'Ilha de Ferro' leva sexo e ação para a TV: 'Tom provocativo e ritmo acelerado'
Maria Casadevall fala sobre personagem que tenta se impor em ambiente machista
Maria Casadevall fala sobre personagem que tenta se impor em ambiente machista
Cheia de adrenalina e sexo, a série “Ilha de Ferro” faz sua estreia nas noites da Globo a partir desta segunda-feira (9). Escrita por Max Mallmann e Adriana Lunardi, a trama tem duas temporadas já disponíveis no Globoplay.
A narrativa principal gira em torno de homens e mulheres que a cada duas semanas embarcam em uma plataforma petrolífera em alto-mar. E é nesse cenário que veremos sequências de ação e cenas quentes.
Muitas dessas cenas íntimas são protagonizadas pelos personagens de Maria Casadevall, 33, e Cauã Reymond, 41. Enquanto a gerente da plataforma, Júlia, tenta mudar a mente machista da maior parte dos funcionários, acaba se apaixonando por Dante, o coordenador de produção que vira e mexe questiona a capacidade dela em comandar a PLT-137.
“A série tem um tom provocativo, um ritmo acelerado e uma estética realista. Portanto, as cenas de sexo fazem parte dessa linguagem proposta, que muitas vezes pode gerar certo desconforto e levar à reflexão. É assim que eu espero que a série seja recebida pelo público”, diz a atriz.
A parceria profissional com Cauã, aliás, começou muito antes de as cenas quentes serem gravadas. Ela também foi construída durante os treinamentos anteriores às filmagens, quando atores se expuseram a dificuldades reais como saltar de uma plataforma de cinco metros de altura para simular um salto em alto-mar ou, ainda, quando passaram pela simulação de uma queda de helicóptero.
“Naquele primeiro momento, nós dois aproveitamos para que nossos personagens pudessem desenvolver e colocar em prática suas habilidades, mostrando capacidade e desenvoltura para gerenciar uma plataforma, já que esse era o ponto de partida do conflito estabelecido entre os dois”, conta Maria Casadevall.
Na história, Júlia chega para comandar a plataforma almejada por Dante. Porém, o que se vê é uma espécie de jogo de gato e rato, mesmo após o flerte. Entre brigas e paixões, eles parecem se encontrar. Mas Dante tem uma mulher em terra firme.
Com o desenrolar da trama, o drama começa a permear a violência de gênero, por Júlia ser mulher e ocupar um cargo de autoridade na plataforma. Defensora de pautas feministas, Maria Casadevall diz acreditar que, caso sua personagem fosse transportada para a realidade atual do país, também sofreria com o preconceito.
“Júlia é uma personagem contemporânea que já desfruta de uma série de conquistas feitas pela luta coletiva de outras mulheres na história. Acho que ela seria encarada [hoje] como de fato a encaram na série, com hostilidade, sendo questionada sobre suas capacidades em ocupar um cargo de responsabilidades."
E continua: “Ela lidaria com o questionamento permanente dos homens sobre suas decisões tomadas enquanto gerente daquela plataforma, tendo seu direito à sensibilidade negada, sendo descrita pelos homens como ‘louca’ e tendo sua sexualidade exposta como tópico de conversas”, avalia a atriz.
Para entrar com tudo no universo dos petroleiros, o elenco passou por aulas práticas de primeiros socorros, salvamento, resistência e simulações de queda na água, segundo Casadevall. Tudo isso, ela diz, contribuiu para um senso de coletividade e equipe que foi essencial para o entrosamento dos atores.
Na visão da atriz, a mensagem de “Ilha de Ferro” é que, para ocupar espaços de poder dentro de uma estrutura patriarcal e machista, uma mulher branca de privilégios precisa desenvolver consciência crítica de classe e se perceber como sujeita subordinada a uma ordem estabelecida que oprime mulheres.
“E que é preciso buscar ferramentas no coletivo para lutar contra essa opressão e ocupar com dignidade, num ato de resistência, os lugares que você deseja ocupar", afirma.
Uma terceira temporada de “Ilha de Ferro” já estava escrita, mas acabou cancelada. Em 2019, o diretor artístico do seriado, Afonso Poyart, afirmou que a notícia havia surpreendido a todos da equipe. Para Casadevall, a obra está bem amarrada. “Acredito que a dramaturgia da série tenha encerrado um ciclo com dignidade e considero que as histórias dos protagonistas foram contadas de maneira íntegra”, finaliza.
Um triângulo amoroso que envolve Dante (Cauã), Leona (Sophie Charlotte) e o irmão dele, Bruno (Klebber Toledo), dá o tom das disputas em “Ilha de Ferro” fora da plataforma. De acordo com Sophie Charlotte, no início a personagem só tem olhos para o marido Dante. Porém, a distância imposta pelo trabalho em alto-mar faz aflorar em Leona uma série de inseguranças.
“O Bruno, que está sempre perto, acaba ocupando esse lugar. Acho que a questão de atingir o Dante por meio do irmão nem é feita de forma racional, mas passa pela droga, pelo delírio, pelo desespero. São relações muito complexas”, diz ela sobre o comportamento intenso e explosivo de sua personagem.
É a partir daí que Leona se torna uma pessoa autodestrutiva. E sua intensidade a faz perder o foco e a razão.
“Ela se sente sozinha em casa e acaba metendo os pés pelas mãos, cada vez mais. Ela é muito passional, coloca o coração antes da razão e da ética. A Leona se destrói para atingir o outro”, avalia a atriz.
Já Klebber Toledo analisa seu personagem como alguém perturbado. “Ele sempre quis uma família diferente da que ele teve, um irmão diferente, uma mulher que ele amasse. O Bruno está em busca de um alívio, de um sopro de vida que ele nunca vai encontrar porque o buraco está muito dentro dele”, comenta.
A relação entre os irmãos é péssima. “Acredito que o Bruno foi alimentando a dor de inúmeras perdas ao longo da vida, e a principal foi ‘perder’ esse irmão que sempre quis ser o herói enquanto o Bruno estava ali também tentando ser o melhor”, diz.
Com essa rivalidade e a busca pelo mesmo amor, Bruno, que é piloto de helicóptero, será capaz de tudo para derrubar o irmão. “É um cara que tem um objetivo. Se esse objetivo não for conquistado, ele vai resolver o que for necessário para conseguir. E vai até o fim”, conclui Toledo.
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