Globoplay chega à Europa em 2021 e tem 82 programas em desenvolvimento, diz diretor
Grupo Globo quer se expandir globalmente para competir com Netflix e Amazon
A Globoplay deve estar disponível em toda a Europa até o final de 2021, como parte do plano de expandir o serviço de streaming brasileiro para todo o mundo. Quem avisa é Erick Brêtas, diretor de produtos e serviços digitais do Grupo Globo, em entrevista ao site especializado americano Deadline.
"Nosso plano é expandir internacionalmente", afirmou. "Devemos chegar à Europa neste ano, o nosso plano é disponibilizar a Globoplay em todo o mundo. Temos feeds de nossos canais lineares [disponíveis no serviço digital] que são adaptados a fusos horários individuais."
De acordo com ele, a empresa caminha para fundir as operações digitais de todos os seus negócios com o objetivo de se preparar para um futuro digital, no qual seus principais concorrentes serão empresas como Netflix e Amazon.
Brêtas conta que a estratégia é entrar nas casas por meio dos brasileiros que moram no exterior. "Nossa estratégia internacional é não ocupar o espaço das grandes plataformas", disse. "É para atender os expatriados brasileiros. O que estamos descobrindo, no entanto, é que muitos desses brasileiros estão em famílias internacionais, e as pessoas começaram a nos pedir para legendar programas para que as famílias possam assistir juntas. Isso estende nosso conteúdo a um público mais amplo."
Ele também avalia que os gigantes do setor, como Netflix, Amazon e Disney+, não vão canibalizar esses serviços menores. "Acho que esses serviços vão conviver com os grandes serviços dos EUA, porque não acho que as empresas dos EUA serão capazes de produzir conteúdo local com a mesma qualidade e com o mesmo entendimento dos mercados nacionais que os atores locais", comentou. "Minha convicção pessoal é que veremos a coexistência de serviços de streaming locais e globais. Mas não posso prever quantos permanecerão dessas guerras fumegantes, é difícil sustentar os mercados onde você tem 12-15 serviços."
Por outro lado, é justamente em parceria com esses serviços locais que a Globoplay planeja estreitar laços. "Uma das maneiras pelas quais queremos que nosso conteúdo atinja públicos mais amplos é buscando parcerias com serviços de streaming globais ou regionais", explicou. "A ideia é estreitar nossos relacionamentos trocando conteúdos ou, em alguns casos, coproduzindo. Você verá mais disso. Embora todo mundo esteja falando sobre os serviços de streaming dos EUA, estamos vendo cada vez mais serviços relevantes nos mercados nacionais, como nós."
Sem revelar o número total de assinantes (em evento para o mercado antes da feira de tendências de mercado de conteúdo Natpe, a Globo afirmou ter 30 milhões de usuários pagantes e mais de 101 milhões de cadastrados ao todo), ele afirma que o serviço teve um crescimento de 89% em 2020 com relação ao ano anterior e alcançou um número de 100 milhões de horas transmitidas todos os meses.
"Achamos que em algum momento de 2020 fomos os que mais crescemos [entre os serviços de streaming no Brasil]", afirmou. "É difícil dizer porque as empresas não divulgam seus números reais. Às vezes, programas específicos significam que os assinantes aumentam em um determinado mês, oscila muito."
Além da pandemia, um dos responsáveis pelos bons números de 2020 foi o Big Brother Brasil. "Algumas pessoas tendem a sair depois que o programa acaba, mas outras permanecem porque são atraídas pelo conteúdo geral das séries, filmes e novelas", contou.
Com relação aos conteúdos, Brêtas disse que há no momento 82 programas sendo filmados ou em desenvolvimento. "Lançamos 13 originais no ano passado, apesar das dificuldades da pandemia, e cinco deles eram grandes dramas", disse. "Os originais são a peça mais importante de nossa estratégia agora."
Ele cita a segunda temporada de "Verdades Secretas" como a principal aposta de 2021. "Foi tão popular que a segunda parte será lançada em streaming porque acreditamos que vai impulsionar nossas assinaturas", revelou.
Sobre a retomada das gravações, ele diz que elas estão começando, de forma mais lenta. "Estamos produzindo 30% a 40% do que normalmente produziríamos em um dia", avaliou. "Quando tivermos a vacina é quando voltaremos com força total."
No Brasil, alguns dos serviços globais de streaming tentaram avançar, mas houve casos em que o elenco pegou a Covid e eles tiveram que encerrar as produções. Não é fácil ir a todo vapor neste momento.
"Tivemos um caso em um programa específico em que a logística era tão complicada que o custo aumentaria para 120% a mais do que o orçamento original, então, nesse caso, suspendemos —não cancelamos", avisou. "Em outros casos, estamos absorvendo os custos crescentes."
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