Adriana Esteves diz que trio protagonista de 'Amor de Mãe' foi 'rico e necessário'
'Fiquei bem satisfeita e me emocionou muito', diz atriz sobre final de Thelma
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“Amor de Mãe” (Globo) chega ao fim nesta sexta-feira (9) como uma vitoriosa. A primeira novela da autora Manuela Dias colecionou percalços e dúvidas, mas se recuperou, terminando a trama de forma dinâmica e com audiência em elevação.
Em suas cinco últimas semanas, a trama registrou média de 32 pontos de audiência na Grande SP (cada ponto do Kantar Ibope equivale a 76 mil domicílios) e 34 na região metropolitana do Rio de Janeiro, onde cada ponto corresponde a cerca de 50 mil domicílios.
Apesar de não superar "A Dona do Pedaço" (Globo, 2019), última novela inédita no horário, que teve média de 36 pontos em SP —na ocasião, cada um valia por 73 mil domicílios—, os números superam as patinadas iniciais da trama, que custou a atingir os 30 pontos.
O esperado encontro de Lurdes (Regina Casé) com o filho Domênico (Chay Suede) aconteceu antes do final e já garantiu o pico de 44 pontos no Rio na última terça (6), a maior audiência de uma novela das 21h desde 22 de novembro de 2019. Em SP, ela marcou 35 pontos, a terceira maior audiência da trama.
Mas o Ibope não foi a única provação de “Amor de Mãe”. Após dificuldades para emplacar, ela foi surpreendida pela pandemia da Covid-19, que forçou a paralisação em março do ano passado, após 102 capítulos transmitidos. Manuela Dias diz que teve medo de não voltar. “Uma história sem fim é uma história que nunca existiu”, afirma.
“Primeiro meu medo não se canalizou para a novela. A primeira preocupação foi com as milhares de pessoas que estavam morrendo de uma doença desconhecida. Só depois eu comecei a pensar em como e se conseguiríamos terminar de gravar”, relembra a autora.
A saída encontrada para “Amor de Mãe” retornar dentro do protocolo de segurança exigido pela doença foi incluí-la na novela. O que especialistas apontam como um grande ganho para a trama, que já tinha um toque bastante realista e até pessimista.
“Incluir a realidade na ficção é uma característica das nossas produções. Não daria em uma trama de época ou cômica, mas dentro da proposta de ‘Amor de Mãe’ esse tom realista foi muito bem-vindo”, diz Mauro Alencar, doutor em teledramaturgia pela USP (Universidade de São Paulo).
Ele compara ainda a experiência de “Amor de Mãe” ao transplante de coração incluído no roteiro do folhetim “Redenção” (TV Excelsior, 1966-1968), logo após o primeiro registro de uma cirurgia do tipo na medicina e com imagens reais da operação.
“A autora consegue dialogar com a sociedade”, completa Claudino Mayer, doutor em ciência da comunicação e professor da UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso). “Ela aborda a questão das aglomerações, a importância da máscara e de lavar as mãos, e transforma a novela em registro. Quando perguntarem ‘como era a pandemia?’ essa novela vai poder mostrar.”
Os especialistas afirmam que nem os erros, como informações defasadas sobre a transmissão da doença, diminuem a importância do registro. “A novela é escrita no calor da hora, com fatos extraídos dos noticiários, então é passiva de erro, e você pode, sim, corrigir no dia seguinte”, afirma Alencar.
Além de incluir a pandemia, "Amor de Mãe" também conseguiu acertar o timing e dividir a trama em duas fases, deixando acontecimentos fortes para marcar o final de uma e dar início a outra. Além disso, o ritmo ficou mais dinâmico, a emoção mais elevada.
"Essa foi uma mudança muito positiva, com coisas mais subjetivas, captadas no contexto. Virou um novelão", afirma Mayer, creditando a mudança ao encurtamento da novela, que teve os 40 capítulos faltantes transformados em 23, que foram ao ar agora, após duas semanas de retrospectiva.
Com o reencontro de Lurdes e Domênico, o final mais esperado agora é o desfecho de Thelma (Adriana Esteves), que depois de muitas maldades não conseguiu evitar o encontro de seu filho com a mãe biológica. Mas quem esperava uma saída de cena da destemperada vilã se enganou.
O desfecho ainda é segredo, mas Adriana Esteves já afirma que gostou: “Fiquei bem satisfeita e me emocionou muito. Não posso falar, senão vou dar spoiler e me emocionar. Fica bonito. Ela é doida e vilã, mas tem uma coerência e beleza no final, bem no final.”
Dona de personagens emblemáticos, como Carminha, de “Avenida Brasil” (2012), a atriz elege Thelma um de seus papéis mais complexos. “Ela evolui em suas dores, medos, ressentimentos. Tomada pela absoluta solidão, tem atitudes de extrema irracionalidade.”
Dividindo o protagonismo com Lurdes e Thelma, Vitória (Taís Araujo) também chega ao final com o destino incerto. Antes perto de seu final feliz, ela chega agora ao último capítulo com o risco de perder o marido Raul (Murilo Benício), rendido por Álvaro (Irandhir Santos) em sua tentativa de fuga.
Até a maternidade, que transformou a personagem ainda na primeira fase da trama, acabou sendo abalada pelo aparecimento da mãe biológica de Tiago (Pedro Guilherme Rodrigues) disposta a retomar a guarda do menino. O desfecho ficou para a grande final desta sexta.
Para Esteves, ter três mulheres fortes e diferentes entre si dividindo o papel de protagonista de “Amor de Mãe” foi um momento “rico e necessário”. "Vejo a mulher crescendo dentro e fora da tela. Eu, Taís e Regina fizemos realmente um trio nessa novela."
“A nossa parceria não foi só profissional, foi uma parceria de vida, de troca entre mulheres. A nossa união foi muito feliz. E espero que seja para sempre, quero muito trabalhar de novo com elas”, afirma Esteves.
Já Manuela Dias diz que o sentimento é de dever cumprido. “Aos 44 anos, já aprendi que o processo é tão ou mais importante que o produto. São quase quatro anos da minha vida dedicados a essa história, e eu não economizei em nada. Dei tudo de mim: energia, sonho, suor, trabalho, empenho, lágrimas, risadas, tempo…”.
Após a sensação de normalidade trazida pelos episódios inéditos de "Amor de Mãe", o telespectador terá que voltar às reprises, já que o agravamento da pandemia levou a uma nova suspensão das gravações de novela nos Estúdios Globo.
A escolhida da vez é "Império" (Globo, 2014-2015), que conta a história de José Alfredo (Chay Suede/ Alexandre Nero), que deixa Pernambuco rumo ao Rio de Janeiro e constrói um império ao lado de Maria Marta (Adriana Birolli/ Lilia Cabral).
A fortuna da família, no entanto, gera ambição e rivalidade entre os filhos do casal, José Pedro (Caio Blat), Maria Clara (Andreia Horta) e João Lucas (Daniel Rocha), principalmente após a descoberta da primogênita de José Alfredo, Cristina (Leandra Leal).
Escrita por Aguinaldo Silva, "Império" é a terceira novela a ser reprisada na faixa das 21h da Globo devido à suspensão das gravações durante a pandemia da Covid-19. A trama venceu o Emmy Internacional na categoria melhor novela em 2015.
Especialistas avaliam como boa a escolha de "Império" para substituir "Amor de Mãe". "Foi um acerto muito grande. Não daria para escolher outra [novela com formato] tão experimental. Nessa hora, quando tem que repetir na urgência, as emissoras buscam acertos clássicos", diz Mauro Alencar.
"Depois de tantas trevas, foi o melhor aceto. Aguinaldo [Silva] fortalece o estereótipo do mocinho, que sonha com ouro, tem o rapaz bonito, a mocinha bonita, o vilão clássico. A audiência vai subir", afirma Claudino Mayer, que no caso de uma nova reprise aposta em "Paraíso Tropica" (Globo, 2007).
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