Selinhos entre pais e filhos geram debate dentro e fora do 'BBB 18'; psicólogos comentam
Respeitar a vontade é o principal definidor de limites dos carinhos entre pais e filhos; dizem profissionais
Existem barreiras para demonstrações de carinho entre pais e filhos? Como defini-las? Nas últimas semanas, dois casos de pais que deram selinhos nos filhos provocaram polêmica e acenderam a discussão sobre o tema.
O primeiro deles aconteceu no "Big Brother Brasil" (Globo). Muitos telespectadores criticaram os beijos trocados entre Ayrton e Ana Clara Lima, pai e filha, então confinados na casa do reality show. Outro caso que chamou a atenção foi o do jogador de futebol norte-americano Tom Brady, marido da modelo Gisele Bündchen. Na websérie "Tom vs. Time", ele aparece dando um selinho no filho, Benjamin, 8 anos.
Para psicólogos e especialistas na área, é normal que esse tipo de comportamento provoque estranheza, já que o beijo na boca, na cultura brasileira, está mais associado aos relacionamentos amorosos e sexuais.
Apesar disso, os profissionais explicam que cada família tem os seus próprios meios e formas variadas de demonstrar afeto e que o selinho pode ser, sim, um deles. "Não há uma cartilha ou um padrão de conduta. Cada família tem autonomia para estabelecer o que
A neuropsicóloga Deborah Moss, especialista em psicologia do desenvolvimento humano, compartilha a mesma opinião. "Não podemos misturar as coisas. Uma pessoa pode assediar outra sem dar nenhum beijo na boca", alerta. Ela salienta, porém, que a vontade dos filhos sempre deve ser respeitada.
"Esse é o limite, porque é muito comum, depois que a criança começa a crescer, quando entra na pré-adolescência ou na adolescência, que ela não queira mais esse tipo de carinho dos pais. Ou, então, que ela comece a ficar constrangida com isso. A partir daí, já não é mais legal que os pais forcem a barra."
Os profissionais também reforçam que é preciso ficar claro para a criança que o selinho é permitido apenas dentro daquele ambiente familiar. "Caso contrário, ela pode querer beijar na boca a professora ou outro adulto. E isso é válido também para outros hábitos, como tomar banho com os filhos ou famílias que costumam ficar peladas dentro de casa. Ou seja, o filho precisa saber que essas não são práticas comuns fora dali", recomenda Deborah.
Nesse sentido, ela observa que a compreensão para a criança pode ser difícil. "É importante a reflexão da família sobre até que ponto vale insistir nisso, se a cabeça da criança começar a ficar muito confusa" pontua.
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