Manuela Dias promete manter 'mambo caliente' e 'não transo violência' na nova 'Vale Tudo'
'Não faz sentido abrir mão dessas potências', comenta autora do remake da trama de 1988
Manuela Dias, 48, desconversa sobre quem será o novo autor da morte de Odete Roitman, personagem emblemática da teledramaturgia brasileira, no remake de "Vale Tudo", que estreia na segunda-feira (31) na Globo. "Eu!", brinca quando perguntada pelo F5.
Se essa é uma decisão que a autora guarda a sete chaves, há outras que ela já se sente mais à vontade de compartilhar. Como o fato de que vai, sim, usar algumas das frases marcantes da trama original de 1988. O público pode esperar, por exemplo, Heleninha Roitman (Paolla Oliveira) pedindo para "botar um mambo caliente".
"A novela tem construções e imagens tão marcantes que não faz sentido abrir mão dessas potências", avalia a autora, que está trabalhando em cima do texto original de Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères.
A menos de uma semana da estreia do remake, Manuela afirma que está mais tranquila do que imaginava. No entanto, conta que está aberta a qualquer superstição que vá beneficiar o projeto. "Se você tiver alguma sugestão, me diga agora, que eu uso ou faço!", brinca. Confira abaixo os principais trechos da entrevista.
Acredito que os principais desafios para quem escreve um remake são manter muitos elementos da primeira versão —que fizeram a trama ser um sucesso— e, ao mesmo tempo, buscar novidades para surpreender o público. Quem vai matar Odete Roitman? Você já escolheu?
Mas assim, direto? (risos)... Eu! Brincadeira. Ainda não decidi. Tenho que ver com minha equipe e todas as minhas parcerias. "Vale Tudo" é realmente um trabalho de grupo, e nós estamos empenhados em fazer a melhor novela possível para entregar ao mundo.
Não vão faltar as icônicas cenas das frases "bota um mambo caliente", "eu não transo violência" e "o Brasil é um país de jecas; ninguém aqui sabe usar talher de peixe"?
Não! Fazer um remake de "Vale Tudo" é como filmar "E.T. - O Extraterrestre" [do diretor Steven Spielberg, 1982]. Você vai colocar o ET cruzando a lua de bicicleta. Não importa quais sejam as outras mudanças. É lógico que teremos o "mambo caliente" da Heleninha, o "não transo violência" do César e "o Brasil é um país de jecas" da Odete. A novela tem construções e imagens tão marcantes que não faz sentido abrir mão dessas potências.
O que, por exemplo, não vai ter?
O trabalho infantil. Na época, não era considerado um problema, mas hoje é. A Raquel contratava menores de rua para vender sanduíches na praia, e a gente não quer ver isso na novela. É inaceitável. Então, há muitas adaptações necessárias —e no melhor sentido da palavra. Adaptar para dialogar e trazer o público para dentro da obra.
Qual foi sua reação ao saber que seria a responsável pelo remake, uma das produções centrais dos 60 anos da Globo? Isso te assustou, te impulsionou ou os dois?
Acho que os dois, sem dúvida. É um superdesafio e, ao mesmo tempo, uma oportunidade. Quando o José Luiz Villamarim [diretor do Núcleo de Teledramaturgia da Globo] me convidou, não houve nem um milionésimo de segundo de eu responder: "Sim, eu quero muito, pelo amor de Deus". Sinto que passei a vida me preparando para isso. Vou fazer 30 anos de Globo e, mais do que tudo, sei que nunca estou sozinha.
Um autor sempre tem um personagem preferido. Você tem?
Tenho medo de dizer e outro personagem ficar chateado comigo.
Ah... Mas então tem?
Tenho vários! É uma delícia escrever para a Maria de Fátima, para a Odete, para a Heleninha, para a Raquel, para o César... Não sei! Estou muito apaixonada por eles, então está difícil escolher um só.
Aguinaldo Silva disse em uma entrevista recente que você não conversou com ele sobre o remake, mas que entendeu sua decisão. O que achou disso?
Olha, sinto que estou falando com o Aguinaldo, com o Gilberto Braga e com a Leonor Bassères diariamente. Não o conheço pessoalmente, mas será um prazer. Ele é um ídolo para mim, escreveu muitas novelas que assisti, sucessos que ajudaram a forjar a identidade do Brasil e a nossa linguagem de teledramaturgia.
A novela será mais ousada? Terá cenas mais quentes?
Espero que não seja uma decepção nesse sentido. Mas não estamos investindo nessa exposição da sensualidade ou no corpo dos atores. Estamos investindo mais no envolvimento, na trama. Claro que há sensualidade, mas é uma novela que poderemos assistir junto da nossa avó sem constrangimentos.
Você escolheu todos os atores do elenco? Houve alguém que te surpreendeu?
Eu escolhi todos. Não faço nada sozinha, e tenho uma parceria absoluta com o Paulinho Silvestrini. Juntos, alinhamos tudo com o Villamarim. Enquanto, para mim, só existia a escalação de "Vale Tudo", para a emissora havia três novelas no ar e outras três por vir. É um sistema complexo, um processo complicado. Durou um ano e deu tudo certo. Não tem ninguém ali que não tenhamos querido muito, batalhado. Todos foram escolhas certeiras.
Você tem alguma superstição para o primeiro capítulo? Usa alguma cor específica, tem um ritual ou uma mania?
Se você tiver alguma sugestão, me diga agora, que eu uso ou faço! (risos).
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