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X de Sexo Por Bruna Maia
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Conservadorismo está em alta na pornografia, com buscas por recato, modéstia e mórmon

Sem proibidão: esposa tradicional e o sexo dentro do casamento são fetiches contemporâneos

Pornhub: site de vídeos pornográficos divulgou suas estatísticas de tráfego e conteúdo com algumas novidades e antigos fetiches - Ethan Miller/AFP
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Todos os anos em meados de dezembro o site de vídeos pornográficos Pornhub divulga suas estatísticas de tráfego e conteúdo. Esse ano, o termo "demure", que significa recatada, foi o que mais cresceu nas buscas em relação ao ano anterior, com aumento de 133%. Os termos modesty (modéstia) e modest MILF (mãe modesta que eu gostaria de foder) subiram 77% e 45%, respectivamente.

O vídeo pornô com conteúdo "recatado" em geral consiste em uma atriz branca de traços delicados, quase sempre muito jovem, usando roupas de babados ou colegiais, que podem ser tiradas durante o vídeo ou não. É uma estética que remete à inocência, à castidade e a uma transa, em tese, mais suave que a média do universo pornográfico.

Falando em "suavidade" os usuários também estão mais interessados em cenas de sexo simples e autênticas de sexo a dois, em ritmo lento, com troca de carinhos e longos beijos na boca. A diretora da plataforma de educação sexual Pornhub Wellness Center, Laurie Betito, atribui os números à busca de experiências mais significativas e simples.

Enquanto isso, também aumentaram as buscas por "tradwife" (72%), figura que engloba o fetiche masculino por mulheres troféu que sejam boas cuidadoras do lar, além de perfeitamente de acordo com o padrão de beleza.

Curiosamente, a vida sexual dos mórmons, religião que permite a um homem ter várias esposas, também tem chamado atenção dos punheteiros, com "mórmon sex" crescendo 92% e "mórmon threesome", 122%.

Já esta colunista que vos fala não seria benevolente ou otimista ao dizer que o crescimento da busca por esse tipo de conteúdo significa apenas o desejo por sexo com mais carinho e conexão. É a figura feminina casta, recatada e que transa com um homem "especial" e de preferência dentro do casamento que, para surpresa de ninguém, foi materializada em fetiche pornográfico.

Parece que uma mudança cultural com relação à narrativa higienista sobre o casamento está tomando forma. Durante um bom tempo, houve aquela performance bastante boba dos homens de colocarem o casamento como "game over", algo do qual eles deveriam fugir como o diabo da cruz até aparecer aquela mulher de quem não adiantasse mais correr. Nessa lorota, querer casar era coisa de mulher, enquanto homem queria mesmo era sexo.

Na vida real, sabemos bem que o casamento é uma estrutura criada para beneficiar homens, que gozam do trabalho não remunerado da mulher. À medida que fomos nos dando conta disso, eles perceberam que esse privilégio estava ameaçado e o discurso foi mudando.

Agora, achar um grande amor, casar e ter uma esposa aos moldes de antigamente é o desejo manifesto de muitos homens. E isso acontece até nos sites pornô.

E, como o casamento monogâmico não existe sem uma dose de hipocrisia, outro termo muito buscado foi "coworker" (colega de trabalho), com aumento de 92%, mostrando que o recato é para o ambiente doméstico, e, não basta ter uma esposa linda, é preciso ter amante no trabalho.

Feitas essas considerações, vale pontuar que esses termos são tendência mas ainda estão longe de desbancar os mais buscados. Hentai, estilo de animação pornográfica de conteúdos muitas vezes abusivos; MILF, que deveria se referir a mulheres mais maduras, mas na prática engloba qualquer uma que não seja adolescente; pinay, que se refere a mulheres filipinas; lesbian, que geralmente diz respeito a vídeos feitos para o deleite masculino; e anal (autoexplicativo) foram os campeões de tráfego desse ano.

X de Sexo por Bruna Maia

Bruna Maia é escritora, cartunista e jornalista. Autora dos livros 'Parece que Piorou', 'Com Todo o Meu Rancor' e 'Não Quero Ter Filhos', fala de tudo o que pode e do que não pode no sexo.

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