Loma e as Gêmeas Lacração buscam repetir sucesso de 'Envolvimento' e querem cantar com Lexa
Trio pernambucano lança novas faixas após ter shows cancelados pela Justiça
Trio pernambucano lança novas faixas após ter shows cancelados pela Justiça
Foi numa noite normal, em meio a risadas e rimas aleatórias, que três adolescentes criaram o hit do Carnaval de 2018. A música “Envolvimento” foi o caminho para que o trio ficasse conhecido em todo o país e dividisse o palco com artistas já bem conhecidos, como Anitta, 26.
Passados dois anos, Paloma Silva Santos, 17, e as gêmeas Mirella e Mariely Santos, 20, afirmam que buscam inspiração para repetir o sucesso. “Foi uma coisa incrível. Quando as coisas têm que acontecer elas acontecem”, avalia Mirella, que compõe as canções do trio ao lado da irmã.
MC Loma e as Gêmeas Lacração, como eram chamadas, deixaram Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, após o sucesso, e hoje vivem na capital paulista. Loma também abandonou o MC que vinha antes do apelido e confessa que nunca conseguiu tirar uma rima como os MCs: “Foi só pra tirar onda”, diz, aos risos.
Mas as músicas não mudaram. O bregafunk continua a ser a identidade das três, que agora buscam misturar com outros ritmos, como o pop e até o reggaeton. Os últimos lançamentos, no entanto, mantêm o estilo, os gritos e o rebolado de "Envolvimento", apesar de Loma dividir por um momento os vocais com suas escudeiras.
As apostas para este Carnaval eram "Quero em Dobro", lançada no final de 2019, e “Predadora”, que saiu no início desse mês –as duas canções não chegaram a figurar entre as mais tocadas durante a folia no Spotify nem no Deezer, segundo levantamento das plataformas de streaming divulgados nesta quinta-feira (27). “É nossa tentativa de dar aos nossos fãs o que eles querem, queria que fosse hit, mas, se a gente não conseguir, a gente tenta de novo no próximo ano”, afirmava Loma antes da folia.
Mas a comemoração das três é, na verdade, pelo retorno aos shows, após passarem quase um ano com impedimento da Justiça. “Depois de tanto tempo parada a gente voltou com ainda mais vontade. A gente quer recomeçar e, para isso, voltamos com mais ideias para compor, ideias para clipes...”, diz Mariely .
A pausa aconteceu por definição da Justiça, por Loma ter ficado fora da escola após o estouro de “Envolvimento”. Para o trio, foram várias situações que a impediram de manter os estudos, como a mudança para São Paulo, falta de vaga em escolas públicas e até mesmo a recusa de escolas particulares em recebê-la como aluna.
“Teve uma escola que disse que não aceitava MC. A diretora olhou na minha cara e falou que aceitava artistas, mas não MC. Na verdade, foram três escolas que disseram isso. Em uma delas, as meninas se vestiam com aquele uniforme igual de ‘Chiquititas’ (SBT, 2013-2015)”, conta a adolescente, sem citar o nome das instituições.
Agora, no entanto, a cantora afirma estar em dia com os estudos, cursando o segundo ano do ensino médio. Apesar de estar longe da mãe, que continua no Recife, ela vive atualmente com Mirella e Mariely e com a mãe das gêmeas. E a carreira? Segue a todo vapor, com planos de um EP ainda neste primeiro semestre de 2020.
“Aconteceram algumas coisas que deixaram a gente muito triste, nós pensamos em desistir. Queria nossa vida antiga de volta, chorava todo dia, longe da família, sem confiar em ninguém aqui. Mas depois, graças a Deus, aos nossos fãs e a nossas famílias, a gente conseguiu voltar”, conta Mariely.
Mas quais foram esses problemas? O trio afirma que, além da escola de Loma, ainda teve alguns conflitos com empresários quando chegaram a São Paulo, além da saudade que tinham de casa. Foram meses de indefinições, até pegarem suas economias e produzirem sozinhas a música “Malévola” (2019).
Um perrengue muito diferente do que passaram ao lançar “Envolvimento”. Na ocasião, elas gravaram o vídeo e postaram nas redes sociais de brincadeira. Já era a segunda vez que faziam isso, mas não esperavam a repercussão. “A gente acordou e todo mundo só falava nisso. Tinha gente esperando na frente de casa”, recorda Mirella.
“Em todo lugar estava tocando nossa música. Eu andava e tinha uma pessoa tocando aqui, daqui a pouco outra tocando ali. Nas lojas dos shoppings, na feira, onde a gente passava as pessoas queria tirar foto”, completa Loma.
E agora que voltaram, os planos não param. O trio tem na ponta da língua seus sonhos profissionais, que incluem parcerias com a funkeira Lexa e com o DJ Pedro Sampaio, uma turnê internacional e até uma apresentação no Rock in Rio, daqui uns cinco anos: “Se for para passar vergonha, que seja mundial”, brinca Loma, aos risos.
Apesar das mudanças dos últimos anos e dos planos para o futuro, tanto Loma quanto as gêmeas Mirella e Mariely afirmam não terem medo de que isso acabe. “A gente gosta muito de tudo isso, mas a gente consegue ser feliz com pouco também. Tendo saúde e tendo uma a outra a gente consegue ser feliz”, afirma Mirella.
Mesmo viajando e fazendo shows, elas dizem que continuam com muitos hábitos que tinham antes da fama, como comer espetinho e andar de bicicleta na rua. Segundo elas, tudo que aconteceu até agora foi como uma preparação para algo maior, que possa ajudá-las a mudar a vida de seus pais.
“Mas se tudo acabar, tudo bem também. Antes da fama eu sempre falava que sempre seria nós três, não ia conseguir nunca me separar delas, então o mais importante é isso. Prefiro com certeza nossa amizade a qualquer sucesso”, afirma Loma, que cantava na igreja antes do sucesso de “Envolvimento”.
As três até cultivam alguns planos para o futuro bem distantes da música. Elas afirmam que pensam em fazer faculdade e se tornarem empreendedoras. Mariely até já deu o primeiro passo e inaugurou um salão de beleza, junto de uma amiga, na região de Pinheiros, zona oeste de São Paulo.
"Se nada disso tivesse acontecido, a gente provavelmente estaria fazendo faculdade, as três juntas. Talvez psicologia ou educação física. Antes disso tudo, a gente já estava até começando nossa loja virtual de biquíni e estava dando supercerto. A gente ganhou R$ 5.000 em um mês, eu já falava que estava rica”, diz Loma, em tom de brincadeira.
"Era isso que a gente estaria fazendo se ‘Envolvimento’ não tivesse estourado: nosso projeto, amigos, praia, nossa vida sempre foi assim, curtir muito. E com a música também é assim, é coisa séria, mas a gente também se diverte. Você tem que trabalhar numa coisa da qual goste, e que você não tenha preguiça de fazer."
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