arte "Monumento à Voz de Anastácia", em que o artista Yhuri Cruz ressignifica a imagem da mulher escravizada com mordaça, pintada em 1817 pelo francês Jacques Etienne Arago. Na obra de reparação histórica, Cruz tira a mordaça de Anastácia.
"Quando ela entra com essa camiseta é uma mensagem do tipo: eu estou aqui, e a gente vai falar o tempo inteiro disso. É uma entrada maravilhosa", destaca Márcio Banfi.
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