Estilo

Karlie Kloss deixa Victoria's Secret e reacende debate sobre diversidade e feminismo na marca

Empresa já foi cobrada por desfiles sem modelos trans e plus size

Karlie Kloss na passarela
Karlie Kloss na passarela - Gonzalo Fuentes/Reuters
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São Paulo

A modelo Karlie Kloss, 26, alegou deixar a Victoria's Secret para "ser uma feminista melhor" e abriu discussão sobre o assunto entre outras angels.

Em uma entrevista com à Vogue britânica divulgada na semana passada, Kloss revelou: “Parei de trabalhar para a Victoria's Secret porque não sinto que essa era a imagem que refletia quem sou eu", disse a modelo, que é a segunda no ranking das mais bem pagas do mundo.

"Quero dizer para jovens mulheres ao redor do mundo o que significa ser bonito. Acho que foi um momento crucial para mim descobrir o meu poder como feminista, sendo capaz de fazer minhas próprias escolhas e minha própria narrativa, seja por meio das empresas com quem escolho trabalhar ou pela imagem que eu coloco para o mundo", completou a modelo.

Cynthia Kirchner, 32, ex-modelo da marca, disse que a Kloss tem direito a falar o que quiser, mas polemizou. "Não sou contra Karlie. O que eu sou contra é morder a mão daquele que te alimenta. Karlie é capaz de ser uma voz agora por causa da Victoria's Secret. Então, se todas essas outras garotas não seguirem o mesmo caminho, elas nunca poderão ser uma voz", argumentou a modelo.

"Você precisa ter uma plataforma, senão ninguém vai te ouvir. Acho que ser uma feminista não é sobre isso. É sobre estar no comando do seu corpo e fazendo o que você quiser", completou.

Kircher também alegou que ela acha que Kloss, que é casada com Josh Kushner –irmão de Jared, que é casado com Ivanka Trump– quer trocar a vida de modelo pela "a de uma primeira dama".

Kloss entrou no Victoria's Secret Fashion Show em Xangai em 2017, após um hiato de dois anos, e em março de 2018 defendeu a marca em uma entrevista ao The Telegraph. "Um programa como o Victoria's Secret é tão relevante no mundo em que vivemos hoje", disse ela na época.

“Há algo realmente poderoso sobre uma mulher que é dona de sua sexualidade e está no comando. Um show como este celebra isso e permite que todos nós sejamos as melhores versões de nós mesmas. Seja usando saltos, maquiagem ou uma linda peça de lingerie", completou Kloss.

OUTRAS MODELOS JÁ PROTESTARAM CONTRA MARCA

No fim do ano passado, a modelo plus size americana Tabria Majors, 28, chamou a atenção de Edward Razek, chefe de marketing da Victoria's Secret, pelo Instagram. Em uma foto vestindo uma lingerie de luxo, ela disse que já passou da hora da marca aderir ao movimento "body positive", que ajuda as mulheres de todos os tipos a amarem seus corpos.

A declaração foi feita em resposta a entrevista concedida por Ed Razek à revista Vogue em que ele disse não ser possível incluir modelos transgênero e plus size no Victoria's Secret Fashion Show, a última edição aconteceu na última quinta (8). "Então Ed Razek, você tentou fazer um desfile plus size há VINTE ANOS e não funcionou? Se ainda não entendeu, #bodypositivity está aqui para ficar! Tente de novo", disparou.

Na última quinta, o site da Vogue publicou uma entrevista com Ed Razek e com Nicole Phelps, vice-presidente de relações públicas da Victoria's Secret. Eles foram questionados sobre a falta de modelos transgênero e plus size no desfile. E a resposta foi "Não acho que teremos esse tipo de modelo, porque esse show é uma fantasia. São 42 minutos de entretenimento".

Alguns meses antes, a Victoria's Secret tentou mostrar que está de olho na diversidade da beleza feminina ao contratar Chantelle Winnie, 26. Artisticamente conhecida como Winnie Harlow, nascida em Toronto, no Canadá, tem vitiligo. Ela descobriu sua doença aos quatro anos.

Em 2017, a piauiense Lais Ribeiro, 27, foi a angel mais aguardada do desfile da Victoria's Secret em Xangai (China). Ela foi a escolhida para vestir o "fantasy bra", sutiã milionário feito com ouro e pedras preciosas e criado em 1996.

Ribeiro é a quarta negra a vestir o sutiã. Antes dela, apenas três modelos haviam usado: Jasmine Tookes, Selina Ebanks e Tyra Banks. "Eu sou negra, brasileira e nordestina. É muito gratificante estar ali", diz a modelo.

Para ela, o momento representou uma quebra de barreiras ao mostrar que a moda acompanha as mudanças que ocorrem na sociedade, respeitando cada vez mais a diversidade. "Hoje existe espaço para negras, plus size, tatuadas e transgêneros."

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