Camila Pitanga diz que 'Aruanas' é história necessária sobre ferida aberta do Brasil
Atriz defende que população conheça 'heróis anônimos que lutam pela terra'
Camila Pitanga, 42, rivaliza com heroínas fortes na série "Aruanas", da Globo. Na produção, as personagens de Thais Araujo, Leandra Leal, Débora Falabella e Thainá Duarte são engajadas na defesa do meio ambiente e se expõem a risco, enquanto lidam com as artimanhas da arquirrival Olga, lobista contratada pelo também vilão Miguel (Luiz Carlos Vasconcelos), para pressionar o Congresso a extinguir uma reserva florestal na Amazônia.
"Eles se enxergam como iguais, se interessam como iguais, mas ele é o chefe. Ela não mede esforços para valer o seu apetite por poder", afirma Pitanga sobre sua personagem e o de Vasconcelos. "Eles não consideram nada a sua frente, são míopes da sua própria condição de humanidade. Estamos falando de uma luta que de um lado não há ética. Acho que é muito importante a gente compreender que quem sofre dessa miopia não dá valor ao patrimônio de humanidade que a Amazônia representa. É a miopia que mata, que aniquila e que se mata".
No quinto episódio da série, que vai ao ar nesta terça-feira (26) e já está disponível no Globoplay, Natalie (Débora Falabella) e Gregory (Gustavo Vaz) encontram uma tribo indígena que foi atacada e ajudam os sobreviventes. Para limpar sua imagem, Miguel resgata a todos e os leva para posto de proteção.
"É uma série que foi escrita por ativistas, que teve acompanhamento próximo, íntimo, de pessoas do Greenpeace...Era necessário contar essa história", acrescenta a atriz. "Ficou mais agudo o quanto essa ferida aberta do nosso país precisa ser cuidada. Isso tem a ver com defender o ativismo no nosso país e, para defender, as pessoas precisam conhecer quem são estes heróis anônimos que lutam pela terra, pela vida".
CONFIRA A ENTREVISTA COM CAMILA PITANGA SOBRE 'ARUANAS':
Quem é a Olga?
A Olga é um enigma nesta temporada. A gente conhece pouco do que é pessoal da personagem. Sabemos dela através desse negócio que é feito entre ela e o Miguel. Eu vejo a Olga como uma representante do capital, ao contrário das Aruanas, que são preocupadas com a preservação da natureza, principalmente da Amazônia. A Olga está preocupada em ganhar mais um jogo. Ela é uma mulher rica, já tem grana. Não é por sobrevivência que ela faz o que faz.
Como foi a preparação para viver Olga?
Essa androginia, essa coisa mais escorregadia e dúbia, tem muito a ver com esse texto da série. A Olga tem uma solidão, mas também tem um amor, uma outra atmosfera. Eu fui tentando elaborar essas facetas para uma personagem que é quase uma esfinge nessa primeira temporada. Eu não me baseei em nenhum personagem prévio. Mas eu tenho muitos personagens em mim, vilãs e heroínas como referência.
Como é a relação de Olga com as Aruanas?
As mulheres da Aruana são pedras no sapato da Olga... Vai-se criando uma rivalidade, principalmente com a Verônica. Como se fosse um espelho ao contrário, porque a Verônica também é advogada e representa em termos de valores o oposto da Olga. Elas vão se tornando arquirrivais, porque em nome de cuidar dos remanescentes indígenas e dos rios que estão sendo contaminados pelo garimpo, trava-se uma disputa que parte para o pessoal.
E com o vilão Miguel? O que eles representam na sociedade?
Eles se enxergam como iguais, se interessam como iguais, mas ele é o chefe. Ela não mede esforços para valer o seu apetite por poder. Miguel e Olga cuidam de seu feudo e dos seus interesses, são individualistas. Eles não consideram nada a sua frente, são míopes da sua própria condição de humanidade. Estamos falando de uma luta que de um lado não há ética. Acho que é muito importante a gente compreender que quem sofre dessa miopia não dá valor ao patrimônio de humanidade que a Amazônia representa. É a miopia que mata, que aniquila e que se mata. São personagens que não se veem dentro da condição humana.
Você acha que a vilã Olga pode ser um alerta em defesa ao meio ambiente?
Anterior à minha alegria de ter o personagem, tinha a missão e a compreensão de que era uma possibilidade de poder acordar pessoas para o que é o ativismo no Brasil. Uma série que foi escrita por ativistas, que teve acompanhamento próximo, íntimo, de pessoas do Greenpeace...Era necessário contar essa história. Ficou mais agudo o quanto essa ferida aberta do nosso país precisa ser cuidada. Isso tem a ver com defender o ativismo no nosso país e, para defender, as pessoas precisam conhecer quem são estes heróis anônimos que lutam pela terra, pela vida.
Comentários
Ver todos os comentários