Diversão

Mônica Martelli reestreia 'Minha Vida em Marte' no teatro: 'Sucesso do cinema não traz mais confiança'

Prestes a completar 51 anos, atriz passará aniversário nos palcos

A atriz Mônica Martelli
A atriz Mônica Martelli - Julia Rodrigues
 
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

"Toda vez que subo ao palco é como se fosse a primeira vez", afirma Mônica Martelli, 50, que retorna aos de São Paulo com "Minha Vida em Marte", sob direção de Susana Garcia, irmã da atriz, após a peça se tornar sucesso de bilheteria no cinema. 

Essa é a segunda passagem do espetáculo pela capital paulista –a primeira foi no segundo semestre de 2018. "Sempre há uma expectativa, uma adrenalina e nervosismo, não só por ser uma reestreia, mas por ser ao vivo", avalia  Mônica. "Mas é um 'tenso' bom, não ruim. Estou com saudades de voltar para o palco."

A atriz fica cerca de uma hora no palco sozinha no qual reflete sobre uma mulher em crise. O retorno imediato da plateia, algo que não pôde ter com o filme, a agrada. "Só o teatro me dá o prazer do 'ao vivo'. A peça que eu fizer na sexta nunca vai ser igual à do sábado. Porque a plateia é outra, a energia é outra, e por isso o teatro é vivo. A sensação é impagável."

"Tem uma adrenalina, um frisson e uma responsabilidade muito grande. Aquela plateia que está ali provavelmente nunca assistiu à peça, então a minha missão é ter o mesmo frescor do primeiro dia", completa.

Nos cinemas, "Minha Vida em Marte" conseguiu ter mais de 5 milhões de ingressos vendidos, tornando-se um dos filmes nacionais mais vistos. No entanto, os números não são suficientes para diminuir o nervosismo de Martelli.

"O sucesso do cinema não me traz mais confiança. Eu sempre tenho uma dose de insegurança, mas que acho que é boa", comenta. "Sou confiante pelo produto que eu tenho. Acho que a peça é boa, comunica, tem qualidade e é algo que eu gostaria de entrar no teatro para ver."

Para a atriz, a história é um sucesso justamente por retratar o que ela gostaria de assistir, surgindo de cenas que ela vivencia no seu dia a dia. "Nunca faço uma cena para ser engraçada. Faço para ser real."

Como a protagonista Fernanda, Mônica Martelli já passou por crises conjugais e tomou a decisão de se separar. Seu processo de criação começa aí: depois da situação, ela tem um distanciamento e só então escreve sobre a vivência. A intenção é deixar a parte trágica de lado e criar humor em cima da situação, para que a plateia se identifique pelo riso.

"Enquanto eu estiver vivendo, estarei escrevendo, criando. Na vida, tudo depende do seu olhar. Posso sair na rua e ter histórias o dia inteiro para contar. Estou sempre observando tudo a minha volta e depois transformo isso em histórias."

A identificação também vem do fato da ascensão do empoderamento feminino. A peça foca em uma mulher casada, que toma decisão de se separar aos 45 anos. Segundo Martelli, ainda vivemos em uma sociedade machista, onde as mulheres têm medo de se separar e de ficar sozinhas.

"A peça encoraja as mulheres, de uma certa forma, a irem contra isso. O mais libertador na vida é entender quais são nossos desejos e segui-los. Isso, para mim, é empoderamento.", diz a atriz.

Em 2005, Mônica transformou seus textos em "Os Homens São de Marte... E É Pra Lá que Eu Vou", o primeiro monólogo que foi visto por mais de 2,5 milhões de espectadores e chegou até a Lisboa, depois de passar por mais de 20 estados brasileiros. 

Mônica Martelli e a irmã, Susana Garcia, resolveram criaram "Minha vida em Marte" em 2014. Além da peça e do filme, derivados da história também fizeram sucesso. Em breve, a atriz começa a gravar a quinta temporada de "Os Homens São de Marte", que estreia em março de 2020 no GNT.  Ela também planeja lançar um livro reunindo as duas peças ("Os Homens São de Marte... E É Pra Lá que Eu Vou" e "Minha Vida em Marte") pela editora Record. "Estou atrasada há alguns anos, mas esse ano vai."

Ela e Paulo Gustavo querem fazer "Minha Vida em Marte 2" para estrear em 2021, além de ter um programa da dupla de personagens hilários. "Meu interesse na vida não é criar personagens novos, mas ver o que eu consigo falar com eles. [...] Ainda quero falar de mulheres separadas depois dos 45 anos, sobre estar solteira aos 50... Fernanda vai crescendo junto comigo."

 

ANIVERSÁRIO NO PALCO

Prestes a fazer 51 anos, no dia 17 de maio, Mônica Martelli vai passar o aniversário trabalhando. O que para alguns seria tedioso, para ela é lucro. "Já comemorei muitos aniversários no palco, com bolo e a plateia cantando 'parabéns' para mim. É o ‘parabéns’ mais verdadeiro, o mais forte que eu poderia ter, de alguém que pagou, saiu de casa e veio me assistir", conta.

Fora dos teatros, ela prefere uma comemoração mais intimista e já planeja um jantar com amigos. Recém-saída de uma viagem que fez pelo Pantanal com a filha Júlia, de dez anos, Martelli afirma valorizar os momentos de intimidade. 

"Eu trabalho muito. Quando posso, estou com minha filha. Quando não posso, não estou. E ela sabe que é porque eu trabalho muito; porque eu gosto do que eu faço", diz. "Minha filha vê uma mãe que trabalha, que é disciplinada e dedicada. É isso que quero passar para ela."

Ela brinca que, ultimamente, a fase da criança tem sido a dos famosos slimes. Além disso, a pequena gosta muito de pintar, fazendo até quadros para a mãe. A proximidade é tanta que Mônica fez questão de pedir uma participação especial da filha no final do filme "Minha Vida em Marte", para que "ficasse registrado e para ela ver daqui a 20 anos"

"Minha Vida em Marte"

  • Quando De 3 de maio a 7 de julho, às sextas (21h30), aos sábado (21h) e domingo (18h)
  • Onde Teatro Procópio Ferreira (R. Augusta, 2.823, Cerqueira César, São Paulo)
  • Preço R$ 100 (às sextas) e R$ 120 (sábados e domingos)
  • Classificação 14 anos
  • Duração 70 minutos
  • Capacidade 641 lugares
Final do conteúdo
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem