Apresentador acusado de usar Record para dar 'golpe do Pix' processa emissora
Marcelo Castro, hoje na TV Aratu/SBT, alega que sofre perseguição da empresa de Edir Macedo e pede R$ 56 mil
O jornalista Marcelo Castro decidiu processar a Record. O apresentador policial, hoje na TV Aratu, afiliada do SBT na Bahia, é acusado de usar a estrutura da Record para desviar doações feitas por Pix para pessoas pobres que apareciam no programa Balanço Geral, quando ainda trabalhava na TV de Edir Macedo.
O F5 teve acesso aos documentos da ação, que correm no Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA). Marcelo diz que a sua imagem foi usada irregularmente, e que a Record tem o perseguido com reportagens sobre o caso em programas nacionais.
Marcelo também deseja que a Record seja obrigada a tirar do ar os links de internet de reportagens exibidas no Domingo Espetacular e no Jornal da Record que contem a história do caso do Pix. Ele pede um pagamento de indenização por danos morais de R$ 56 mil.
Procurada para falar sobre a nova ação, a defesa de Marcelo Castro diz apenas que "continua, veementemente, sustentando a inocência dos dois jornalistas, e acreditando fielmente na mais lídima justiça do estado da Bahia".
Na semana passada, a Justiça da Bahia aceitou denúncia do Ministério Público e tornou Marcelo Castro réu por formação de organização criminosa e apropriação indevida. Foi determinado também o bloqueio de bens em seu nome para recuperar o dinheiro desviado.
O suposto esquema foi descoberto em março de 2023, após o jogador de futebol baiano Anderson Talisca, atualmente no Al-Nassr, decidir fazer uma doação de R$ 70 mil ao assistir uma reportagem.
O dinheiro seria doado para a família do menino Guilherme, de 1 ano, que fazia um tratamento de câncer e precisava da quantia para comprar um medicamento para tratamento dos tumores.
Em contato com Marcelo Castro, contudo, um assessor do jogador percebeu que o número do Pix repassado para doação –que pertencia a uma pessoa da família da criança– não era o mesmo que apareceu na televisão durante a exibição da reportagem.
O caso acendeu o alerta da emissora, que instaurou um procedimento interno e protocolou uma notícia-crime para que o caso fosse investigado pela polícia. Dias depois, a Record Bahia demitiu Marcelo Castro e Jamerson Oliveira. A criança mostrada na reportagem morreu semanas depois da exibição do programa.
Nesse período, eles teriam arrecadado mais de R$ 540 mil em doações e se apropriado de 75% do montante, cerca de R$ 410 mil. Apenas R$ 135,9 mil foi devidamente repassado às vítimas que tinham seus dramas pessoais expostos na versão baiana do Balanço Geral. A Justiça diz que mais de R$ 1 milhão passaram pelas contas de Marcelo Castro.
Após a demissão, Marcelo Castro e Jamerson Oliveira criaram o site Alô Juca, que virou sucesso nas redes sociais. Com o êxito, foram contratados pela TV Aratu, afiliada do SBT na Bahia, para produzirem um programa policial na hora do almoço.
A atração dobrou os índices de audiência e já chegou a picos de 11 pontos na Grande Salvador, vencendo Globo e Record por alguns momentos. Cada ponto de Ibope equivale a 86 mil telespectadores na capital baiana.
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