Assassinato de Odete Roitman vai ao ar nesta segunda, em reprise de 'Vale Tudo', no Viva
Novela de 1988 segue atual ao falar dos problemas do país
Para uma noveleira que se preze, nunca ter visto o assassinato de Odete Roitman, em "Vale Tudo", é fato vergonhoso. Confesso. Sou quase uma criminosa. Em minha defesa, eu tinha apenas seis anos quando a morte da vilã foi ao ar pela primeira vez, em plena véspera de Natal, de 1988.
Mas nesta segunda (28), já na virada para terça, esse erro será reparado. Exatamente à meia-noite, estarei na frente da TV para acompanhar a famosa cena, que vai ao ar pelo canal Viva, que também exibe o capítulo mais cedo, às 15h30.
Sim, conheço todo o enredo e já vi os três tiros atingindo a megera em vídeos na internet. Sei até quem matou Odete Roitman. Mas é a primeira vez que acompanho a novela inteira, do início ao fim. E que novelão! Arrisco a dizer que é a melhor apresentada hoje na televisão –superior às inéditas , "O Sétimo Guardião", "O Tempo Não Para" e "Espelho da Vida", da Globo; e "Jesus", da Record.
Como já disse o crítico MaurIcio Stycer, é também, apesar de seus 30 anos de exibição, a mais atual.
Tirando o uso de ombreiras exageradas da mocinha Raquel (Regina Duarte) e o vestido bolo de noiva da mau caráter Maria de Fátima (Gloria Pires), quase tudo continua igual.
O Brasil ainda é o país da crise econômica, do desemprego, da violência e da corrupção. Muitos dos ricos não têm qualquer ética, mas insistem em pregar uma falsa moral. Enquanto isso, pobres trabalhadores se matam diariamente para conseguir sobreviver.
É, a trama de Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères não enrola. Mostra que a vida não é justa mesmo –lembra da banana que Marco Aurélio (Reginaldo Faria) faz ao deixar o Brasil com os dólares que roubou?
Mas a novela também passa a mensagem de que, talvez, mesmo não valendo a pena ser honesto no país do "jeitinho", as pessoas que escolhem esse caminho são mais felizes, a exemplo dos personagens Raquel, Eunice (Íris Bruzzi), Bartolomeu (Cláudio Corrêa e Castro), Poliana (Pedro Paulo Rangel), entre outros. Elas não têm o peso da culpa na consciência.
Como diria Cazuza (1958-1990) na música que abre a trama na voz de Gal Costa, "Brasil! Mostra tua cara!"
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